A capa da Folha deste domingo (14) é uma bofetada na cara dos paulistas que ainda votam nos tucanos em São Paulo. Acorda otário! Não aceite ser manipulado. O jornal estampa uma manchete garrafal: “Desperdício de água de SP é quatro vezes o volume poupado”. Na chamada de capa mais sacanagem. “Maior cidade do país exemplifica o despreparo do Brasil para a crise hídrica”. Cidade! Brasil! Nada sobre o PSDB que hegemoniza o Estado há quase duas décadas. Geraldo Alckmin, candidato à reeleição, agradece a ajudinha na reta final da campanha! Se retornar ao Palácio dos Bandeirantes, o governador será ainda mais generoso com milhões em publicidade e na compra de assinaturas do diário.
Como a Folha está em crise, com a queda recorrente de sua tiragem – chegou a ter mais de um milhão de exemplares nos anos 1980 e hoje imprime menos de 300 mil –, milhares de pessoas leem apenas a capa exposta nas bancas. A mensagem subliminar é evidente: a culpa da falta de água é do povo, que desperdiça; a capital paulista é a mais despreparada; e o Brasil também é vítima da crise hídrica – ambos são governados pelo PT. Nas páginas internas, a longa reportagem até faz críticas à falta de planejamento e de investimentos dos governos tucanos. Mas pouca gente vai ler! A famiglia Frias pode, inclusive, argumentar que é isenta e que não tem “o rabo preso” com ninguém. Os mais ingênuos vão até acreditar!
Desvio da atenção dos eleitores
Ainda sobre as matérias no interior do jornal, elas apresentam dados importantes sobre os dilemas de abastecimento no Brasil. Mas o intento não é o de promover uma reflexão profunda sobre as causas do grave problema, mas sim desviar a atenção dos leitores e eleitores a poucos dias das eleições. Um dos textos, assinado por Marcelo Leite, mostra que a água é um “recurso que parece infinito, sobretudo no Brasil”, mas que “o crescimento da população e a mudança do clima ameaçam os mananciais”. O jornalista observa que o país possui de 12% a 16% da água doce disponível no planeta; ele “viaja” pelo mundo apontando os gargalos do abastecimento; mas não trata do problema real no Estado de São Paulo.
Outro texto da reportagem especial se aproxima mais do drama sentido pelos paulistas. Assinado pelos repórteres Fernando Canzian e Eduardo Geraque, ele aborda a crise de abastecimento na região metropolitana. Mostra que as áreas de mananciais estão desprotegidas e até cita o Plano Diretor aprovado recentemente pelo prefeito Fernando Haddad (PT), que prevê a criação da chamada Zona Especial de Interesse Social (Zeis) e preserva as reservas ambientais. O artigo critica as ocupações irregulares destas áreas, que prejudicam os mananciais, e até aborda o desperdício de água em São Paulo. Interessante observar, porém, que ele não cita uma única vez o PSDB. Nenhuma palavra sobre os tucanos! Nadinha!
“De 2004 a 2013, o consumo nas 33 cidades da Grande São Paulo atendidas pela Sabesp aumentou 26% e a oferta de água tratada cresceu só 9%. No período, o aumento anual da população foi de cerca de 150 mil pessoas, e o padrão de consumo se elevou. Se há dez anos um morador local gastava 150 litros de água por dia, o consumo hoje é de 175 litros, 65 acima do recomendado pela OMS. Além disso, entre 2008 e 2013 a Sabesp não aplicou 37% do previsto em obras... Mas o desperdício estatal caiu. A Sabesp informa que em 2006 perdia 33% da água tratada por causa de vazamentos ou desvios. Hoje, a perda é de 24,4%, abaixo da média do país (40,7%), mas longe de países como Alemanha (11%) e EUA (16%)”.
A culpa é de São Pedro
Há ainda três outros textos na “reportagem especial”. Dois têm interesse direto para os paulistas que elegerão seu novo governador em outubro. Um trata dos impactos da construção da Usina Madeira, em Roraima; outro é sobre a transposição do rio São Francisco. Neste último, por mera coincidência, a presidente Dilma é citada e recebe críticas - prova cabal do jornalismo investigativo e independente da Folha! Já o terceiro traz um título curioso: “São Paulo sofre com ilha de calor”. A culpa pela crise de abastecimento de água de São Paulo é de São Pedro, esse oposicionista radical que fechou as torneiras do céu. O texto até cita o governo estadual, falando dos seus planos para solucionar o grave problema. Mas, novamente, o governador Geraldo Alckmin não é citado uma única vez.
Na semana em que a própria Sabesp confirmou que o Sistema Cantareira, que abastece mais de 8,8 milhões de moradores da região metropolitana de São Paulo, atingiu o seu nível mais baixo (menos de 10%), a Folha tucana estampa uma capa sacana e publica vários textos sem citar, uma vez sequer, o governador Geraldo Alckmin. Pelo jeito, a famiglia Frias só vai protestar contra o colapso do setor quando faltar água nas redações dos seus jornais. Mas isto somente depois que 32 milhões de paulistas já tiverem votado nas eleições de outubro. Até lá, nada será publicado que prejudique a reeleição do “picolé de chuchu”.
Há ainda três outros textos na “reportagem especial”. Dois têm interesse direto para os paulistas que elegerão seu novo governador em outubro. Um trata dos impactos da construção da Usina Madeira, em Roraima; outro é sobre a transposição do rio São Francisco. Neste último, por mera coincidência, a presidente Dilma é citada e recebe críticas - prova cabal do jornalismo investigativo e independente da Folha! Já o terceiro traz um título curioso: “São Paulo sofre com ilha de calor”. A culpa pela crise de abastecimento de água de São Paulo é de São Pedro, esse oposicionista radical que fechou as torneiras do céu. O texto até cita o governo estadual, falando dos seus planos para solucionar o grave problema. Mas, novamente, o governador Geraldo Alckmin não é citado uma única vez.
Na semana em que a própria Sabesp confirmou que o Sistema Cantareira, que abastece mais de 8,8 milhões de moradores da região metropolitana de São Paulo, atingiu o seu nível mais baixo (menos de 10%), a Folha tucana estampa uma capa sacana e publica vários textos sem citar, uma vez sequer, o governador Geraldo Alckmin. Pelo jeito, a famiglia Frias só vai protestar contra o colapso do setor quando faltar água nas redações dos seus jornais. Mas isto somente depois que 32 milhões de paulistas já tiverem votado nas eleições de outubro. Até lá, nada será publicado que prejudique a reeleição do “picolé de chuchu”.
*****
Leia também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente: