domingo, 14 de setembro de 2014

As “condições morais” e mentais de Aécio

Por Altamiro Borges

Antes da morte de Eduardo Campos, o tucano Aécio Neves estava eufórico. Contava com a ajuda do dissidente para chegar ao segundo turno. Ele atraia novos aliados e engordava os cofres da sua campanha com a grana dos banqueiros. Na sequência, com o ingresso da ex-verde Marina Silva, o cambaleante entrou em depressão. Até o coordenador-geral da sua campanha, o demo Agripino Maia, o apunhalou pelas costas e os doadores sumiram. Agora, porém, Aécio Neves dá sinais de reanimação. Para ele, a onda Marina Silva estaria se “esfarelando”. Neste novo estágio mental de euforia, o tucano volta a se embriagar e afirma que Dilma Rousseff “não tem condições morais para governar o país”. Cadê o bafômetro?

Segundo reportagem do Jornal do Brasil deste sábado (13), o novo surto de euforia do presidenciável do PSDB decorre da “reporcagem” da Veja com a “delação premiada e premeditada” de um ex-diretor da Petrobras. “A marca do governo do PT é essa, uma denúncia por semana, e cada uma mais grave que a outra. Nós temos que resgatar o padrão ético na Presidência da República. Dilma perdeu as condições, perdeu autoridade até moral de pleitear um segundo mandato”, afirmou aos jornalistas. Um dia antes, durante evento em São Paulo, ele disse enxergar sinais de “nervosismo” na campanha de Marina Silva, o que indicaria o “esfarelamento” da rival, e garantiu que estará no segundo turno das eleições.

Todo este otimismo, porém, não se justifica. Afinal, a “delação” da Veja foi publicada na semana passada. Na sequência, todos os institutos de pesquisas registraram a queda de intenções de voto do senador mineiro – protagonista do maior vexame eleitoral da história do PSDB. Quanto às “condições morais para governar o país”, o quadro clínico é mais grave. Será que ele já esqueceu o “aecioporto” construído com dinheiro público na fazenda do seu titio-avô na cidade de Cláudio? Ou do “mensalão tucano” – que a mídia amiga teima em chamar de “mensalão mineiro”? Ou do bafômetro nas agitadas noitadas do Rio de Janeiro? Lembrando um artigo de um falecido jornalista serrista do Estadão: Aécio, pó pará!

Ao invés de arrotar bravatas, o senador mineiro-carioca deveria se preocupar mais com a situação eleitoral no seu Estado. As pesquisas indicam que o seu candidato, o “mensaleiro” Pimenta da Veiga, empacou no segundo lugar. Em comício realizado em Belo Horizonte neste sábado, Aécio Neves implorou para que os mineiros não o deixem passar vergonha. “Chegou a hora da grande virada, chegou a hora da onda da razão”, berrou ao microfone. Além do vexame na disputa presidencial, ele pode deixar sem emprego os tucanos que aparelharam Minas Gerais há mais de dez anos. Estes temores talvez expliquem as ondulações de Aécio Neves – da euforia à depressão e vice-versa.

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Em tempo: Para relaxar este clima tenso, Aécio Neves terá um momento de alegria neste domingo. Ele retorna ao Rio de Janeiro, principal rota das suas viagens pagas pelo Senado. Mais ainda: ele participará de um evento com o ex-craque Ronaldo, seu velho amigo de baladas. O jogador, que andava sumido desde as cenas de oportunismo explícito durante a Copa do Mundo – um verdadeiro fenômeno –, já declarou que apoia do cambaleante candidato tucano.

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