Por Altamiro Borges
Saiu nesta sexta-feira (12) na coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha:
“O Instituto Fernando Henrique Cardoso foi autorizado pelo Ministério da Cultura a captar, via lei de incentivo fiscal, cerca de R$ 6,2 milhões para dar continuidade ao processo de descrição, preservação e informatização de seu acervo... Fotos, vídeos, textos e objetos da vida de FHC e de familiares como o avô dele, Joaquim Ignácio Cardoso, e o pai, Leônidas Cardoso, serão digitalizados. E programas educativos, como o ‘Diálogos com um Presidente’, em que FHC conversa com alunos de escolas do ensino médio e de faculdades, também estão incluídos no pacote”.
A grana arrecadada será descontada, óbvio, do imposto de renda – ou seja, no final das contas, ela sairá dos cofres do governo federal. Se o governo Dilma tivesse autorizado algum incentivo para o Instituto Lula seria o maior escarcéu na imprensa – tão seletiva no seu denuncismo. Quanto se trata dos interesses do ex-presidente FHC, o queridinho da mídia, quase nada ganha destaque nos jornalões e nas emissoras de rádio e televisão. Isto não significa que ele não tenha generosos espaços na velha imprensa – inclusive para criticar a má utilização do dinheiro público e para pregar seu receituário neoliberal do “estado mínimo”. Mínimo para os outros, não para os representantes das elites.
Em 5 de junho de 2013, uma outra notinha, bem minúscula, foi publicada na Folha. Ela informava que “o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 81 anos, constituiu uma empresa de investimento imobiliário com seus ex-ministros Pedro Parente e Celso Lafer, o historiador Boris Fausto e mais seis sócios. A Sarlat foi criada com capital de R$ 1,9 milhão. FHC disse à coluna que aplicou R$ 222,3 mil na empresa porque o rendimento no mercado financeiro é baixo. ‘É difícil encontrar investimento em renda fixa que dê alguma coisa’. O objetivo da sociedade, segundo FHC, é investir o dinheiro do grupo na construção de um único empreendimento imobiliário, que ainda será escolhido”.
A curiosa notícia poderia ter gerado inúmeras análises críticas – e até irônicas – na mídia, que adora promover a escandalização da política. Os “calunistas” poderiam mostrar as diferenças entre o reinado de FHC, quando vigorou a mais escancarada especulação financeira, e os governos Lula e Dilma, com o crescimento do mercado imobiliário, gerador de emprego no país. O próprio FHC teria se rendido à nova realidade, mais alvissareira para o Brasil. Ele teria aplicado o seu dinheirinho, antes investido no mercado financeiro, na construção de um “empreendimento imobiliário”. Mas os “calunistas” midiáticos preferiram se fingir de mortos para blindar o “queridinho” rentista.
Nem mesmo o recente casamento de FHC foi motivo de alarde na velha imprensa. Afinal, ela protege a privacidade – principalmente dos políticos. Como a maioria da sociedade não tomou conhecimento deste belo episódio da nossa República, reproduzo abaixo outro texto da mesma Folha tucana, sempre tão simpática ao ex-presidente:
*****
De papel passado
Folha de S.Paulo - 6 de fevereiro de 2014
União de FHC com Patrícia, oficializada na semana passada, superou ressalvas dos filhos do ex-presidente, dizem amigos
DANIELA LIMA
Há cerca de três anos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deixou de chegar sozinho à casa de amigos como o historiador Boris Fausto e o filósofo Arthur Giannotti, nas noites de domingo, quando se reúnem para jogar pôquer. Ao convescote somou-se Patrícia Kundrát, de 36 anos, com quem FHC namora desde 2011.
Na semana passada, o ex-presidente decidiu oficializar o relacionamento. Chamou um escrivão em seu apartamento, no bairro de Higienópolis, na capital paulista, e, em cerimônia discreta, na presença apenas dos advogados, celebrou um contrato de união estável com Patrícia.
Embora já esperassem - desde o ano passado FHC passou a falar com pessoas mais próximas sobre o assunto -, amigos e políticos com quem ele se relaciona há anos só souberam do enlace pela imprensa. Apesar da surpresa, dizem que a união se deu de forma natural, tal como começou a relação dos dois.
FHC tem 82 anos. Conheceu Patrícia no instituto que preside e que leva o seu nome. Ela trabalhava na entidade e, não raro, despachava com o ex-presidente. Os dois se aproximaram.
De início, FHC despistava quando perguntado sobre a relação. No fim de 2011, deixou de fazer segredo. Viajou com Patrícia para Ibiúna, no interior de São Paulo. Os dois foram namorar em uma casa de campo.
No começo, dizem amigos do ex-presidente, os filhos de FHC viram o relacionamento com algumas ressalvas.
Viúvo desde 2008, quando Ruth Cardoso morreu, o sociólogo escolheu uma mulher muito mais jovem, com jeito informal e despojado.
Mas o namoro passou a ser admirado. Quando FHC comunicou que faria o contrato de união estável, todos os filhos foram favoráveis.
O motivo da mudança? "A Patrícia cuida do Fernando. Cuida mesmo. E ele gosta. Ela cuida das consultas médicas, das roupas, das compras. Lembra aquela história dele exibindo um sapato furado? Então, hoje jamais se repetiria!", exemplifica um ex-ministro do tucano.
Com ela, dizem, FHC rejuvenesceu. Patrícia o chama carinhosamente de "cara" na frente dos amigos. Também não deixa de fazer chamegos em FHC, mesmo em ambientes públicos.
Ano passado, no Dia dos Namorados, o casal saiu para jantar à luz de velas. Patrícia deu beijinhos em FHC durante toda a noite. No fim do jantar, posaram para "selfies" tiradas com o celular dela. Foram aplaudidos antes de deixar o restaurante.
Política é assunto que não faz parte da rotina do casal. Ela também não opina sobre assuntos do PSDB e eleições.
Patrícia sempre defende que FHC ache tempo para ele e para os dois. Gosta de preservar a intimidade do ex-presidente e é discreta em suas aparições públicas ao lado dele. Os dois moram em apartamentos separados - ela vive no mesmo bairro que ele. Fazem questão de sair para jantar toda semana. Também gostam de cinema. Ano passado, foram à Europa.
FHC e Patrícia selaram a união estável com separação de bens. Amigos dizem que, em relação a dinheiro, ela sempre foi "extremamente despojada".
Ainda hoje, ela participa de algumas atividades do Instituto FHC, mas não como funcionária. Faz estudos para um comitê de políticas antidrogas. Não raro, relata projetos considerados inovadores nessa área nas periferias das grandes cidades.
A predileção pelo tema é uma das afinidades com o ex-presidente, que se dedica a ele e, há alguns anos, passou a defender a descriminalização das drogas.
Pelas posições arrojadas, FHC é celebrado, no PSDB, como "a mente mais jovem do partido". Ontem, um dia após a divulgação do enlace, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) fez referência ao ex-presidente num discurso sobre a longevidade. "Perguntem ao FHC: a vida começa aos 83", disse.
Saiu nesta sexta-feira (12) na coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha:
“O Instituto Fernando Henrique Cardoso foi autorizado pelo Ministério da Cultura a captar, via lei de incentivo fiscal, cerca de R$ 6,2 milhões para dar continuidade ao processo de descrição, preservação e informatização de seu acervo... Fotos, vídeos, textos e objetos da vida de FHC e de familiares como o avô dele, Joaquim Ignácio Cardoso, e o pai, Leônidas Cardoso, serão digitalizados. E programas educativos, como o ‘Diálogos com um Presidente’, em que FHC conversa com alunos de escolas do ensino médio e de faculdades, também estão incluídos no pacote”.
A grana arrecadada será descontada, óbvio, do imposto de renda – ou seja, no final das contas, ela sairá dos cofres do governo federal. Se o governo Dilma tivesse autorizado algum incentivo para o Instituto Lula seria o maior escarcéu na imprensa – tão seletiva no seu denuncismo. Quanto se trata dos interesses do ex-presidente FHC, o queridinho da mídia, quase nada ganha destaque nos jornalões e nas emissoras de rádio e televisão. Isto não significa que ele não tenha generosos espaços na velha imprensa – inclusive para criticar a má utilização do dinheiro público e para pregar seu receituário neoliberal do “estado mínimo”. Mínimo para os outros, não para os representantes das elites.
Em 5 de junho de 2013, uma outra notinha, bem minúscula, foi publicada na Folha. Ela informava que “o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 81 anos, constituiu uma empresa de investimento imobiliário com seus ex-ministros Pedro Parente e Celso Lafer, o historiador Boris Fausto e mais seis sócios. A Sarlat foi criada com capital de R$ 1,9 milhão. FHC disse à coluna que aplicou R$ 222,3 mil na empresa porque o rendimento no mercado financeiro é baixo. ‘É difícil encontrar investimento em renda fixa que dê alguma coisa’. O objetivo da sociedade, segundo FHC, é investir o dinheiro do grupo na construção de um único empreendimento imobiliário, que ainda será escolhido”.
A curiosa notícia poderia ter gerado inúmeras análises críticas – e até irônicas – na mídia, que adora promover a escandalização da política. Os “calunistas” poderiam mostrar as diferenças entre o reinado de FHC, quando vigorou a mais escancarada especulação financeira, e os governos Lula e Dilma, com o crescimento do mercado imobiliário, gerador de emprego no país. O próprio FHC teria se rendido à nova realidade, mais alvissareira para o Brasil. Ele teria aplicado o seu dinheirinho, antes investido no mercado financeiro, na construção de um “empreendimento imobiliário”. Mas os “calunistas” midiáticos preferiram se fingir de mortos para blindar o “queridinho” rentista.
Nem mesmo o recente casamento de FHC foi motivo de alarde na velha imprensa. Afinal, ela protege a privacidade – principalmente dos políticos. Como a maioria da sociedade não tomou conhecimento deste belo episódio da nossa República, reproduzo abaixo outro texto da mesma Folha tucana, sempre tão simpática ao ex-presidente:
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De papel passado
Folha de S.Paulo - 6 de fevereiro de 2014
União de FHC com Patrícia, oficializada na semana passada, superou ressalvas dos filhos do ex-presidente, dizem amigos
DANIELA LIMA
Há cerca de três anos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deixou de chegar sozinho à casa de amigos como o historiador Boris Fausto e o filósofo Arthur Giannotti, nas noites de domingo, quando se reúnem para jogar pôquer. Ao convescote somou-se Patrícia Kundrát, de 36 anos, com quem FHC namora desde 2011.
Na semana passada, o ex-presidente decidiu oficializar o relacionamento. Chamou um escrivão em seu apartamento, no bairro de Higienópolis, na capital paulista, e, em cerimônia discreta, na presença apenas dos advogados, celebrou um contrato de união estável com Patrícia.
Embora já esperassem - desde o ano passado FHC passou a falar com pessoas mais próximas sobre o assunto -, amigos e políticos com quem ele se relaciona há anos só souberam do enlace pela imprensa. Apesar da surpresa, dizem que a união se deu de forma natural, tal como começou a relação dos dois.
FHC tem 82 anos. Conheceu Patrícia no instituto que preside e que leva o seu nome. Ela trabalhava na entidade e, não raro, despachava com o ex-presidente. Os dois se aproximaram.
De início, FHC despistava quando perguntado sobre a relação. No fim de 2011, deixou de fazer segredo. Viajou com Patrícia para Ibiúna, no interior de São Paulo. Os dois foram namorar em uma casa de campo.
No começo, dizem amigos do ex-presidente, os filhos de FHC viram o relacionamento com algumas ressalvas.
Viúvo desde 2008, quando Ruth Cardoso morreu, o sociólogo escolheu uma mulher muito mais jovem, com jeito informal e despojado.
Mas o namoro passou a ser admirado. Quando FHC comunicou que faria o contrato de união estável, todos os filhos foram favoráveis.
O motivo da mudança? "A Patrícia cuida do Fernando. Cuida mesmo. E ele gosta. Ela cuida das consultas médicas, das roupas, das compras. Lembra aquela história dele exibindo um sapato furado? Então, hoje jamais se repetiria!", exemplifica um ex-ministro do tucano.
Com ela, dizem, FHC rejuvenesceu. Patrícia o chama carinhosamente de "cara" na frente dos amigos. Também não deixa de fazer chamegos em FHC, mesmo em ambientes públicos.
Ano passado, no Dia dos Namorados, o casal saiu para jantar à luz de velas. Patrícia deu beijinhos em FHC durante toda a noite. No fim do jantar, posaram para "selfies" tiradas com o celular dela. Foram aplaudidos antes de deixar o restaurante.
Política é assunto que não faz parte da rotina do casal. Ela também não opina sobre assuntos do PSDB e eleições.
Patrícia sempre defende que FHC ache tempo para ele e para os dois. Gosta de preservar a intimidade do ex-presidente e é discreta em suas aparições públicas ao lado dele. Os dois moram em apartamentos separados - ela vive no mesmo bairro que ele. Fazem questão de sair para jantar toda semana. Também gostam de cinema. Ano passado, foram à Europa.
FHC e Patrícia selaram a união estável com separação de bens. Amigos dizem que, em relação a dinheiro, ela sempre foi "extremamente despojada".
Ainda hoje, ela participa de algumas atividades do Instituto FHC, mas não como funcionária. Faz estudos para um comitê de políticas antidrogas. Não raro, relata projetos considerados inovadores nessa área nas periferias das grandes cidades.
A predileção pelo tema é uma das afinidades com o ex-presidente, que se dedica a ele e, há alguns anos, passou a defender a descriminalização das drogas.
Pelas posições arrojadas, FHC é celebrado, no PSDB, como "a mente mais jovem do partido". Ontem, um dia após a divulgação do enlace, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) fez referência ao ex-presidente num discurso sobre a longevidade. "Perguntem ao FHC: a vida começa aos 83", disse.
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Fator Previdenciário: Paulo Paim cobra votação do fim do fator previdenciário na Câmara
ResponderExcluirOUÇA - http://www.senado.gov.br/noticias/Radio/programaConteudoPadrao.asp?COD_TIPO_PROGRAMA=&COD_AUDIO=598842
LOC: O SENADOR PAULO PAIM, DO PT DO RIO GRANDE DO SUL, COBROU A VOTAÇÃO DO FIM DO FATOR PREVIDENCIÁRIO.
LOC: O PROJETO, APROVADO POR UNANIMIDADE NO SENADO EM 2008, FOI ENVIADO À CÂMARA DOS DEPUTADOS E ATÉ HOJE NÃO FOI COLOCADO EM PAUTA. REPÓRTER CARLOS PENNA BRESCIANINI.
(Repórter) O projeto que extingue o Fator Previdenciário do cálculo das aposentadorias, aprovado pelo Senado, encontra-se parado na Câmara dos Deputados há cinco anos. O autor da proposta, o senador Paulo Paim, do PT gaúcho, explica que tem sido cobrado por aposentados, que alegam ter perdido quase metade do valor de suas aposentadorias desde que o fator passou a ser usado pela Previdência:
(PAIM): Eu tenho dito que compete ao Congresso. O Senado já aprovou, agora compete à Câmara, há mais de cinco anos na Câmara, encalhado lá, eu o aprovei o fim do fator no Senado.
(Repórter) Segundo cálculos, os homens têm perdido aproximadamente 50% do valor de suas aposentadorias e as mulheres em torno de 45%, ao se aposentarem com devido à aplicação do fator. Paim espera que, após as eleições, a Câmara possa colocar o projeto em votação.
(PAIM): Se a Câmara votar e se acaso o Executivo vetar, compete ao Congresso derrubar o veto, já que o veto não é mais secreto.
(Repórter): Paulo Paim informou que várias entidades sindicais e de defesa dos aposentados estão pressionando os deputados para que o projeto do fim do fator previdenciário seja votado o mais rapidamente possível.