Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:
Quando eu era um jovem repórter, da TV Bauru, no interior de São Paulo, acompanhei uma situação sui generis em período eleitoral. Vivíamos, ainda, sob a ditadura militar. O candidato do PDS, herdeiro da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação do regime, corria sério risco de perder em uma cidade vizinha a Bauru. Se não me engano, o nome dele era Pedro Pavão. O adversário, do PMDB recém-criado, herdeiro do MDB, era um jovem político de nome Abelardo Camarinha.
Os ventos não eram favoráveis ao governismo. A panela de pressão estava por explodir e alas internas do regime militar se enfrentavam. Uma pregava, já, a abertura lenta, gradual e restrita. A linha dura resistia. Para muitos, votar no PMDB era uma forma de protesto. Às vezes independia do candidato. Eu mesmo votei em Orestes Quércia para senador!
Pois bem, na véspera da eleição Pedro Pavão apareceu todo engessado. A assessoria dele procurou a TV Bauru para denunciar que o candidato do PDS havia sido espancado por adversários políticos. Fizemos, na época, a imagem. A assessoria do candidato Camarinha nos procurou para dizer que se tratava de uma farsa, que exigia a apresentação de exames de raio xis provando que de fato o adversário tinha sido espancado.
Era, segundo eles, a velha tática da vitimização. A mesma do goleiro Rojas, que simulou ter sido atingido por um rojão no Maracanã. A mesma da “bolinha de papel”, que segundo o candidato José Serra, em 2010, pesava algo como um quilo e mereceu, no Jornal Nacional, a intervenção do perito Molina para dizer que uma imagem indefinida era, na verdade, a de um rolo de fita capaz de causar danos irreparáveis ao tucano, que depois de exames neurológicos no dia seguinte gravava programa eleitoral em São Paulo.
Curiosamente, em sua biografia, Marina Silva diz textualmente que o que mais a incomoda é a indiferença:
Entre aspas:
Tive muito medo que o Lula estivesse sendo indiferente comigo. Porque saí do governo e ele resolveu não falar comigo, quem falou foi o Gilberto Carvalho. Depois saí do PT, e ele não falou comigo, mas sim os outros companheiros do PT. Depois disso, a gente ainda não se encontrou. Fiz de tudo para que a transição fosse respeitosa, sem deixar de dizer as verdades que precisavam ser ditas para o bem da Amazônia e do próprio governo. Mas essa coisa da indiferença é muito ruim. Não só porque ela nos afeta enquanto sujeito ignorado, mas porque alguém que trata o outro com indiferença revela algo muito pequeno de sua personalidade. Mesmo estando fora do governo e do PT, penso que continuo tentando ajudá-lo (Lula).
Ao terminar essa frase, segundo a biógrafa, Marina começou a chorar.
Pois bem, agora que definitivamente NÃO é tratada com indiferença, Marina volta a chorar. Logo ela, que na mesma biografia se define como a biorana negra, a árvore amazônica em cujo tronco o machado não penetra.
É implicância minha ou acabei de apontar duas contradições da candidata?
É importante, aqui, registrar duas verdades factuais: Marina formou-se na igreja católica, morou em um convento e fez seu primeiro tratamento de saúde no hospital São Camilo, em São Paulo, graças à intervenção de dom Moacyr Grecchi, definido por Frei Betto como o “pai espiritual de Marina”. Mais tarde, por motivos pessoais sobre os quais não cabe julgamento de valor, ela encontrou a verdadeira fé no protestantismo da Assembleia de Deus, a partir do qual passou a julgar o mundo.
Da biografia de Marina:
Noutro exemplo de sabedoria ecológica tirada dessas páginas [da Bíblia], ela cita uma passagem em que o rei Davi declara que “Deus colocou sobre o sol uma tenda”. Para Marina Silva, o autor já se referia, sem saber, à camada de ozônio, milhares de anos antes de os cientistas a revelarem.
Segunda verdade factual: Marina foi do Partido Revolucionário Comunista, abrigado sob o PT, partido pelo qual, depois de abandonar o marxismo, foi vereadora, deputada estadual e senadora (por 16 anos), antes de se tornar ministra. Depois, por motivos sobre os quais não cabe julgamento de valor, transferiu-se para o PV, para a Rede e, mais recentemente, para o PSB. Persegue um sonho que, aparentemente, lhe foi negado no PT.
Tem todo o direito de fazê-lo, mas não sem se submeter às críticas da comunidade que pretende presidir.
Foi Marina Silva quem se apresentou ao eleitorado como fiadora de uma certa “nova política”, que separaria os bons dos maus e, em tese, nos levaria ao Reino do Criador a partir de sua posse. Apontar as inconsistências e as contradições de tal projeto é parte da democracia, a não ser que Marina se considere, por obra divina, uma espécie de abelha rainha, pairando sobre nós, os mortais comuns.
Ou isso, ou estamos revivendo o Pedro Pavão, desta vez em busca do Planalto.
Já que nos concentramos apenas na verdade factual, que fique registrado: diante das ofensas, críticas e observações acima demonstradas, Dilma Rousseff jamais processou jornalistas, tuiteiros e nem pediu ao Google ou ao Facebook que removessem conteúdo ofensivo a ela. Jamais chorou. Jamais se vitimizou.
PS do Viomundo: Pedro Pavão, o engessado, perdeu a eleição.
Quando eu era um jovem repórter, da TV Bauru, no interior de São Paulo, acompanhei uma situação sui generis em período eleitoral. Vivíamos, ainda, sob a ditadura militar. O candidato do PDS, herdeiro da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação do regime, corria sério risco de perder em uma cidade vizinha a Bauru. Se não me engano, o nome dele era Pedro Pavão. O adversário, do PMDB recém-criado, herdeiro do MDB, era um jovem político de nome Abelardo Camarinha.
Os ventos não eram favoráveis ao governismo. A panela de pressão estava por explodir e alas internas do regime militar se enfrentavam. Uma pregava, já, a abertura lenta, gradual e restrita. A linha dura resistia. Para muitos, votar no PMDB era uma forma de protesto. Às vezes independia do candidato. Eu mesmo votei em Orestes Quércia para senador!
Pois bem, na véspera da eleição Pedro Pavão apareceu todo engessado. A assessoria dele procurou a TV Bauru para denunciar que o candidato do PDS havia sido espancado por adversários políticos. Fizemos, na época, a imagem. A assessoria do candidato Camarinha nos procurou para dizer que se tratava de uma farsa, que exigia a apresentação de exames de raio xis provando que de fato o adversário tinha sido espancado.
Era, segundo eles, a velha tática da vitimização. A mesma do goleiro Rojas, que simulou ter sido atingido por um rojão no Maracanã. A mesma da “bolinha de papel”, que segundo o candidato José Serra, em 2010, pesava algo como um quilo e mereceu, no Jornal Nacional, a intervenção do perito Molina para dizer que uma imagem indefinida era, na verdade, a de um rolo de fita capaz de causar danos irreparáveis ao tucano, que depois de exames neurológicos no dia seguinte gravava programa eleitoral em São Paulo.
Curiosamente, em sua biografia, Marina Silva diz textualmente que o que mais a incomoda é a indiferença:
Entre aspas:
Tive muito medo que o Lula estivesse sendo indiferente comigo. Porque saí do governo e ele resolveu não falar comigo, quem falou foi o Gilberto Carvalho. Depois saí do PT, e ele não falou comigo, mas sim os outros companheiros do PT. Depois disso, a gente ainda não se encontrou. Fiz de tudo para que a transição fosse respeitosa, sem deixar de dizer as verdades que precisavam ser ditas para o bem da Amazônia e do próprio governo. Mas essa coisa da indiferença é muito ruim. Não só porque ela nos afeta enquanto sujeito ignorado, mas porque alguém que trata o outro com indiferença revela algo muito pequeno de sua personalidade. Mesmo estando fora do governo e do PT, penso que continuo tentando ajudá-lo (Lula).
Ao terminar essa frase, segundo a biógrafa, Marina começou a chorar.
Pois bem, agora que definitivamente NÃO é tratada com indiferença, Marina volta a chorar. Logo ela, que na mesma biografia se define como a biorana negra, a árvore amazônica em cujo tronco o machado não penetra.
É implicância minha ou acabei de apontar duas contradições da candidata?
É importante, aqui, registrar duas verdades factuais: Marina formou-se na igreja católica, morou em um convento e fez seu primeiro tratamento de saúde no hospital São Camilo, em São Paulo, graças à intervenção de dom Moacyr Grecchi, definido por Frei Betto como o “pai espiritual de Marina”. Mais tarde, por motivos pessoais sobre os quais não cabe julgamento de valor, ela encontrou a verdadeira fé no protestantismo da Assembleia de Deus, a partir do qual passou a julgar o mundo.
Da biografia de Marina:
Noutro exemplo de sabedoria ecológica tirada dessas páginas [da Bíblia], ela cita uma passagem em que o rei Davi declara que “Deus colocou sobre o sol uma tenda”. Para Marina Silva, o autor já se referia, sem saber, à camada de ozônio, milhares de anos antes de os cientistas a revelarem.
Segunda verdade factual: Marina foi do Partido Revolucionário Comunista, abrigado sob o PT, partido pelo qual, depois de abandonar o marxismo, foi vereadora, deputada estadual e senadora (por 16 anos), antes de se tornar ministra. Depois, por motivos sobre os quais não cabe julgamento de valor, transferiu-se para o PV, para a Rede e, mais recentemente, para o PSB. Persegue um sonho que, aparentemente, lhe foi negado no PT.
Tem todo o direito de fazê-lo, mas não sem se submeter às críticas da comunidade que pretende presidir.
Foi Marina Silva quem se apresentou ao eleitorado como fiadora de uma certa “nova política”, que separaria os bons dos maus e, em tese, nos levaria ao Reino do Criador a partir de sua posse. Apontar as inconsistências e as contradições de tal projeto é parte da democracia, a não ser que Marina se considere, por obra divina, uma espécie de abelha rainha, pairando sobre nós, os mortais comuns.
Ou isso, ou estamos revivendo o Pedro Pavão, desta vez em busca do Planalto.
Já que nos concentramos apenas na verdade factual, que fique registrado: diante das ofensas, críticas e observações acima demonstradas, Dilma Rousseff jamais processou jornalistas, tuiteiros e nem pediu ao Google ou ao Facebook que removessem conteúdo ofensivo a ela. Jamais chorou. Jamais se vitimizou.
PS do Viomundo: Pedro Pavão, o engessado, perdeu a eleição.
Minha opinião: não gosto do governo da Dilma, tão pouco dos anteriores. Quanto as Eleições 2014, sinceramente, estamos num mato sem cachorro!
ResponderExcluirMarina, aparenta ser fraca perante "aqueles" que ela devera ter como aliados, pois sabemos que na politica é assim, só sobrevivem no meio aqueles que tem influências sobre outrem!
Quanto a Dilma, como já citado anteriormente...
O menos ruim é o Aécio, no entanto, não deveria ser assim. Estamos desacreditados na politicagem brasileira...
Minha opinião sobre as eleições
ResponderExcluirEdilson Luiz Fernandes....Acho que vc precisa se informar mais sobre o Aecio. E Estudar um pouco mais de Historia , sobre os 8 anos do Governo do PSDB! O Entreguismo que foi de nosso Patrimonio! Dilma é o Melhor Caminho, tanto para nos como para o futuro de nossos Filhos! REspeito sua opiniao, mas de uma olhadinha em nossa Historia!
ResponderExcluirEdilson Luis, o aécio nos promete o inferno (arrocho, medidas impopulares, etc) a marina também nos oferece o inferno (BC independente, desemprego, tarifaço) só que administrado pelo itaú e o MALAfaia.
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