Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:
Uma nova consulta está sendo elaborada, e deve ser divulgada no sábado (4/10), quando o Ibope e o Datafolha terão a última chance de comprovar a validade de suas metodologias antes da verdade das urnas.
O discurso dos analistas oscila entre admitir a possibilidade de uma decisão no primeiro turno e a convicção de que “a maior probabilidade é a de um segundo turno” entre a petista Dilma Rousseff e a ex-petista Marina Silva. De qualquer maneira, os números indicam que a imprensa, mais uma vez, perdeu a conexão com a realidade política do país.
Pode-se afirmar que a grande maioria dos brasileiros está demonstrando que apoia a estratégia adotada pelos governos que se sucedem em Brasília desde 2003, mas aponta para a necessidade de algumas correções.
Desde o acirramento da disputa, com a morte do ex-governador Eduardo Campos e o ingresso da ex-ministra Marina Silva como candidata a presidente pelo PSB, os discursos de campanha e os temas dos debates se concentraram na questão da corrupção e nas supostas capacidades administrativas dos candidatos. No que se refere às diferenças de doutrinas entre o governo atual e seus oponentes, Aécio Neves se apresentou como o lídimo defensor do conjunto de crenças que definem o liberalismo econômico, enquanto a presidente da República representa a instrumentalização do Estado como garantia de orientação social para a economia.
Marina Silva ficou entre os dois mundos: sua defesa de uma “nova política” não passou no teste de realidade, quando ela vacilou em questões como direitos de minorias e foi apanhada em contradições.
A imprensa perdeu
Seja qual for o resultado da votação no domingo (5), pode-se dizer que a imprensa sai como a grande perdedora, porque não conseguiu colocar seu candidato predileto em condições de vencer a eleição. Até este momento, mesmo o mais otimista entre os adeptos da candidatura de Aécio Neves considera altamente improvável que ele consiga coletar os votos para superar o primeiro turno com potencial para levar consigo uma porcentagem significativa de apoios entre os adeptos de Marina Silva.
Na coluna “Panorama político” do Globo, lê-se que, se a ex-ministra não for para o segundo turno, seus correligionários vão se dividir, com uma parte aderindo ao PSDB e outra parte voltando ao ninho petista, onde as carreiras de Eduardo Campos e de Marina Silva foram geradas. Em outra coluna do mesmo jornal, também se pode apreciar como a derrota iminente pode afetar o senso crítico, em um texto que dá voz a teorias conspiratórias e prevê uma grave crise institucional no próximo governo.
Embora possa parecer ocioso repetir as evidências de que as grandes empresas de comunicação agem como uma organização partidária, convém discutir o uso que fazem dos institutos de pesquisa, como referência de uma objetividade que de fato não existe. Uma coisa é a coleta de dados e a complexidade das análises que são produzidas por profissionais a serviço dessas organizações. Outra coisa é o conjunto das informações que os editores selecionam para levar ao público.
Observe-se, por exemplo, como, segundo o Ibope, a taxa de rejeição da presidente Dilma Rousseff caiu de 36% no dia 25 de agosto para 29% na quinta-feira (2/10). Se isso é real, trata-se de um fenômeno de comunicação. Na verdade, esse número sempre coincidiu com os 23% a 29% dos que consideram seu governo “ruim ou péssimo”, que, no contexto brasileiro, é o critério mais confiável para definir o núcleo duro da oposição.
A mídia tradicional passou toda a campanha tentando ampliar esse campo, em sua cruzada contra o partido que governa o país desde 2003, mas falhou mais uma vez.
Encerrada a campanha eleitoral oficial nos meios de comunicação, os dois institutos de pesquisa mais acreditados pela imprensa tratam de ajustar seus números para a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff ser reeleita no primeiro turno. Embora as análises dos especialistas se concentrem na retomada de ânimo do candidato do PSDB, Aécio Neves, que se apresenta como destinatário do “voto útil” contra o atual governo, a comparação entre as duas rodadas mais recentes de pesquisas mostra que seu eleitorado não cresceu no Sudeste, onde se concentra sua principal base.
Uma nova consulta está sendo elaborada, e deve ser divulgada no sábado (4/10), quando o Ibope e o Datafolha terão a última chance de comprovar a validade de suas metodologias antes da verdade das urnas.
O discurso dos analistas oscila entre admitir a possibilidade de uma decisão no primeiro turno e a convicção de que “a maior probabilidade é a de um segundo turno” entre a petista Dilma Rousseff e a ex-petista Marina Silva. De qualquer maneira, os números indicam que a imprensa, mais uma vez, perdeu a conexão com a realidade política do país.
Pode-se afirmar que a grande maioria dos brasileiros está demonstrando que apoia a estratégia adotada pelos governos que se sucedem em Brasília desde 2003, mas aponta para a necessidade de algumas correções.
Desde o acirramento da disputa, com a morte do ex-governador Eduardo Campos e o ingresso da ex-ministra Marina Silva como candidata a presidente pelo PSB, os discursos de campanha e os temas dos debates se concentraram na questão da corrupção e nas supostas capacidades administrativas dos candidatos. No que se refere às diferenças de doutrinas entre o governo atual e seus oponentes, Aécio Neves se apresentou como o lídimo defensor do conjunto de crenças que definem o liberalismo econômico, enquanto a presidente da República representa a instrumentalização do Estado como garantia de orientação social para a economia.
Marina Silva ficou entre os dois mundos: sua defesa de uma “nova política” não passou no teste de realidade, quando ela vacilou em questões como direitos de minorias e foi apanhada em contradições.
A imprensa perdeu
Seja qual for o resultado da votação no domingo (5), pode-se dizer que a imprensa sai como a grande perdedora, porque não conseguiu colocar seu candidato predileto em condições de vencer a eleição. Até este momento, mesmo o mais otimista entre os adeptos da candidatura de Aécio Neves considera altamente improvável que ele consiga coletar os votos para superar o primeiro turno com potencial para levar consigo uma porcentagem significativa de apoios entre os adeptos de Marina Silva.
Na coluna “Panorama político” do Globo, lê-se que, se a ex-ministra não for para o segundo turno, seus correligionários vão se dividir, com uma parte aderindo ao PSDB e outra parte voltando ao ninho petista, onde as carreiras de Eduardo Campos e de Marina Silva foram geradas. Em outra coluna do mesmo jornal, também se pode apreciar como a derrota iminente pode afetar o senso crítico, em um texto que dá voz a teorias conspiratórias e prevê uma grave crise institucional no próximo governo.
Embora possa parecer ocioso repetir as evidências de que as grandes empresas de comunicação agem como uma organização partidária, convém discutir o uso que fazem dos institutos de pesquisa, como referência de uma objetividade que de fato não existe. Uma coisa é a coleta de dados e a complexidade das análises que são produzidas por profissionais a serviço dessas organizações. Outra coisa é o conjunto das informações que os editores selecionam para levar ao público.
Observe-se, por exemplo, como, segundo o Ibope, a taxa de rejeição da presidente Dilma Rousseff caiu de 36% no dia 25 de agosto para 29% na quinta-feira (2/10). Se isso é real, trata-se de um fenômeno de comunicação. Na verdade, esse número sempre coincidiu com os 23% a 29% dos que consideram seu governo “ruim ou péssimo”, que, no contexto brasileiro, é o critério mais confiável para definir o núcleo duro da oposição.
A mídia tradicional passou toda a campanha tentando ampliar esse campo, em sua cruzada contra o partido que governa o país desde 2003, mas falhou mais uma vez.
Além dos ultraesquerdistantas servindo de tropa de choque dos tucanos.
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