Por Renan Alencar
A valentia foi o grande tema das eleições presidenciais do Brasil em 2014. Não poderia ser diferente em um país continental de 200 milhões de habitantes, em fase de desenvolvimento social e econômico, marcado por históricas desigualdades desde a sua colonização, mas com um grande potencial social, ambiental, cultural, e que busca reverter o curso do poder de poucos para poucos. Querer governar o Brasil, de forma justa, é certamente ambição para os mais valentes.
O coração valente, símbolo da campanha da presidenta Dilma encontrou forte reverberação no espírito da juventude brasileira, em especial aquela mobilizada, nos últimos anos, nas ruas e nas redes do país. A ousadia, a rebeldia, a valentia são marcas indeléveis das mais diversas gerações de jovens brasileiros, sempre comprometidos e protagonistas em momentos decisivos da nossa história.
Essa é uma marca também inalienável na biografia de Dilma Rousseff, que além de ser a primeira presidenta mulher da nossa república, é a primeira chefa de estado do país que começou a sua militância, justamente, nos mais novos anos de sua vida, no movimento estudantil do Colégio Estadual Central de Belo Horizonte. A valentia de uma jovem que saiu do grêmio da sua escola para a presidência da república – enfrentando nesse hiato o mais brutal e totalitário período de governo ditatorial – é algo que alcança os mais profundos brios dos jovens militantes brasileiros. Foi o que ocorreu com a União da Juventude Socialista (UJS).
A gana da UJS em defender o projeto popular de Dilma Rousseff começou bem antes da trágica morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que levou à uma reviravolta no cenário político nacional. Nós compramos a ideia da valentia bem mais cedo, no mês de maio, quando recebemos a presidenta no maior Congresso já realizado pela nossa entidade, em Brasília, com jovens de todos os estados e firmamos ali a necessidade de construção de uma pauta de mudanças mais avançada, ousada, com coragem e amor.
Foi esse acúmulo que levou a UJS a encampar ostensivamente a campanha “Coração Valente” no primeiro e segundo turno das eleições, recuperando a simbólica imagem da jovem Dilma em um julgamento militar, enfrentando com bravura e olhar determinado os seus algozes. A imagem foi utilizada, primeiramente, no Congresso da UJS, em uma grande bandeira que chamou a atenção e emocionou a pŕopria presidenta. Sabíamos, então, que era essa a nossa função: promover o encontro entre as duas Dilmas, não somente para a própria presidenta, mas para todos os brasileiros, nas ruas, nas praças, na internet, em cada grande cidade ou recanto rural desse Brasil.
O segundo turno das eleições, quando se evidenciou a polarização com o projeto neoliberal, amplamente municiado pelos grandes grupos midiáticos e pela apropriação desonesta do legítimo sentimento de mudança social do povo brasileiro, levou a eleição para uma nova trincheira. Ali, a UJS e outros movimentos sociais mostraram sua força em grandes atos políticos e culturais nas principais metrópoles nacionais.
Foi uma luta ampla e diversificada. Ao som dos tambores do carnaval e juntando energias contra o ódio e o preconceito, o movimento BH+Amor levou as cores de Dilma para as ruas de Belo Horizonte por dois fins de semana seguidos. Mostrando que as universidades também escolheram o seu lado, os “Rousselfies” se espalharam por diversos campi do país, com fotos massivas de estudantes, professores e funcionários em apoio à reeleição da presidenta.
Dilma deu sinais de maior aproximação com setores importantes, entre eles a juventude da periferia, que a recebeu em um grande ato em Itaquera, São Paulo, e a classe artística, com um encontro especial no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (Tuca). Esse último evento ficou marcado pela enorme aglomeração de pessoas do lado de fora do prédio e pela interação de Dilma com a multidão aos gritos do “quem não pula é tucano”. Em Recife, o comício de Lula e Dilma reuniu 50 mil pessoas em uma noite histórica, em Porto Alegre foram 15 mil. No Rio de Janeiro, o grande ato da Cinelândia também marcou a identidade dessa etapa de massas da campanha.
Coube a todos nós, dos movimentos juvenis progressistas, revelar aos mais jovens a grande diferença entre o projeto de Lula e Dilma e os governos anteriores, cuja marca foi o desemprego, o sucateamento da educação e a secura de oportunidades, principalmente para a juventude. Foi uma ação multipolarizada, com ativismo digital, panfletagens, debates, adesivos, lambe-lambes, passeatas, stêncil e as mais diversas formas de comunicação.
Tanto nas redes sociais como nas ruas, contribuímos para trazer a tona elementos programáticos impopulares, regressivos e conservadores até então ocultados pela mídia. A nosso lado, esteve o argumento das conquistas indiscutíveis dos governos Lula e Dilma, como o Prouni, o Pronatec, o FIES, a lei de Cotas, a ampliação da rede federal do ensino superior e técnico, além da aprovação dos 10% do PIB e recursos do Pré-Sal para a educação e a aprovação do Estatuto da Juventude, o Pleno Emprego e a estabilidade econômica. Foi um amplo processo de mobilização e diálogo com os jovens de todo país que nos levou à vitória no dia 26 de outubro.
A UJS não se furtou a denunciar, também, o golpismo sorrateiro da revista Veja, praticando deliberadamente crime eleitoral e demonstrando com indiscutível clareza qual é o lado dos barões da mídia brasileira na correlação de forças da nossa sociedade. Numa atitude desesperada, no afã de influenciar o resultado do pleito de domingo, a revista tentou vincular a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula ao escândalo da Petrobras. Armados com papel, tinta e uma idéia fixa, realizamos um ato pacífico em frente a Editora Abril. Por tal motivo, fomos qualificados pelos grandes meios de comunicação como terroristas, como vândalos, na tentativa de desviar a atenção do verdadeiro vandalismo e estelionato praticado pela Veja.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) qualificou a última edição da Revista como um verdadeiro panfleto da campanha e proibiu a sua veiculação como peça da campanha de Aécio. Ao passo que o advogado Antônio Figueiredo Basto, que representa o doleiro réu Alberto Youssef, declarou ao jornal Valor Econômico dessa quinta-feira (30), que o suposto depoimento ocorrido no dia 22 de outubro nunca existiu. “Nesse dia não houve depoimento no âmbito da delação. Isso é mentira. Ou a fonte da matéria mentiu ou isso é má-fé mesmo”. Não temos dúvida #VejaMente!
Ao fim, vencemos. Sabemos, no entanto, que o novo cenário que se desenha é ainda mais desafiador. Contamos com a consciência da presidenta Dilma para a necessidade de construir um programa mais à esquerda neste segundo mandato. Nesse sentido, a UJS e outros movimentos progressistas comemoram o compromisso já firmado por Dilma, em campanha com temas como a criminalização da homofobia, o fim dos autos de resistência, maior participação social em decisões estratégicas através de plebiscitos e referendos, além da tão almejada Reforma Política Democrática, que aumente a participação popular, afaste a influência negativa do poder econômico e das empresas na política, combata a corrupção na sua origem, abra novos canais de participação para as mulheres, os negros e os jovens. Inclusive, temos o orgulho de ter lançado dirigentes da entidade como candidatos a cargos públicos nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Goiás, Amazonas, Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão. Precisamos acompanhar e potencializar essas e outras possíveis candidaturas para 2016 e permanecer mobilizados.
Para avançar nessas lutas, Dilma precisará de um extenso apoio social, a partir da luta das ruas. A eleição do Congresso Nacional mais conservador dos últimos tempos e o sinal que foi dado com o boicote parlamentar à Política Nacional de Participação Social mostram que o desafio já está colocado. O afloramento de uma direita de essência conservadora, com feição e pautas próprias e radicalizadas, é outro sinal. É necessário compreender que a força de sustentação da campanha de Dilma, principalmente no segundo turno, foi como uma reedição dos sentimentos progressistas das jornadas de junho de 2013. Agora, não podemos sair das ruas. É necessário prosseguir para garantir os compromissos que reelegeram a presidenta e que só encontrarão a sustentação devida na pressão popular dos movimentos sociais brasileiros.
Queremos seguir amando e mudando ainda mais o Brasil. Com a chegada dos seus 30 anos, a UJS está preparada para dar a sua colaboração, com o crescente estímulo à participação política da juventude. O encontro de Dilma com Dilma deve ser análogo ao nosso encontro com nós mesmos. É hora de resgate da identidade de lutas dos movimentos sociais brasileiros, com a tomada das ruas e a pressão necessária para um novo ciclo de avanços democráticos. Nosso peito está aberto e nosso coração ainda mais valente. É hora de seguir até a vitória.
* Renan Alencar é presidente da União da Juventude Socialista (UJS)
A valentia foi o grande tema das eleições presidenciais do Brasil em 2014. Não poderia ser diferente em um país continental de 200 milhões de habitantes, em fase de desenvolvimento social e econômico, marcado por históricas desigualdades desde a sua colonização, mas com um grande potencial social, ambiental, cultural, e que busca reverter o curso do poder de poucos para poucos. Querer governar o Brasil, de forma justa, é certamente ambição para os mais valentes.
O coração valente, símbolo da campanha da presidenta Dilma encontrou forte reverberação no espírito da juventude brasileira, em especial aquela mobilizada, nos últimos anos, nas ruas e nas redes do país. A ousadia, a rebeldia, a valentia são marcas indeléveis das mais diversas gerações de jovens brasileiros, sempre comprometidos e protagonistas em momentos decisivos da nossa história.
Essa é uma marca também inalienável na biografia de Dilma Rousseff, que além de ser a primeira presidenta mulher da nossa república, é a primeira chefa de estado do país que começou a sua militância, justamente, nos mais novos anos de sua vida, no movimento estudantil do Colégio Estadual Central de Belo Horizonte. A valentia de uma jovem que saiu do grêmio da sua escola para a presidência da república – enfrentando nesse hiato o mais brutal e totalitário período de governo ditatorial – é algo que alcança os mais profundos brios dos jovens militantes brasileiros. Foi o que ocorreu com a União da Juventude Socialista (UJS).
A gana da UJS em defender o projeto popular de Dilma Rousseff começou bem antes da trágica morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que levou à uma reviravolta no cenário político nacional. Nós compramos a ideia da valentia bem mais cedo, no mês de maio, quando recebemos a presidenta no maior Congresso já realizado pela nossa entidade, em Brasília, com jovens de todos os estados e firmamos ali a necessidade de construção de uma pauta de mudanças mais avançada, ousada, com coragem e amor.
Foi esse acúmulo que levou a UJS a encampar ostensivamente a campanha “Coração Valente” no primeiro e segundo turno das eleições, recuperando a simbólica imagem da jovem Dilma em um julgamento militar, enfrentando com bravura e olhar determinado os seus algozes. A imagem foi utilizada, primeiramente, no Congresso da UJS, em uma grande bandeira que chamou a atenção e emocionou a pŕopria presidenta. Sabíamos, então, que era essa a nossa função: promover o encontro entre as duas Dilmas, não somente para a própria presidenta, mas para todos os brasileiros, nas ruas, nas praças, na internet, em cada grande cidade ou recanto rural desse Brasil.
O segundo turno das eleições, quando se evidenciou a polarização com o projeto neoliberal, amplamente municiado pelos grandes grupos midiáticos e pela apropriação desonesta do legítimo sentimento de mudança social do povo brasileiro, levou a eleição para uma nova trincheira. Ali, a UJS e outros movimentos sociais mostraram sua força em grandes atos políticos e culturais nas principais metrópoles nacionais.
Foi uma luta ampla e diversificada. Ao som dos tambores do carnaval e juntando energias contra o ódio e o preconceito, o movimento BH+Amor levou as cores de Dilma para as ruas de Belo Horizonte por dois fins de semana seguidos. Mostrando que as universidades também escolheram o seu lado, os “Rousselfies” se espalharam por diversos campi do país, com fotos massivas de estudantes, professores e funcionários em apoio à reeleição da presidenta.
Dilma deu sinais de maior aproximação com setores importantes, entre eles a juventude da periferia, que a recebeu em um grande ato em Itaquera, São Paulo, e a classe artística, com um encontro especial no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (Tuca). Esse último evento ficou marcado pela enorme aglomeração de pessoas do lado de fora do prédio e pela interação de Dilma com a multidão aos gritos do “quem não pula é tucano”. Em Recife, o comício de Lula e Dilma reuniu 50 mil pessoas em uma noite histórica, em Porto Alegre foram 15 mil. No Rio de Janeiro, o grande ato da Cinelândia também marcou a identidade dessa etapa de massas da campanha.
Coube a todos nós, dos movimentos juvenis progressistas, revelar aos mais jovens a grande diferença entre o projeto de Lula e Dilma e os governos anteriores, cuja marca foi o desemprego, o sucateamento da educação e a secura de oportunidades, principalmente para a juventude. Foi uma ação multipolarizada, com ativismo digital, panfletagens, debates, adesivos, lambe-lambes, passeatas, stêncil e as mais diversas formas de comunicação.
Tanto nas redes sociais como nas ruas, contribuímos para trazer a tona elementos programáticos impopulares, regressivos e conservadores até então ocultados pela mídia. A nosso lado, esteve o argumento das conquistas indiscutíveis dos governos Lula e Dilma, como o Prouni, o Pronatec, o FIES, a lei de Cotas, a ampliação da rede federal do ensino superior e técnico, além da aprovação dos 10% do PIB e recursos do Pré-Sal para a educação e a aprovação do Estatuto da Juventude, o Pleno Emprego e a estabilidade econômica. Foi um amplo processo de mobilização e diálogo com os jovens de todo país que nos levou à vitória no dia 26 de outubro.
A UJS não se furtou a denunciar, também, o golpismo sorrateiro da revista Veja, praticando deliberadamente crime eleitoral e demonstrando com indiscutível clareza qual é o lado dos barões da mídia brasileira na correlação de forças da nossa sociedade. Numa atitude desesperada, no afã de influenciar o resultado do pleito de domingo, a revista tentou vincular a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula ao escândalo da Petrobras. Armados com papel, tinta e uma idéia fixa, realizamos um ato pacífico em frente a Editora Abril. Por tal motivo, fomos qualificados pelos grandes meios de comunicação como terroristas, como vândalos, na tentativa de desviar a atenção do verdadeiro vandalismo e estelionato praticado pela Veja.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) qualificou a última edição da Revista como um verdadeiro panfleto da campanha e proibiu a sua veiculação como peça da campanha de Aécio. Ao passo que o advogado Antônio Figueiredo Basto, que representa o doleiro réu Alberto Youssef, declarou ao jornal Valor Econômico dessa quinta-feira (30), que o suposto depoimento ocorrido no dia 22 de outubro nunca existiu. “Nesse dia não houve depoimento no âmbito da delação. Isso é mentira. Ou a fonte da matéria mentiu ou isso é má-fé mesmo”. Não temos dúvida #VejaMente!
Ao fim, vencemos. Sabemos, no entanto, que o novo cenário que se desenha é ainda mais desafiador. Contamos com a consciência da presidenta Dilma para a necessidade de construir um programa mais à esquerda neste segundo mandato. Nesse sentido, a UJS e outros movimentos progressistas comemoram o compromisso já firmado por Dilma, em campanha com temas como a criminalização da homofobia, o fim dos autos de resistência, maior participação social em decisões estratégicas através de plebiscitos e referendos, além da tão almejada Reforma Política Democrática, que aumente a participação popular, afaste a influência negativa do poder econômico e das empresas na política, combata a corrupção na sua origem, abra novos canais de participação para as mulheres, os negros e os jovens. Inclusive, temos o orgulho de ter lançado dirigentes da entidade como candidatos a cargos públicos nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Goiás, Amazonas, Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão. Precisamos acompanhar e potencializar essas e outras possíveis candidaturas para 2016 e permanecer mobilizados.
Para avançar nessas lutas, Dilma precisará de um extenso apoio social, a partir da luta das ruas. A eleição do Congresso Nacional mais conservador dos últimos tempos e o sinal que foi dado com o boicote parlamentar à Política Nacional de Participação Social mostram que o desafio já está colocado. O afloramento de uma direita de essência conservadora, com feição e pautas próprias e radicalizadas, é outro sinal. É necessário compreender que a força de sustentação da campanha de Dilma, principalmente no segundo turno, foi como uma reedição dos sentimentos progressistas das jornadas de junho de 2013. Agora, não podemos sair das ruas. É necessário prosseguir para garantir os compromissos que reelegeram a presidenta e que só encontrarão a sustentação devida na pressão popular dos movimentos sociais brasileiros.
Queremos seguir amando e mudando ainda mais o Brasil. Com a chegada dos seus 30 anos, a UJS está preparada para dar a sua colaboração, com o crescente estímulo à participação política da juventude. O encontro de Dilma com Dilma deve ser análogo ao nosso encontro com nós mesmos. É hora de resgate da identidade de lutas dos movimentos sociais brasileiros, com a tomada das ruas e a pressão necessária para um novo ciclo de avanços democráticos. Nosso peito está aberto e nosso coração ainda mais valente. É hora de seguir até a vitória.
* Renan Alencar é presidente da União da Juventude Socialista (UJS)
esculacho na Editora Abril teve o mesmo estilo e legitimidade que os esculachos aos torturadores do golpe para a ditadura militar.
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