Com a participação de Rubens Valente, o repórter que desvendou os segredos da Operação Banqueiro de Daniel Dantas, ficamos sabendo que a UTC, uma das empreiteiras acusadas na Operação Lava-Jato, recebia visitas do “Dr. Freitas”, emissário do PSDB, em busca de contribuições eleitorais.
E as conseguia, com fartura.
A reportagem – coisa rara no Brasil – vai atrás de quem seria o operador tucano e traz-nos sua identidade: é Sérgio Freitas, ex-executivo do Banco Itaú, ” que atuou na arrecadação de recursos de campanhas de políticos do PSDB em 2010 e 2014″.
E atuou bem: captou R$ 2,5 milhões ao comitê de Aécio Neves e mais R$ 4,1 milhões aos comitês tucanos em São Paulo e em Minas Gerais, além de R$ 400 mil para outros candidatos tucanos, dados pela empreiteira, que doou também ao PT e a outros partidos e candidatos, entre eles Ronaldo Caiado (DEM).
Freitas havia desempenhado o mesmo papel na campanha de Serra, em 2010, época em que o esquema de Paulo Roberto Costa andava de vento em pôpa.
Para além dos fatos, a matéria revela a imensa hipocrisia do que vem sendo a cobertura desta história.
Todos (ou quase todos) os candidatos, num sistema eleitoral corrompido pelas doações empresariais legais como é o nosso, precisam recorrer ao dinheiro das empresas, se tiveram pretensão de serem eleitos.
É evidente que a política, se depende de pessoas que sabem procurar empreiteiras para pedir dinheiro “por dentro”, se sujeita à obvia possibilidade de que se peça – para si ou para alguém – o “por fora”.
É por isso que que Reinaldo Azevedo chama de “ideia asnal” a de “banir o mercado do financiamento de campanhas eleitorais”.
Porque o financiamento privado de campanhas é a grande corrupção.
O resto é o varejo dos ratinhos que tomam um aqui e outro ali, como infelizmente acontece no mundo inteiro, até no comunismo chinês.
Aliás, e a propósito, porque é que não se fala que o tal Pedro Barusco, que rapidinho se ofereceu para devolver R$ 250 milhões depositados no exterior, trabalha para André Esteves, dono do banco BTG Pactual, e que se tornou habitué na campanha de Aécio Neves?
Ou será que estamos ainda no Brasil em que a moral e a lei servem para uns, mas não para outros?
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