Por Cíntia Alves, no Jornal GGN:
Circula nas redes sociais essa semana um vídeo institucional resgatado de maio de 2012. Trata-se da comemoração dos 10 anos do lançamento da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) no mercado de capital. Há dois anos, a atual presidente Dilma Pena foi à Nova York, acompanhada de uma comitiva, para tocar os sinos da bolsa americana. Em 2002 que a Sabesp começou a atrair fortemente o interesse de investidores estrangeiros, hoje responsáveis pelo controle de 24,2% da empresa.
Reportagem do GGN revelou, com base em dados divulgados em março de 2014 pela Diretoria Econômico-Financeira e de Relações com os Investidores, que desde que iniciou a venda de ações, a Sabesp distribuiu pelo menos R$ 4,3 bilhões em lucros para os acionistas (valores não atualizados). Isso representa cerca de um terço do lucro líquido da companhia entre 2003 e 2013, ou o dobro do que a Sabesp diz investir anualmente em saneamento básico.
Os números da empresa mostram que durante o governo Geraldo Alckmin (PSDB), a Sabesp sempre distribuiu mais dividendos entre os acionistas do que seu estatuto recomenda. Pelo documento, 25% do lucro líquido poderiam ser repassados aos investidores. Mas a Sabesp bateu recordes e nos anos que antecederam a atual crise de abastecimento de água, atingiu payout de quase 28%. Em 2003, o índice foi de 60%.
Foi em 1994, com a justificativa de que assim conseguiria mais dinheiro para investir em abastecimento de água e tratamento de esgoto, que o governo de São Paulo decidiu tornar a Sabesp uma companhia mista. Hoje, além dos 24,2% que pertencem aos acionistas estrangeiros, o controle é dividido entre o Estado (50,3%) e os acionistas brasileiros (25,5%).
Logo, em 2014, a Sabesp comemora 10 anos como empresa de capital misto. Todo o dinheiro angariado com a gestão do negócio não se demonstrou suficiente, entretanto, para reduzir a dependência da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) em relação ao Sistema Cantareira.
Este ano os mananciais do maior sistema de abastecimento do Estado atingiram os menores níveis de reserva de água da história. O esgotamento do Cantareira levou ao uso de outro sistema, o Alto Tietê, que igualmente chegou ao volume morto.
Apesar de o Estado e a Sabesp usarem como argumento para o problema de abastecimento a escassez de chuva, há estudos que apontam a necessidade emergencial de criar alternativas ao Cantareira há pelo menos cinco anos. Ou seja, quando a Sabesp tocou os sinos em Nova York, já deveria imaginar, no mínimo, que poderia enfrentar uma crise séria caso não tirasse bons projetos do papel para a RMSP.
Em meio à crise, fica a dúvida: haverá motivos e coragem para um Sabesp Day em comemoração à década da abertura de capital?
Circula nas redes sociais essa semana um vídeo institucional resgatado de maio de 2012. Trata-se da comemoração dos 10 anos do lançamento da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) no mercado de capital. Há dois anos, a atual presidente Dilma Pena foi à Nova York, acompanhada de uma comitiva, para tocar os sinos da bolsa americana. Em 2002 que a Sabesp começou a atrair fortemente o interesse de investidores estrangeiros, hoje responsáveis pelo controle de 24,2% da empresa.
Reportagem do GGN revelou, com base em dados divulgados em março de 2014 pela Diretoria Econômico-Financeira e de Relações com os Investidores, que desde que iniciou a venda de ações, a Sabesp distribuiu pelo menos R$ 4,3 bilhões em lucros para os acionistas (valores não atualizados). Isso representa cerca de um terço do lucro líquido da companhia entre 2003 e 2013, ou o dobro do que a Sabesp diz investir anualmente em saneamento básico.
Os números da empresa mostram que durante o governo Geraldo Alckmin (PSDB), a Sabesp sempre distribuiu mais dividendos entre os acionistas do que seu estatuto recomenda. Pelo documento, 25% do lucro líquido poderiam ser repassados aos investidores. Mas a Sabesp bateu recordes e nos anos que antecederam a atual crise de abastecimento de água, atingiu payout de quase 28%. Em 2003, o índice foi de 60%.
Foi em 1994, com a justificativa de que assim conseguiria mais dinheiro para investir em abastecimento de água e tratamento de esgoto, que o governo de São Paulo decidiu tornar a Sabesp uma companhia mista. Hoje, além dos 24,2% que pertencem aos acionistas estrangeiros, o controle é dividido entre o Estado (50,3%) e os acionistas brasileiros (25,5%).
Logo, em 2014, a Sabesp comemora 10 anos como empresa de capital misto. Todo o dinheiro angariado com a gestão do negócio não se demonstrou suficiente, entretanto, para reduzir a dependência da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) em relação ao Sistema Cantareira.
Este ano os mananciais do maior sistema de abastecimento do Estado atingiram os menores níveis de reserva de água da história. O esgotamento do Cantareira levou ao uso de outro sistema, o Alto Tietê, que igualmente chegou ao volume morto.
Apesar de o Estado e a Sabesp usarem como argumento para o problema de abastecimento a escassez de chuva, há estudos que apontam a necessidade emergencial de criar alternativas ao Cantareira há pelo menos cinco anos. Ou seja, quando a Sabesp tocou os sinos em Nova York, já deveria imaginar, no mínimo, que poderia enfrentar uma crise séria caso não tirasse bons projetos do papel para a RMSP.
Em meio à crise, fica a dúvida: haverá motivos e coragem para um Sabesp Day em comemoração à década da abertura de capital?
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