Por Altamiro Borges
Não é para menos que o cambaleante Aécio Neves anunciou, em entrevista à Folha nesta semana, que "já cumpri meu papel" e que o governador Geraldo Alckmin deve ser o candidato do PSDB em 2018. Além da sua dupla derrota – na corrida presidencial e na manutenção do governo de Minas Gerais –, o senador sabe que não conta com a simpatia da oligarquia nativa. Ele é visto como um playboy sem condições de governar o país. A elite até o apoiou, no seu ódio ao lulopetismo, mas ele "já cumpriu o seu papel" e pode ser descartado. O "Ranking do Progresso", publicado nesta semana pela "Veja", sinaliza que ele já virou bagaço. Passado o pleito, ele recebeu nota zero do panfleto da direita nativa.
Pela quarta vez consecutiva, a revista da marginal publica seu "Ranking do Progresso" do ano – "uma avaliação objetiva do desempenho dos senadores e deputados – que, no conjunto, tratam o país com seriedade". O estudo é realizado em parceria com o Núcleo de Estudos sobre o Congresso (Necon), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj). Os critérios de escolha seguem a linha editorial da publicação da famiglia Civita – em defesa do "livre mercado" e do "Estado mínimo", o que inclui a redução da carga tributária e dos direitos trabalhistas. Nem por estes critérios neoliberais o cambaleante Aécio Neves foi aprovado. Ele recebeu nota zero – ficando em último lugar na lista – abaixo dos senadores Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que obteve nota 0,13, e Cristovam Buarque (PDT-DF) , que recebeu nota 0,33.
Nos três anos anteriores, o tal "ranking" visou destacar a "presença de uma resistência oposicionista de qualidade", conforme confessa a revista. "Registramos que os parlamentares que sobressaíram como defensores de propostas condizentes com o aumento da competitividade e da modernização da economia brasileira, de novo, segundo os parâmetros de Veja e da Editora Abril, eram basicamente políticos eleitos por partidos de oposição (em especial PSDB e PPS, e alguns do novo PSD, egressos do DEM)". Já na avaliação do desempenho em 2014, a revista levou em conta o "calendário eleitoral" – que resultou em um número relativamente baixo de deliberações no Congresso. "Diante da escassez legislativa, aumentou o peso de pequenas ações dos senadores e deputados. Um simples discurso ou uma votação em plenário podem ter sido decisivos na definição do lugar do congressista no ranking da Veja".
Mesmo com esta nuance, Aécio Neves recebeu nota zero! Além de não apresentar projetos, o senador mineiro-carioca não comparece ao Congresso Nacional. Isto confirma sua fama de playboy, de quem prefere utilizar as passagens pagas do Senado para curtir sua baladas no Rio de Janeiro. "Estar em plenário e votar mal, vale dizer, na contramão daquilo que a revista e a Editora Abril consideram decisivo para a modernização do Brasil, conta, e muito, para que o senador ou deputado em questão desabe no ranking". O estudo não contabilizou a atuação parlamentar em dezembro – talvez Aécio Neves ficasse no negativo, devendo alguns pontos. Mas o cambaleante não tem o que reclamar da revista. Ela evitou divulgar uma prévia da pesquisa em outubro para não prejudicá-lo na eleição. Agora, ele "já cumpriu seu papel". Tchau, playboy!
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