Por Altamiro Borges
No seu triste papel de serviçal da famiglia Marinho, o apresentador Fausto Silva agraciou neste final de semana o jornalista William Bonner com o "Troféu Mário Lago". O "Domingão do Faustão" foi pura bajulação, com vários depoimentos de elogios ao âncora do Jornal Nacional - dizem as más línguas que alguns profissionais da emissora foram forçados a participar do teatrinho. Nas redes sociais, porém, vários ativistas questionaram a premiação. A crítica mais dura partiu da própria filha de Mário Lago, que detonou o jornalismo praticado pelo império global. Vale conferir sua mensagem no Facebook:
Meu pai, Mário Lago, merece respeito. Enojada e revoltada com a farsa que foi o Prêmio Mário Lago 2014. Com a audiência do JN despencando, o premiado foi o editor geral do panfleto global. E tome elogios ao jornalismo da Globo, à "ética, lisura e imparcialidade" do JN, à maneira "firme, mas respeitosa" como Bonner conduziu as entrevistas com os presidenciáveis, ao serviço prestado pelo JN à moralização do país... E tome pau nas redes sociais "instrumentalizadas pelos partidos" para atacar a globo e seu jornalismo. Nojo. Lá no infinito papai e mamãe devem ter ficado muito revoltados. E atenção, Rede Globo, não sou instrumentalizada por ninguém ou por nada. Sei pensar, refletir, fazer escolhas, opinar, me posicionar".
As críticas de Graça Lago e de centenas de ciberativistas devem ter estragado a festança de William Bonner, que já expressou várias vezes a sua bronca à multiplicação das vozes na internet. No próprio "Domingão do Faustão", ao ser agraciado e bajulado com o troféu, ele fez questão de atacar as redes sociais. "Os partidos políticos instrumentalizam com robôs que estão ali para insultar outros partidos e insultar a imprensa, que faz apenas o seu trabalho. A intolerância política e ideológica que nós experimentamos neste ano foi muito ruim e ela esteve muito presente em redes sociais".
Fiel capataz da famiglia Marinho, ele também jurou que "o jornalismo da Globo amadureceu muito com a própria democracia brasileira". Ele devia estar se referindo à edição manipulada do debate entre Lula e Collor, em 1989; ou à "bolinha de papel" que quase matou o candidato-careca José Serra, em 2010; ou à entrevista-fuzilamento que ele próprio comandou contra a presidenta Dilma, em 2014. Talvez também se referisse ao terrorismo praticado contra a Copa no Brasil ou às previsões furadas dos urubólogos contra a economia nacional. A filha do ator e poeta Mário Lago, um comunista que foi preso sete vezes na luta contra a opressão, tem todos os motivos para se sentir "enojada"!
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