Geraldo Alckmin foi reeleito já no primeiro turno para governar São Paulo por mais quatro anos. Caso conclua o novo mandato, o "picolé de chuchu", segundo a ácida ironia de José Simão, poderá somar 14 anos de residência no Palácio dos Bandeirantes. Isto apesar da crise de abastecimento de água no Estado mais rico da federação, do caos na segurança pública, das panes e atrasados no Metrô. Este "fenômeno eleitoral" tem várias causas, mas a principal é a enorme blindagem promovida pela mídia chapa-branca – que recebe fortunas em publicidade e outras regalias do governo estadual. Nem as maracutaias das gestões tucanas, como o "trensalão", ganham os seus holofotes. Agora, passada as eleições, a sociedade descobre que falta até papel higiênico nas escolas públicas de São Paulo.
Segundo reportagem da Rede Brasil Atual, o governo cortou em novembro a verba enviada a escolas da zona oeste da capital para compra de produtos de higiene e materiais de escritório. "As instituições de ensino terminam o ano letivo sem papel higiênico, folhas sulfite, sabonetes, copos descartáveis e outros itens básicos, como denunciaram à RBA professores e diretores que não se identificaram, temendo represálias... As escolas também ficarão sem a verba que anualmente era encaminhada para a realização de reformas no prédio e sem o dinheiro para contratação de professores-estagiários e para realização de atividades culturais fora da escola", relata a jornalista Sarah Fernandes.
Os materiais escolares e produtos básicos para manutenção das unidades são comprados por meio da chamada Verba Gimba, que deveria ser entregue mensalmente às escolas, de acordo com o número de alunos. Ela foi cortada em algumas unidades entre novembro e dezembro, o que obrigou muitos dos gestores a tirarem dinheiro de outros projetos. "'Ficamos sem papel higiênico e sem folhas para secar as mãos', afirmou uma professora de outra escola da rede estadual também na capital paulista, que igualmente manteve identidade em sigilo".
Procurada pela RBA, a Secretaria de Estado da Educação negou que faltem materiais nas escolas da rede pública estadual. No entanto, sua assessoria afirmou que "o sistema da rede de suprimentos, que passa por replanejamento, será reaberto às unidades nos primeiros dias úteis do mês de janeiro". Pelo jeito, tucanaram também os cortes de verbas, agora chamados de "replanejamento". "De acordo com dados do Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária (Sigeo), obtidos pela RBA, o montante encaminhado pelo governo do estado para 'outros materiais de consumo' foi reduzido em 40,7% entre setembro e outubro, último mês com dados fechados".
"O dinheiro para o 'Trato na Escola' – total de R$ 7,9 mil que as instituições recebem todo janeiro para realizar pequenas reformas, como pintura, conserto de janelas e compra de novas carteiras – também foi cortado. 'Só sabemos que a verba não vai vir no ano que vem, mais nada', lamentou um dos gestores que manteve contato com a reportagem. Segundo o Sigeo, a verba para a rubrica 'reforma de imóveis' caiu 44,4% entre setembro e outubro". Ainda de acordo com os entrevistados, também foram cortadas as verbas para realização de atividades fora de escola, do programa chamado Cultura é Currículo, e para a contratação de estudantes de licenciatura para estágios remunerados, pelo Residência Educacional, que funcionou na rede por apenas nove meses.
Apesar de toda retórica sobre "austeridade fiscal", que os tucanos bravateiam e a mídia chapa-branca amplifica, o Estado de São Paulo está falido. Geraldo Alckmin apresentou três déficits orçamentários consecutivos. Em 2011 foi de R$ 723,9 milhões; em 2012 de R$ 240,5 milhões; e em 2013 fechou em R$ 995 milhões. São Paulo só registrou superávits entre 1998 e 2010. "Em 10 de novembro deste ano, o governador publicou o decreto de número 60.887, que determinou que a média de realização das despesas correntes nos órgãos da administração estadual no último trimestre de 2014 'não poderá exceder a média do valor liquidado no período de abril a setembro de 2014'". A medida arrocha ainda mais os gastos do Estado, o que ajuda a explicar a falta de papel higiênico nas escolas públicas!
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Quero apenas lembrar que o governo de São Paulo parece que fez 5200 assinaturas da revista VEJA. Embora o papel não seja dos melhores para certas utilizações, no caso de necessidade, suas folhas podem ser usadas, servindo pelo menos para alguma coisa :-)
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