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Através de expedientes duvidosos – que incluem suspeitas de sonegação de imposto e de desvios de grana para o exterior – os filhos de Roberto Marinho seguem na lista dos mais ricos do planeta, segundo o ranking da revista Forbes. Já a situação do império global, porém, não parece tão tranquila. Segundo matéria de Vitor Moreno, na Folha desta quarta-feira (21), a audiência da TV Globo deverá ser a pior da história da emissora neste janeiro escaldante. “Não é só quem não tem ar-condicionado que está sofrendo com as altas temperaturas do verão brasileiro”, ironiza.
“A Globo, que chega aos 50 anos em 2015, teve pouco o que comemorar até agora. Se tudo continuar como está, a emissora terá o pior índice de share (participação no número de TVs ligadas) para o mês de janeiro de sua história. Até segunda (19), na média diária (das 7h à meia-noite), a marca estava em 32,6%. Ou seja, de cada 100 televisores ligados, entre 32 e 33 estavam na Globo. Em janeiro de 2004, o share era de 51,2% no mesmo período, o que equivale a dizer que mais da metade do público estava sintonizado na emissora... Vale dizer que as demais emissoras tiveram variação menor. Record e SBT chegaram a crescer, bem como os canais pagos e UHF”, descreve o jornalista.
A decadência do império global, porém, não decorre apenas dos bares cheios e dos passeios nas ruas para escapar do calor. O problema é bem mais grave e estrutural. Como aponta o jornalista Luiz Carlos Azenha, no blog “Viomundo”, as emissoras de tevê do mundo inteiro sofrem cada vez mais com o avanço da internet e das novas tecnologias. “As redes de TV tradicionais transpiram um cheiro de naftalina”, afirma num artigo imperdível em que prevê que o Netflix “aos poucos vai matar a Globo” (leia aqui).
Mas não são apenas os temidos “blogueiros sujos” que fazem esta previsão apocalíptica. Em outro texto publicado na Folha desta quarta-feira, o jornalista Nelson de Sá aponta para o mesmo destino insólito. Vale conferir:
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Fim da TV como a conhecemos se acelerou nos últimos meses
NELSON DE SÁ
Nos Estados Unidos, os sinais do fim da televisão como a conhecemos, tanto aberta quanto paga, se aceleraram nos últimos três meses.
As premiações do Globo de Ouro e os anúncios seguidos de maior produção de conteúdo pelas gigantes de tecnologia Amazon e Netflix, já puxando outras, como Yahoo, são parte - e símbolo -dessa mudança.
Outra parte são os canais e redes que resistiam a oferecer vídeo sob demanda e começaram agora a ceder, anunciando serviços on-line próprios, como as grandes produtoras HBO (Time Warner), CBS e Univision.
Em outra frente, avançaram bastante os aparelhos de televisão desenvolvidos também para streaming, que tornam desnecessário recorrer a consoles como Xbox e Playstation ou reprodutores como Apple TV.
A partir de março, alguns deles passam a ser vendidos com selo de aprovação da própria Netflix. Entre outros, televisores de LG, Sony, Vizio e Roku - os dois últimos já mais baratos, de US$ 500 - virão com a inscrição "Netflix recommended".
E mais uma mudança ainda está por vir. A ESPN (Disney Corp.), o maior canal esportivo nos Estados Unidos, anunciou que o campeonato de futebol americano universitário de 2015/16 será oferecido também via internet.
Até hoje, a maior audiência de um programa de TV paga no país é a final de 2011 desse campeonato, que alcançou 16 pontos. E o novo serviço, além dele, promete incluir todas as outras transmissões da ESPN.
Em síntese, na "nova era" que se anuncia para a televisão os espectadores poderão finalmente pagar pelo que querem ver, à la carte, e não mais pelo rodízio sem fim de canais ou programas. Mas nem tudo são flores.
Calcula-se que assinar um acesso decente à internet, mais Netflix, Amazon Prime Instant Video, CBS All Access, a nova Sling TV da ESPN e a futura HBO on-line pode até ficar mais caro que assinar a TV paga de hoje.
Ainda que restando dúvidas quanto ao custo para o telespectador, o caminho já está dado. No ano passado, pela primeira vez, as operadoras americanas venderam mais assinaturas de acesso à banda larga que assinaturas de TV paga.
Ou seja, operadoras como a Time Warner e a Comcast poderão até sair ganhando. O mesmo vale, é claro, para quando o movimento chegar, atrasado, ao Brasil.
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