Por Wanderley Preite Sobrinho, na revista CartaCapital:
Ao contrário das manifestações que encerraram o levante pelo passe livre em 2013, quando a Polícia Militar baixou a guarda diante da adesão popular, o protesto contra o aumento da passagem nesta sexta-feira 9 em São Paulo terminou em repressão. Um pelotão de 800 homens, incluindo 110 da Tropa do Braço (com treinamento em artes marciais), não suportou a provocação de um pequeno grupo de Black Blocs e decidiu por fim à toda manifestação faltando 200 metros para que ela terminasse na região da Avenida Paulista.
O protesto começou de forma pacífica por volta das 17h em frente ao Teatro Municipal, no centro. Como combinado, a passeata teve início às 18h. A decisão, tomada em assembleia, era de que o percurso passaria pelas Avenidas São João, Ipiranga e Consolação antes de chegar à Praça do Ciclista, no início da Avenida Paulista, onde a marcha acabaria.
Sob gritos de ordem, a caminhada seguiu pacífica até que, próximo ao final do trajeto, cerca de 30 manifestantes mascarados começaram a derrubar lixeiras e a insultar a PM, que não estava disposta a dialogar com os milhares de manifestantes que desejavam concluir o trecho sem brigas.
O primeiro jovem foi logo imobilizado, gerando revolta. Aos poucos, a Tropa do Braço entrava em ação em diferentes pontos da marcha imobilizando manifestantes enquanto a tropa de choque fazia a dispersão distribuindo bombas de efeito moral e tiros de borracha.
Um grupo voltou para o centro, outro seguiu para a rua Augusta. “Os Black Blocs começaram a provocação. Eu os vi jogando bombas primeiro”, garantia Samanta Queiróz (34). Membro da ONG Observadores Legais – que reúne voluntários para acompanhar o trabalho da PM em protestos –, Camui Santos (26) considerou desproporcional a reação da PM, uma vez que o restante do grupo protestava pacificamente. “Há dezenas de presos, a maioria por questões pífias, como desacato.”
Das 30 mil pessoas no ato, segundo o Movimento Passe Livre (MPL) - a PM fala em 2 mil -, 51 foram presas, dentre elas o marido de uma manifestante que preferiu não revelar o nome. Aos soluços, ela perguntava pelo paradeiro do companheiro, que foi arrastado enquanto ela era espancada. Terminou no chão com suspeita de fratura no braço. “Vou processar a polícia! Ela não pode prender alguém sem razão. Não estávamos quebrando nada”, dizia com o braço amparado por um torniquete que ela mesma improvisou com o retalho de uma camiseta.
Em outro ponto da manifestação, três homens amarravam os pulsos de outro jovem e o arrastavam pelos cabelos até o cordão de isolamento. “Ele já está imobilizado”, gritava uma manifestante que pedia a soltura do colega. “Por que agredir?”
As fachadas de uma agência bancária na Consolação e uma concessionária de carros na Augusta terminaram estilhaçadas e um ônibus incendiado na rua Bahia.
O ato acabou por volta das 21h na Praça do Ciclista, onde o MPL – responsável pelo protesto – prometia novo ato para a próxima sexta-feira 16. “Vamos para a periferia”, dizia a porta-voz ao megafone.
Enquanto a bateria marcava o ritmo dos gritos de guerra, um micro-ônibus arrancava com os detidos sob os gritos de “polícia fascista”. “Participei dos protestos contra a ditadura e nem naquele tempo a polícia se comportava desse jeito”, lamentava a aposentada Nair Delmina dos Santos, de 67 anos.
O protesto começou de forma pacífica por volta das 17h em frente ao Teatro Municipal, no centro. Como combinado, a passeata teve início às 18h. A decisão, tomada em assembleia, era de que o percurso passaria pelas Avenidas São João, Ipiranga e Consolação antes de chegar à Praça do Ciclista, no início da Avenida Paulista, onde a marcha acabaria.
Sob gritos de ordem, a caminhada seguiu pacífica até que, próximo ao final do trajeto, cerca de 30 manifestantes mascarados começaram a derrubar lixeiras e a insultar a PM, que não estava disposta a dialogar com os milhares de manifestantes que desejavam concluir o trecho sem brigas.
O primeiro jovem foi logo imobilizado, gerando revolta. Aos poucos, a Tropa do Braço entrava em ação em diferentes pontos da marcha imobilizando manifestantes enquanto a tropa de choque fazia a dispersão distribuindo bombas de efeito moral e tiros de borracha.
Um grupo voltou para o centro, outro seguiu para a rua Augusta. “Os Black Blocs começaram a provocação. Eu os vi jogando bombas primeiro”, garantia Samanta Queiróz (34). Membro da ONG Observadores Legais – que reúne voluntários para acompanhar o trabalho da PM em protestos –, Camui Santos (26) considerou desproporcional a reação da PM, uma vez que o restante do grupo protestava pacificamente. “Há dezenas de presos, a maioria por questões pífias, como desacato.”
Das 30 mil pessoas no ato, segundo o Movimento Passe Livre (MPL) - a PM fala em 2 mil -, 51 foram presas, dentre elas o marido de uma manifestante que preferiu não revelar o nome. Aos soluços, ela perguntava pelo paradeiro do companheiro, que foi arrastado enquanto ela era espancada. Terminou no chão com suspeita de fratura no braço. “Vou processar a polícia! Ela não pode prender alguém sem razão. Não estávamos quebrando nada”, dizia com o braço amparado por um torniquete que ela mesma improvisou com o retalho de uma camiseta.
Em outro ponto da manifestação, três homens amarravam os pulsos de outro jovem e o arrastavam pelos cabelos até o cordão de isolamento. “Ele já está imobilizado”, gritava uma manifestante que pedia a soltura do colega. “Por que agredir?”
As fachadas de uma agência bancária na Consolação e uma concessionária de carros na Augusta terminaram estilhaçadas e um ônibus incendiado na rua Bahia.
O ato acabou por volta das 21h na Praça do Ciclista, onde o MPL – responsável pelo protesto – prometia novo ato para a próxima sexta-feira 16. “Vamos para a periferia”, dizia a porta-voz ao megafone.
Enquanto a bateria marcava o ritmo dos gritos de guerra, um micro-ônibus arrancava com os detidos sob os gritos de “polícia fascista”. “Participei dos protestos contra a ditadura e nem naquele tempo a polícia se comportava desse jeito”, lamentava a aposentada Nair Delmina dos Santos, de 67 anos.
Vandalismo não é 'protesto pacífico'. Tinham que ser presos e pagar pelo prejuízo, não importando se foi ao patrimônio público ou privado. Se resistirem à prisão com violência, devem ser tratados com força proporcional. Não vi a ação da polícia, não sei se foi proporcional, mas certamente foi necessária; suspeitaria de excesso se eles não tivessem conseguido sair de sua concentração inicial. Se, no final, resolveram "deixar sua marca", a ação foi necessária. Só para lembrar, mascarado não é manifestante, é bandido.
ResponderExcluirdbacellar, o protesto era sim pacífico e não acho justo a atitude de uma minoria tornar o esforço de tantos contrário. Eu estava lá, com meu marido e meu neném de 1 ano, e todo o percurso foi tranquilo. Quando chegávamos perto da Paulista, estávamos no fundo, vimos as viaturas tocar sirene aparentemente sem motivo mas com certeza como um sinal, como avisando a frente do controle da retaguarda. Não vi os black blocs agindo, e não acho que a atitude militar tenha sido proporcional. As bombas vieram em nossas direções sem termos feito nada, não éramos os arruaceiros, não tacamos pedra, não xingamos ninguém, e mesmo assim respiramos gás lacrimogênio e fomos obrigados a fugir a procura de abrigo.
ResponderExcluirSe você acredita que toda a sociedade deve pagar pelos crimes de poucos, que isso é necessário e justo, então eu entendo você achar que milhares de pessoas inocentes devam pagar pelos atos de "bandidos". Porque para mim, é a mesma situação em escala menor.
A polícia conseguiu o que queria, um motivo para dispersar todas as pessoas reunidas pela causa, não se importando nem um pouco em quem merecia ou não violência proporcional.