Por Altamiro Borges
Aécio Neves sempre foi visto como um típico político mineiro. Conciliador e cordato, ele se jactava de seguir as lições do seu avô, Tancredo Neves. A partir da campanha eleitoral do ano passado, ele mudou radicalmente de postura. Passou a babar ódio! Imaginava-se que era pura jogada de marketing. Após o pleito, porém, o derrotado nas urnas radicalizou ainda mais sua conduta. Afirmou que Dilma fora reeleita por “uma organização criminosa”; pediu a recontagem dos votos; em vídeo, apoiou marchas golpistas; e flertou com a ideia do impeachment de Dilma. Na semana passada, o senador até bateu boca com o presidente da Casa, Renan Calheiros. Com a sua barba por fazer, ele pareceu ainda mais colérico. Até seus pares estão surpresos com o seu total descontrole. Qual seria o motivo de tamanha agressividade depois de passadas as eleições?
Algumas pistas começam a aparecer. Na semana passada, numa pequena notinha, o jornal Estadão – que apoiou o cambaleante – confirmou que o governo de Minas Gerais pretende ir ao Ministério Público Federal para denunciar Aécio Neves e sua criatura, Antônio Anastasia. Segundo o deputado Durval Ângelo, líder da bancada petista no Legislativo mineiro, há indícios de “total corrupção” nos 12 anos de governos do PSDB no Estado. Conforme já havia prometido, o governador Fernando Pimentel criou uma auditoria para analisar a herança dos tucanos e até importou o “xerife” Mario Spinelli, que desbaratou a máfia dos fiscais que atuou em São Paulo nas gestões de José Serra e Gilberto Kassab. Os resultados destas investigações, segundo Durval Ângelo, são “estarrecedores”.
Minas finalmente terá CPIs?
Entre outras irregularidades, a auditoria constatou que as empreiteiras investigadas pela midiática Operação Lava-Jato também fizeram bilionários negócios em Minas Gerais. Os deputados mineiros, que sempre foram tratados na base da mordaça ou da sedução pelos governos tucanos, agora já falam em instalar várias Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) – o que era totalmente impensável no passado. Diante desta expectativa sombria, que talvez ajude a explicar a irritação do cambaleante Aécio Neves, o sempre atento Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, ouviu o deputado Durval Ângelo para entender os possíveis desdobramentos destas investigações. Reproduzo alguns trechos da entrevista:
“Segundo o petista, os alvos da investigação conduzida pelo ‘xerife Spinelli’ são a construção do estádio do Mineirão – que será alvo de CPI que a bancada estadual do PT pretende abrir –, a construção da Cidade Administrativa pelo governo Aécio Neves, a construção de estradas dadas em concessão à iniciativa privada (empreiteiras da Lava Jato), pagamento de vantagens irregulares a servidores vinculados aos governos tucanos e irregularidades na companhia de saneamento básico de MG, a Copasa. Esses são os focos principais das auditorias dos governos Aécio Neves e Antônio Anastasia que o governo de Fernando Pimentel está levando a cabo, mas não são todos, são, apenas, os focos principais. Segundo Ângelo, há muitas outras linhas de investigação”.
As "petrofortunas" da Lava-Jato
“O deputado petista afirma que Spinelli, o controlador-geral do Estado de Minas, já dispõe de ‘elementos evidentes’ sobre corrupção nas gestões tucanas e esses elementos serão tornados públicos no fim de março ou começo de abril. Ângelo informa que os suspeitos sem foro privilegiado serão denunciados ao Ministério Público estadual, apesar de ser controlado por um procurador-geral indicado pelo ex-governador Anastasia. Com foro privilegiado só figuram nas investigações os ex-governadores tucanos, que, por conta disso, serão denunciados ao Procurador Geral da República, Rodrigo Janot. O deputado também disse que durante os governos tucanos secretários de Estado, por exemplo, eram denunciados ao MP mineiro pela oposição, mas, como tinham foro privilegiado – só podiam ser investigados pelo chefe do MP estadual –, as investigações não andavam, pois o procurador-geral “sentava em cima”. Como agora esses servidores não têm mais foro privilegiado por não fazerem mais parte do governo qualquer procurador poderá investigá-los”.
“Já Aécio e Anastasia, por serem senadores poderão ser investigados pelo MPF, apesar de que a competência para investigá-los seria do procurador-geral do Estado. Mas como algumas supostas irregularidades os vinculam a empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, que tem escopo federal, a denúncia pode ser feita à Procuradoria Geral da República. Perguntado pelo Blog sobre a consistência das acusações, o deputado Durval Ângelo diz que seriam fortes. Porém, como se trata do PSDB ele desconfia que um elemento fundamental em investigações, a pressão da imprensa, não existirá, facilitando a vida dos acusados. Mas afirma que o que cabe ao governo Pimentel fazer, está sendo feito”.
No caso da midiática Operação Lava-Jato, até o jornalista Elio Gaspari, da Folha tucana, publicou uma notinha neste domingo (8) que deve atormentar ainda mais a vida de Aécio Neves. “O PSDB sabe que não sairá ileso da Operação Lava Jato. Suas petrofortunas recentes eram conhecidas antes mesmo do surgimento do juiz Sérgio Moro”. Juntando as duas informações, até dá para entender porque o cambaleante anda tão irritadinho!
*****
Leia também:
Tem mais um ponto também:
ResponderExcluiro Aécio perdeu quase todo o apoio que tinha em MG. Ele perdeu lá para Presidente e perdeu tentando emplacar um Governador. Logo, ele está sem base de apoio eleitoral, sem projeção midiática espontânea e ainda tem que lidar com as más noticias que surgirão.
Ele está tendo que fazer um baita esforço para aparecer, aparecer, aparecer... E por isto partiu para o tudo ou nada.
O principal motivo de tanta ira é que ele percebeu na noite de 26 de outubro que não precisava ter casado!!!
ResponderExcluirEstou ansiosa para ver esses dissimulados do PSDB serem julgados e condenados !! Será que isto vai ocorrer ? Ou só petista é que vai para cadeia ? Já passa da hora do Ministério Público mostrar que é imparcial e que vai acabar com a corrupção doa a quem doer.
ResponderExcluir