O jornal “Estado de Minas”, que se transformou em comitê eleitoral do cambaleante Aécio Neves no pleito de outubro passado, está em crise e corre o sério risco de falir. Nesta quarta-feira (7), o diário demitiu 12 profissionais – entre editores, repórteres e fotógrafos. O clima na redação é de pânico, já que o decadente império midiático está endividado e enfrenta drástica queda de tiragem e a fuga dos anunciantes. O Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais divulgou nota condenando as demissões, que reproduzo abaixo:
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Sindicato solidariza-se com dispensados pelo EM
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais denuncia a demissão de doze jornalistas do Estado de Minas realizadas nesta quarta-feira (7), todos eles com grande experiência profissional, alguns dos quais trabalhavam no jornal há décadas. Os cortes atingiram repórteres, editores, fotógrafos, um ilustrador e um diagramador; cinco editorias foram afetadas. Foi demitida também uma secretária. O Sindicato solidariza-se com os demitidos e suas famílias e manifesta sua grande preocupação com o fato, que enfraquece o jornalismo mineiro.
A preocupação do Sindicato não se limita à perda do emprego desses jornalistas e fechamento de postos de trabalho, mas também às circunstâncias que cercam a decisão da empresa. No final de 2014, num ato que teve grande repercussão, o então editor de Cultura João Paulo Cunha pediu demissão por não aceitar ter seus artigos censurados. Na ocasião, muitos colegas da redação fizeram um protesto contra a demissão, com o nome #somostodosjoão.
O Sindicato dos Jornalistas entende que o fortalecimento da profissão e da liberdade de imprensa passa pela produção de um jornalismo vigoroso, informativo e democrático, exatamente o oposto das medidas que vêm sendo tomadas pelo Estado de Minas. A renovação urgente do jornalismo mineiro não pode prescindir de profissionais experientes como estes que acabam de ser dispensados.
O Sindicato informa ainda aos dispensados que transmitirá orientações jurídicas a serem tomadas e em relação ao plano de saúde, que também foi motivo de litígio recente dos jornalistas com a empresa.
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A crise do “Estado de Minas” não é novidade. Há muito tempo que o jornal vinha definhando, diminuindo a qualidade do seu jornalismo e se tornando cada vez mais partidarizado. Há quem garanta que o diário sobrevivia graças ao “generoso” apoio financeiro dos tucanos, que governaram o Estado por 12 anos. Na campanha eleitoral de outubro, esta relação promíscua ficou ainda mais evidente. O dono do jornal até subiu no palanque de Aécio Neves e Pimenta da Veiga, os dois candidatos do PSDB humilhados pelo eleitorado mineiro. A empresa também “convocou” os profissionais a participarem da campanha aecista – ação autoritária que foi rechaçada pelo sindicato da categoria.
Com a derrota dos tucanos, a tendência é que o jornal, ainda considerado o maior diário de Minas Gerais, perca estas mamatas patrimonialistas. O novo governador, Fernando Pimentel (PT), já anunciou que fará um balanço rigoroso da gestão do PSDB, o que foi encarado como uma “devassa” pelas forças rechaçadas na eleição. Diante deste cenário, “O Estado de Minas” demite vários profissionais e reforça os seus laços partidários. A recente censura ao editor João Paulo Cunha pela redação de um artigo com críticas ao cambaleante Aécio Neves evidencia que o jornal partirá para o desespero. Ele tentará se firmar como porta-voz do tucanato derrotado. A questão é saber se ele ainda sobreviverá por muito tempo!
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1 comentários:
Reparem.
Apesar das mudanças nos novos tempos da midia no mundo inteiro aqui, alavancados por chantagens a governos e a corrupção, os meios aina nadavam de braçada.
Com a perda da Presidência pela 4ª vez consecutiva e tendo agido como agiu a mídia está agindo preventivamente pois a torneira fechará para eles em nivel federal e em especial em Minas Gerais..
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