quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Sob suspeita, Moro sonega informações

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

O ex-juiz e ministro da Justiça Sergio Moro deu um passo de gigante para se tornar alvo do autoritarismo que usava contra seus alvos – inclusive, os inocentes. Há suspeitas de que se reuniu com os donos da fábrica de armas Taurus na antevéspera do decreto de Bolsonaro liberando a posse de… armas! Ao recusar satisfações públicas, Moro mostra ter algo a esconder.

Em 2016, ao liberar grampos ilegais que mandou fazer e que envolviam o ex-presidente Lula e a então presidente Dilma Rousseff, o hoje ex-juiz Sergio Moro disse, então, frases que, hoje, ameaçam se tornar uma maldição, agora que ele está do outro lado da mesa do serviço público.


PCC, CV e milícias ganham status legislativo

Por Lenio Luiz Streck, no site Consultor Jurídico:

Na semana passada, levantei algumas questões persistentes sobre o pacote “anticrime” do ministro Sergio Moro. Falei sobre presunção de inocência, sobre plea bargain, sobre fixação de regime inicial em abstrato, e, claro sobre o gravíssimo dispositivo que legitima (ainda mais) uma prática que faz de nossa polícia a que mais mata no mundo. Por incrível que pareça, há ainda mais a ser dito, razão pela qual prometi que voltaria ao assunto. Ao trabalho.

O degredo da transparência no Brasil

Por Cezar Britto, no site Congresso em Foco:

Não é segredo que as eleições presidenciais provocaram um grande racha na sociedade, no trabalho, nas famílias e em toda espécie de agrupamento social. O mês natalino serviu para amenizar várias das desavenças, especialmente aquelas em que as diferenças ideológicas não descambaram para a violência, física ou não. Mas o curto lapso temporal entre a posse do eleito e os atos presidenciais por ele já externados parece ter interferido na rápida harmonia presenteada pelo bom velhinho. Talvez porque Noel – como escutei de alguns – gere algum tipo de desconfiança na sua persistência pelo uso do traje vermelho. Talvez até – como ouvi de vários outros – porque não se poderia esperar mensagens de paz da metralhadora ideológica do governante de então.

Bolsonaro não tem condições de governar

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019.

Está na hora de falar português claro, com todas as letras: o capitão reformado Jair Messias Bolsonaro já provou, apenas 45 dias após a sua posse, que não tem a menor condição de governar o país por quatro anos.

O batalhão de generais que ele levou para o governo já sabe disso.

Eleito presidente da República sem participar de debates, sem apresentar qualquer plano concreto de governo, apenas atacando os adversários e repetindo bordões imbecis nas redes sociais, era uma caixa preta levada pelo voto ao Palácio do Planalto para derrotar o PT.

Ainda o superávit primário

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

É bem verdade que o famigerado termo do economês caiu um pouco em desuso nos meios dos “especialistas”, as figurinhas carimbadas sempre chamadas a fornecer suas opiniões nas colunas de economia dos grandes meios de comunicação. Afinal, não tem mesmo mais sentido ficar clamando pelo sacrossanto “superávit” quando os resultados fiscais têm apresentado - de forma sistemática desde 2014 - saldos negativos na abordagem do balanço dito “primário” das contas públicas.

Brasil ainda terá longo ciclo de desemprego

Por André Cintra, no site Vermelho:

Ao assumir o Palácio do Planalto, em 1º de janeiro, Jair Bolsonaro (PSL) fez questão de citar “o grande desafio de enfrentar os efeitos (…) do desemprego recorde”. Ainda que de forma genérica, prometeu não apenas “bons empregos” – mas também “boas escolas, capazes de preparar (...) para o mercado de trabalho”.


Arte: Valor Econômico

Vale: uma empresa financeirizada

Por Luiz Gonzaga Belluzzo e Fernando Sarti, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

A Vale é uma empresa bastante internacionalizada [1], embora com uma estrutura produtiva pouco diversificada e concentrada em atividades extrativas, de metalurgia, energia e logística. Sua estrutura proprietária, desde a privatização em maio de 1997, foi pulverizada entre investidores institucionais, sobretudo estrangeiros [2]. A estrutura proprietária tem condicionado a adoção de uma estratégia corporativa financeirizada e de maximização do valor de seus acionistas (shareholders), em detrimento da sociedade e dos demais stakeholders (empregados, fornecedores, governo).

Bolsonaro e as novas definições de vagabundo

Por Rosana Pinheiro-Machado, no site The Intercept-Brasil:

A subjetividade fascista que cresce no Brasil não mobiliza o medo de um inimigo externo, como é comum no hemisfério norte. Nosso inimigo é interno: o velho conhecido vagabundo.

Todo mundo conhece muitos vagabundos, mas ninguém se acha um. Vagabundo é sempre o “outro”. “Nós” somos humanos, do bem, inteligentes, realizadores e dotados da moral cristã. Tudo que temos é mérito do suor de nosso trabalho, e o que não temos é porque os “vagabundos” recebem privilégios e mamatas. Quando “nós” morremos, a dor é imensa porque nossas vidas importam. “Eles”, os vagabundos, são menos humanos. São lesados, preguiçosos e pervertidos. Tudo o que eles possuem vêm de vida fácil. Quando “eles” morrem não há dor e, muitas vezes, há até comemoração, pois vagabundo bom é vagabundo morto.


Filho de Bolsonaro acusa aliado do pai

Por Thais Reis Oliveira, na revista CartaCapital:

A gestão do governo federal, marcada até aqui por constantes rumores e trocas de farpas, ganha um novo (e apimentado) capítulo: Carlos Bolsonaro protagonizou a primeira briga pública com um aliado de Jair Bolsonaro. Diferente do que muita gente acreditava, não foram os ministros da ‘ala ideológica’ os primeiros alvos, e sim um integrante do núcleo duro do bolsonarismo: Gustavo Bebianno, secretário-geral da Presidência da República.

O ‘pitbull’ do presidente acusou Bebianno de mentir sobre conversas com o pai. É preciso voltar algumas casas para entender: primeiro, Bebianno desmentiu ao jornal O Globo rumores de que ele seria pivô de uma crise no governo. “Não existe crise nenhuma, só hoje falei três vezes com o presidente”, disse.

Notas sobre o fascismo

Por Iná Camargo Costa, no site Outras Palavras:

I. Contribuições de Gramsci, Nelson Werneck Sodré e Umberto Eco (apud Espaço Literário Marcel Proust: http://proust.net.br/blog/?p=1451)

Segundo Gramsci, o fascismo se caracteriza pela leviandade, irresponsabilidade, desonestidade, ganância e vileza política.

A primeira liberdade que o fascismo combate é a liberdade de organização e dos movimentos dos trabalhadores urbanos e rurais, dos pobres; em seguida, ou concomitantemente, a liberdade de expressão.

O fascismo arrasta atrás de si um bando de inconscientes, aventureiros e delinquentes.