domingo, 11 de agosto de 2024

Google viola lei antitruste dos EUA, diz juiz

Charge: Matija Medved
Por Altamiro Borges

Na semana passada, o juiz federal Amit Mehta, do Distrito de Columbia, concluiu que o Google violou a lei antitruste dos EUA. Segundo sua decisão, a big tech gastou bilhões de dólares em acordos para manter o monopólio ilegal das buscas. A sentença judicial, embasada num documento com 286 páginas, representa uma dura derrota da plataforma – pertencente à corporação Alphabet, que também é dona do YouTube.

Ela vem na sequência de uma recente decisão também desfavorável do Departamento de Justiça dos EUA, que considerou que a empresa banca acordos anticompetitivos com operadoras de telefonia móvel, desenvolvedores de navegadores e fabricantes de dispositivos. Segundo órgão, esses pagamentos ilegais totalizaram mais de US$ 26 bilhões em 2021. Diante dos revezes, o Google – que monopoliza mais de 90% das consultas na internet – choramingou cinicamente que enfrenta “concorrência acirrada” no setor.

Justiça derrota Júlia Zanatta, a ‘Barbie fascista’

Por Altamiro Borges


Nem o ministro Kassio Nunes Marques, indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo "capetão" Jair Bolsonaro, engole a deputada Júlia Zanatta (PL-SC). Segundo reportagem da revista Carta Capital, em decisão nesta quarta-feira (7), o magistrado “rejeitou denúncia-crime da bolsonarista contra Alice Portugal (PCdoB-BA) por ter sido chamada de fascista”. A confusão entre as parlamentares ocorreu em setembro de 2023, ao fim de uma sessão do Conselho de Ética da Câmara Federal.

A truculenta catarinense, famosa por difundir fake news e destilar ódio, choramingou em sua denúncia que foi vítima de injúria e difamação, devido às “palavras injuriosas que macularam sua dignidade”. Nunes Marques, porém, não caiu no mimimi vitimista. Ele seguiu o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que já havia defendido a exclusão da queixa, sob a avaliação de que a declaração da deputada Alice Portugal foi uma forma de retrucar as provocações da própria Júlia Zanatta.

Extrema direita vence em conselho de médicos

Charge: Pyotr Sarukhanov
Por Altamiro Borges


O “capetão” Jair Bolsonaro perdeu a disputa presidencial em 2022, mas o bolsonarismo – como expressão do neofascismo – segue com muita força na sociedade. Prova disso é o trágico resultado das eleições para o Conselho Federal de Medicina (CFM) na semana passada. A extrema direita foi vencedora em 18 dos 27 estados brasileiros. Entre os conselheiros eleitos, vários defensores da ineficiente cloroquina no combate à Covid-19, militantes contrários ao aborto legal e apoiadores dos atos golpistas do 8 de janeiro de 2023.

Juros: nunca antes neste país!

Charge: Miguel Paiva
Por Paulo Kliass, no site Vermelho:


A divulgação da edição mais recente do Relatório de Política Fiscal do Banco Central (BC) no final de julho confirmou, mais uma vez, a tendência altista no volume de juros pagos regularmente pelo Estado brasileiro aos detentores de títulos de dívida pública de nosso País. Uma parcela significativa dos gastos realizados pelo governo federal sempre foi direcionada para tal compromisso, mas esses valores nunca estiverem na linha de mira dos agentes a serviço do financismo, todos eles sempre muito alertas para denunciar a suposta gastança da administração pública.

Candidatos da direita se afastam de Bolsonaro

Charge: Thiago
Por Moisés Mendes, em seu blog:


Um resumo rápido dos primeiros debates com os pré-candidatos a prefeito nas grandes capitais, promovidos pela Band, é terrível para Bolsonaro. Ninguém, com exceção de Alexandre Ramagem no Rio, quer expor vínculos com o sujeito.

Não chegam a esconder, como Ricardo Nunes não escondeu, mas o bom mesmo, se possível, é evitar seu nome. Como evitaram citar Bolsonaro os bolsonaristas Sebastião Melo (Porto Alegre), Bruno Engler (Belo Horizonte), Pablo Marçal (São Paulo), Bruno Reis (Salvador).

Em Curitiba, os jornais informam que três candidatos da direita, Eduardo Pimentel, Maria Victoria e Ney Leprevost, lembraram suas proximidades com o governador Ratinho Júnior e mantiveram distância de Bolsonaro.

O presente e o conhecimento do passado

Ataque de Israel a escola al-Tabin em Gaza.
Foto: Mahmoud Issa/Reuters
Por Roberto Amaral, em seu blog:


A história - consabidamente algo muito distinto das coleções de datas e biografias - se não define o futuro, nem o antecipa, ajuda-nos a compreender o presente, ensejando as condições necessárias para a intervenção na realidade. É quando assumimos o papel de sujeito-histórico. Como considerar a chamada primeira guerra mundial sem ter presente o conflito de hegemonia que opunha o expansionismo da Alemanha industrializada ao Ocidente europeu, ainda dependente de suas fontes coloniais? A segunda guerra mundial é curialmente citada como herança mal resolvida do conflito 1914-1919, por seu turno um desdobramento de seguidos confrontos, comerciais, políticos e bélicos, entre as potências europeias, senhoras de baraço e cutelo do mundo de então. Travava-se, naquele teatro, como se travaria em 1939, como se trava nos dias presentes, uma disputa de vida ou morte em torno da hegemonia mundial. E a história não conhece uma só hipótese de resolução desse impasse sem o apelo ao embate armado. A guerra, nunca será demais repetir, é a continuação, por outros meios, da política (Clausewitz), e quase sempre se segue ao fracasso das negociações. Exemplo é oferecido pela paz de Versalles: fruto da guerra, imporia uma outra, ainda mais violenta, para consertá-la.

Na Europa, uma vez mais, culpa é das vítimas

Thao, Immigration, 2010
Por Jair de Souza

Regressei há poucos dias de outra viagem à Europa. Confesso que cheguei de volta profundamente consternado com as cenas de tristeza que pude presenciar nas ruas de várias das cidades por onde passei.

Em especial, creio que jamais me esquecerei das duras palavras e da expressão facial de uma senhora portuguesa de meia idade dirigidas a uma pedinte que estava sentada numa das calçadas de Lisboa junto a seu cachorro. Ouvir a tal senhora dizer à moradora de rua que ela só se compadecia do animal, pois ele não tinha culpa de nada, mas não da mulher, que não tinha nada que estar por ali perturbando a tranquilidade dos portugueses. Por isso, ela deveria ir embora de Portugal imediatamente e voltar para o lugar de onde tinha vindo.