quarta-feira, 14 de novembro de 2018

A direita mais tosca do mundo

Por Marcelo Zero

O Brasil não é uma ilha. O processo acelerado de “fascistização” do país e a profunda crise da democracia brasileira não podem ser abstraídos de um pano de fundo internacional que é a grande crise do capitalismo, em sua atual fase de acumulação.

Com efeito, a configuração hodierna do capitalismo, sua crise e a prevalência de políticas econômicas ortodoxas e neoliberais vêm configurando um quadro social muito negativo, que repercute fortemente nas democracias e nos sistemas de representação política.

Ministros já falam em pedir demissão

Por Mário Magalhães, no site The Intercept-Brasil:

Paulo Guedes é um Roberto Campos com menos livros lidos e mais fanatismo pelo cada-um-por-si na economia e na vida social. O economista e diplomata Campos ganhou dos detratores a alcunha brejeira de Bob Fields, tamanho o fetiche pelo capital estrangeiro e a devoção pelos Estados Unidos.

De 1964 a 1967, o seminarista que desistira do sacerdócio foi o primeiro ministro do Planejamento da ditadura. Era tão brilhante que não se converter à sua lábia hipnotizante constituía exercício intelectual desafiador. No alvorecer da década de 1980, o cardeal brasileiro do liberalismo foi esfaqueado na barriga – pela amante, e não por um abilolado. Morreu em 2001.

Lula "vai apodrecer na cadeia"?

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Uma semana antes do segundo turno da eleição presidencial, o então candidato do PSL Jair Bolsonaro fez um pronunciamento que se tornará um registro histórico para o dia de hoje, 14 de novembro de 2018, véspera do 139o. aniversário da República:

"Seu Lula da Silva, se você estava esperando o Haddad ser presidente para assinar o decreto de indulto, vou te dizer uma coisa: você vai apodrecer na cadeia”.

Os fatos seguintes sobre o destino de Lula, uma linha cruzada com os destinos brasileiros há pelo menos 40 anos, vieram em sequência.

Bolsonaro e a cobertura boçal da mídia

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Jair Bolsonaro se beneficiará, por um tempo, da cobertura boçal e acrítica de seu cotidiano pela velha imprensa.

O UOL registra que o “presidente eleito foi a uma agência bancária pela terceira vez nos últimos quatro dias”.

Segue:

O político saiu de casa, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, com escolta da Polícia Federal, e dirigiu-se a uma agência do Banco do Brasil. O motivo do deslocamento não foi divulgado.

Bolsonaro concentra poder e caça opositores

Por Alexandre Guerra, no site da Fundação Perseu Abramo:

O governo de Jair Bolsonaro (PSL) nem começou e já é possível enxergar um conjunto de intervenções que pretendem concentrar seu poder e perseguir os que se opõe aos seus posicionamentos. Entre as medidas destaca-se a expansão de poder do Ministério da Justiça, que irá receber a função de controle externo do Estado por meio de Controladoria Geral da União, somado ao exercício da força policial, bem como o controle fiscal se a pasta assumir o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) - alocado atualmente no Ministério da Fazenda. O ministério será coordenado pelo juiz Sérgio Moro, conhecido por executar medidas jurídicas de exceção contra o campo progressista.

O desastre anunciado de Paulo Guedes

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

O Brasil sempre cultivou uma cultura livresca – com exceção dos tempos escabrosos atuais. Bastava o sujeito ostentar diploma em universidade reputada, para ser pau para toda obra, até para funções que nada tinham a ver com sua especialidade.

Foi o que aconteceu com os economistas pós-ditadura.

Aprendi a apreciar os programas de gestão e qualidade vendo a completa disfuncionalidade de economistas no exercício do poder. Começou com o Plano Cruzado. Os economistas que assumiram a Fazenda – respeitáveis como intelectuais – tinham ojeriza aos funcionários de carreira, que acusavam de terem sido “cúmplices” da ditadura.

Militares: Na caserna, mas ativos

Por Jaime Sautchuk, no site Vermelho:

É inegável que os quartéis entram fortalecidos na atual fase da história do Brasil. Mas não é correta a interpretação de que os militares estão de volta ao poder só pelo fato de o presidente eleito ser ex-militar e anunciar membros das reserva das Forças Armadas na linha de frente de seu futuro governo.

Ele próprio faz grande esforço pra parecer que conta com apoio maciço das três armas. Simula um caráter militar a eventos públicos e reuniões fechadas, bate continência até pra poste e só falta andar fardado, mas tudo é mais invencionice dele do que uma efetiva militarização do poder.

A primeira infância no governo Bolsonaro

Por Rafael da Silva Barbosa, no site Brasil Debate:

Desde a redemocratização, com a constituição do Sistema Único de Saúde (SUS), um dos principais indicadores da qualidade vida na primeira infância (cinco primeiros anos de vida) melhorou significativamente. A taxa de mortalidade infantil no Brasil caiu dos 54,8 óbitos por mil nascidos vivos para 14,6 óbitos por mil nascidos vivos, antecipando em cinco anos o cumprimento da meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio em diminuir a mortalidade infantil em dois terços.


A perversa 'cordialidade' brasileira

Por Leonardo Boff, em seu blog:

Em 31/10/2014 publiquei no JB online um artigo sobre o que significa o brasileiro como “homem cordial”. Republico-o, modificado, por sua alta atualidade. Nos últimos dois anos temos conhecido uma onda de ódio e discriminação sem precedentes em nossa história. Particularmente durante a campanha eleitoral para presidente. Houve injúrias, calúnias, milhões de fake news e todo tipo de palavrões. Ai se mostrou o lado perverso do assim chamado povo brasileiro como “cordial”.

A perigosa politização dos quartéis

Por Bepe Damasco, em seu blog: 

A politização dos quartéis, que o comandante do Exército, general Villas Bôas, diz temer ante o fenômeno bolsonarista, já é realidade. E não apenas porque as teses fascistas do ex-capitão encontram eco na caserna. O abandono gradual, mas consistente, da postura profissional que as tropas adotaram nos anos que se seguiram à redemocratização, em nome de um ativismo político cada vez mais pronunciado, pode ser constatado a partir de duas evidências:

Feminicídio cresce entre negras e indígenas

Do blog Socialista Morena:

O feminicídio está crescendo no Brasil entre as mulheres negras e indígenas, embora esteja caindo entre as mulheres brancas. Entre as negras e indígenas, o índice de assassinatos relacionados a gênero chega a ser o dobro do que entre as mulheres brancas. O alerta foi feito pela doutora em demografia pelo Instituto de Filosofia e Ciência Humanas da Unicamp, Jackeline Aparecida Romio, em debate sobre feminicídio na Câmara dos Deputados.