Por Altamiro Borges
A crise sistêmica do capitalismo, que frustra a sociedade e abala a credibilidade das instituições democráticas, segue impulsionando a extrema direita pelo mundo. Ela ganha força em todas as regiões, seja nos EUA com o “imperador” Donald Trump, na Argentina com “El Loco” Javier Milei ou na Europa, com o crescimento de partidos neofascistas na Alemanha (AfD), Espanha (Vox) ou Portugal (Chega). Na semana passada, esse fenômeno maligno também se manifestou no Japão.
O partido Sanseito, fundado em 2020 pelo ex-militar Sohei Kamiya, elegeu 14 senadores e virou uma das maiores forças políticas do país. Com o slogan “Japão em primeiro lugar”, a legenda saiu da condição de sigla marginal para ocupar um espaço central no Legislativo, desafiando o domínio do tradicional Partido Liberal Democrata (PLD). O partido explorou o descontentamento do povo com a prolongada crise econômica e centrou sua campanha no ódio aos imigrantes.
domingo, 27 de julho de 2025
Democracia externa e interna estão sob ataque
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| Charge: Gilmar/Cartunista das Cavernas |
Democracia externa? Que diabos seria isso, indagariam os leitores, as vítimas inocentes dos textos que me atrevo, impunemente, a cometer?
Explico, ou tento explicar, sem a ousadia de solicitar a concordância.
Entendo por “democracia externa” o que comumente se chama de “multilateralismo”.
Essa ideia bastante ingênua (reconheço), porém necessária (creio), de que a ordem internacional teria de ter como base a igualdade jurídica entre os Estados.
Enfim, uma mania de gente que, como eu, leu Kant com entusiasmo adolescente e que concorda com afirmação de Max Horkheimer de que o objetivo de uma sociedade racional (substancialmente racional, agrego) está presente em cada indivíduo.
Dignidade não se negocia
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| Charge: Toni |
“Vamos recuperar nosso quintal.” - Pete Hegseth, secretário de Defesa dos EUA, em discurso no US Army War College (23/04/2025)
A agressão dos EUA ao Brasil, interrompendo uma negociação que apenas se iniciava - por iniciativa nossa, aliás -, vem sendo recebida pelo que ela é: intempestiva e isenta de qualquer sorte de causalidade. Em síntese, essencialmente ilegítima, como toda intervenção estrangeira na ordem política de um país independente. Seu caráter é ostensivamente político (a aparência econômica do tarifaço é apenas um disfarce) e se apresenta como insólita punição a um país soberano.
O Brasil é acusado de, nos rigorosos termos de sua Constituição, estar, por intermédio do poder competente, julgando os crimes de uma quadrilha de delinquentes (civis e militares) que, valendo-se inclusive do aparelho público, intentou um golpe de Estado contra o sistema representativo. Vitorioso, o assalto da extrema-direita frustraria a manifestação eleitoral da soberania popular, feriria de morte a democracia há tanto custo humano posta de pé e embarcaria o país no desvão de uma ditadura neofascista. A partir daí... o inferno seria o limite.
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