segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Temer e os anos perdidos da Cultura

Por Jotabê Medeiros, na revista CartaCapital:

Ao chegar, em janeiro, para ocupar o Ministério da Cultura (MinC), o ministro escolhido pelo novo presidente ou nova presidenta em outubro próximo vai topar com um cenário, no mínimo, desconfortável, cortesia dos dois anos de desgoverno da gestão Temer.

Primeiro, vai ter de desviar-se do legado de nomeações do atual ocupante do cargo, Sérgio Sá Leitão. O novo ministro vai encontrar em um dos gabinetes, por exemplo, a irmã do ex-governador Sérgio Cabral, Cláudia de Oliveira Cabral (nomeada diretora do Departamento do Sistema Nacional de Cultura em 8 de agosto por empenho pessoal do ministro Moreira Franco).

Famílias tradicionais dominam a política

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

A primeira pergunta feita para Bolsonaro na entrevista no Jornal Nacional foi como que ele se apresenta como o “novo”, “contra tudo o que está aí”, mesmo tendo feito da política a sua profissão e a de boa parte da sua família. O candidato, que assim como seu filho recebe auxílio-moradia mesmo tendo casa própria em Brasília, respondeu que “quando se fala em famílias na política, fala-se em atos de corrupção. A minha família é limpa na política.” Mais ou menos.

Um hospício sobre os escombros do museu?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Tão grave e assustadora quanto a incineração da nossa História no Museu Nacional, é a guerra que se instalou nas redes sociais assim que a noticia correu na noite de domingo.

Um Fla-Flu político insano tomou conta da blogosfera, com ofensas e acusações de todos contra todos, cada facção responsabilizando a outra pela pela desgraça federal.

A tragédia do museu misturou-se ao tiroteio da campanha eleitoral, e o país, que já estava em ruínas, avançou mais um pouco em direção ao abismo da anomia social.

A tensão entre o progresso e a ordem

Por Artur Araújo, no site da Fundação Maurício Grabois:

Geralmente identificamos cortes ou tendências do eleitorado bastante padronizados: estado x mercado; esquerda x direita; progressistas x conservadores; vermelhos x azuis. Creio que as eleições deste ano, altamente atípicas, seriam melhor interpretadas a partir de outra chave: a tensão entre o progresso e a ordem.

Primeiro, uma ligeira definição dos termos.

Custa entender que estamos em guerra?

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                           

O TSE ao barrar a candidatura de Lula apenas formalizou uma decisão já há muito tomada pelos togados corrompidos que hoje junto com a Globo dão as cartas no país. A justiça eleitoral deu continuidade ao roteiro do golpe: tentar destruir o PT, apear Dilma do governo, caçar Lula até prendê-lo e impedir a todo custo que ele seja candidato a presidente.

Ajuste fiscal de Temer e o Museu Nacional

Por Gibran Jordão, no blog Diário do Centro do Mundo:

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, um dos maiores museus da história natural e de antropologia das Américas, com mais de 20 milhões de itens históricos, uma instituição cientifica que completou 200 anos em junho desse ano, sofreu uma grave tragédia nesse domingo (02) com um incêndio sem controle que causou uma destruição de imensas proporções. O palácio do museu nacional serviu de residência da família real portuguesa, foi sede da primeira assembleia constituinte republicana de 1889. A destruição do museu nacional é uma tragédia para toda comunidade científica internacional.

Em chamas, a governabilidade conservadora

Por Paolo Colosso, no site Outras Palavras:

Os últimos dois anos de crise econômica, social e humanitária são dolorosos e mesmo traumáticos, mas também didáticos. São muitos os dias que queremos esquecidos, mas será tarefa de nossa geração lembrar que esse período marcou a falência completa de uma combinação conservadora da gestão pública.

"Facejornalismo" domina a eleição

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

O que esperar da cobertura de uma campanha eleitoral? Apresentação de ideias, confronto entre propostas e trajetória do candidato, debate público em torno de temas relevantes, informação atualizada e confiável, pluralidade de análises. Em outras palavras, o bom e velho jornalismo.

Sob o signo das mídias sociais - com seu grau de irracionalidade, exibição narcísica, superficialidade, manipulação e divisão como fundamento epistemológico - a imprensa tem se mostrado cada vez menos capaz de cumprir sua função histórica. Se as redes se tornaram um cenário inevitável de campanha, sua linguagem e espírito se transformaram em paradigma para o jornalismo os nossos dias, ou melhor, para o facejornalismo.

Museu Nacional: 'A história foi queimada'

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
Da Rede Brasil Atual:

Após o incêndio que tomou conta do Museu Nacional do Rio de Janeiro, na noite de domingo (2), acadêmicos lamentaram a tragédia e classificam as perdas como "irreparáveis". Por meio das redes sociais, criticaram a falta de políticas públicas, por parte do governo federal, para conservar o patrimônio cultural.

Ivana Bentes, professora e pesquisadora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz a "história do Brasil foi queimada". Ela lamenta que o museu sobrevivia com o mínimo de recursos do Estado. "20 milhões de peças e documentos destruídos! Camadas de tempo e de história e conhecimento. 200 anos de documentos, toda a história do império queimada, paleontologia, antropologia do Brasil", publicou.

Um testemunho de resistência: ontem e hoje

Por Carlos Tibúrcio, na revista Teoria e Debate:

Muitas pessoas, em todo o mundo, vagueiam pela vida como aquele famoso personagem de Stendhal que se juntou ao exército de Napoleão na Batalha de Waterloo sem ter a mínima consciência do momento histórico que estava vivendo. (Nilmário leu essa obra, A Cartuxa de Parma, quando éramos presos políticos, em 1973, no Presídio do Hipódromo, em São Paulo.) Muitas outras pessoas têm conhecimento da história, mas ao falar ou escrever sobre suas vidas o fazem mirando o próprio umbigo.