terça-feira, 17 de dezembro de 2019

A guerra no laranjal da extrema-direita

Os passos de Moro rumo à Presidência

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Em 2016, quando perguntado se entraria para a política, o então juiz Sergio Moro disse: “Não, jamais. Jamais. Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política”. (…) não existe jamais esse risco”. Foi taxativo ao usar três vezes a palavra “jamais”. Naquela época, o seu trabalho como juiz já influenciava decisivamente o jogo político-partidário, com grampos e vazamentos ilegais que contribuíram para a derrubada do governo petista. Dois anos depois, o que “jamais” aconteceria aconteceu. O então juiz topou entrar para a política logo depois de ter vazado, às vésperas do primeiro turno, uma delação de Palocci que favoreceu a campanha de Jair Bolsonaro.

O nazista de Unaí e a encruzilhada do país

Homem vestindo braçadeira nazista sentado em bar na cidade de Unaí, em MG

Por Jotabê Medeiros, na revista CartaCapital:

Não havia nem uma cerveja nem um rabo-de-galo na mesa vermelha de plástico do nazista de Unaí.

A foto também não mostrava alguém mais na mesa além dele mesmo, o nazista de Unaí.

Muita gente escavou na internet um velho ditado alemão: “Se tem dez pessoas numa mesa, senta um nazista e ninguém se levanta, é porque tem onze nazistas na mesa”. É preciso que se diga: ao menos na foto que registrou o fato, todo mundo se manteve longe.

No filme Bastardos Inglórios, Tarantino é ainda mais radical em seu aconselhamento: se não restar alternativa a não ser sentar numa mesa com um nazista, é melhor você apontar sua pistola Walther para os bagos dele antes que ele aponte a Walther dele para os seus bagos.

As verdades ditas por Dias Toffoli

Editorial do site Vermelho:

Não se pode ignorar, honestamente, a precisão do diagnóstico do ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, sobre alguns aspectos relevantes da vida nacional.

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, ele disse que “o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente” e que “a Lava Jato destruiu empresas”. Afirmou, também, que o presidente Jair Bolsonaro mantém “um discurso permanente para a base que o elegeu”.

No primeiro caso, é incontestável que o setor do Ministério Público Federal que se ligou à Lava Jato não prima pela transparência. Com a responsabilidade do cargo, Toffoli usou essa palavra e a generalização da instituição para não demarcar com ênfase a divergência, mas, sem a sua diplomacia, o que se vê nesse setor lavajatista é um misto de prepotência e ilegalidades. A troca de mensagens entre seus integrantes revelada pelo site The Intercept Brasil demonstra o quanto os procuradores da força-tarefa da Lava Jato ignoram regras elementares do processo penal e atuam com objetivos claramente políticos.

COP-25: Bolsonaro expõe o Brasil ao escárnio

Por Agnes Franco, no site da Fundação Perseu Abramo:

A COP-25 foi muito aquém do esperado. E, diferentemente de um passado pouco distante, em que o Brasil impulsionava as metas mais ambiciosas em favor da redução da emissão de Gases do Efeito Estufa (GEEs), desta vez o protagonismo foi às avessas: tratado como “párea” ou “uma ameaça à vida”, o Brasil foi o maior destaque negativo desta Conferência das Partes (COP), a órgão máximo e decisório da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC).


Adeus à água como bem comum?

Por José Álvaro de Lima Cardoso, no site Outras Palavras:

O problema da falta de água, que é diagnosticado em várias partes do mundo, afeta sempre a sociedade de forma diferenciada. Como todo direito básico existente, quem enfrenta dificuldades no acesso a água são sempre os mais pobres, o que ocorre tanto nos países imperialistas centrais, quanto nos subdesenvolvidos. Os EUA e a Europa também enfrentam grandes problemas de falta de água, a maioria dos rios dos EUA e do Velho Continente estão contaminados. No caso dos EUA, o próprio desenvolvimento recente da indústria extrativa de gás de xisto contribui para a contaminação dos lençóis de água.

Onde Witzel e Bolsonaro se encontram

Por Fernando Brito, em seu blog:

Segurança pública, sabem todos os que a analisam como política pública, é um indicador essencialmente subjetivo – é a sensação de segurança.

Ainda que alimentado por uma base real – os índices de criminalidade – esta sensação provém de percepções que vêm da experiência nas ruas e do impacto da mídia.

No Rio, ambos favorecem – e há muito tempo – que esta percepção seja negativa.

Não é preciso aprofundar-se em estudos, basta olhar os jornais de hoje.

Bolsonaro, COP-25 e a luta da juventude

Por Randolfe Rodrigues, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O Brasil construiu nas últimas décadas políticas ambientais que o credenciaram internacionalmente a desempenhar papel de destaque em conferências tendo o meio ambiente como temática. Nossa diplomacia ajudou na articulação de acordos globais importantes e colaborou destravando negociações, credenciando o País como um líder internacional ambiental. Infelizmente, o governo Bolsonaro destruiu essa reputação.

Sobre a eleição na Inglaterra

Por Jeremy Corbyn, no site A terra é redonda:

Vivemos em tempos altamente voláteis. Dois anos e meio atrás, na primeira eleição geral que eu disputei como líder do Partido Trabalhista, nosso partido aumentou em 10 pontos percentuais sua participação no voto popular. Na quinta-feira, numa noite desesperadamente decepcionante, retrocedemos oito pontos.

Eu pedi um período de reflexão no partido, e não há poucas coisas a considerar. Não acredito que esses dois resultados eleitorais contrastantes possam ser entendidos isoladamente.

Os últimos anos testemunharam uma série de agitações políticas: a campanha pela independência escocesa, a transformação do Partido Trabalhista, o Brexit, a ascensão eleitoral trabalhista e agora a vitória do “Concluir o Brexit” de Johnson. Nada disso é uma coincidência.

Os seguidores de Bolsonaro nas redes sociais

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Empresa especializada em monitorar as redes sociais, a Bites projeta que o capitão presidente Bolsonaro chegará ao dia 31 de dezembro, no final do primeiro ano de mandato, com 33 milhões de seguidores nos seus perfis oficiais no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube.

É o quarto colocado no mundo inteiro na lista de 13 nomes com maior contingente de aliados digitais, segundo a Bites.

Para se ter uma ideia do que representa esse exército digital do capitão, foram 19 milhões de posts para a ativista sueca Greta Thunberg, contra 103 milhões, sendo 90 milhões no Brasil, sobre Bolsonaro.

Meus piores pesadelos se concretizaram

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Nunca, nem em meus piores pesadelos, imaginei ver Jair Bolsonaro presidente da República. Ele sempre foi para mim só uma piada de péssimo gosto, um personagem folclórico do mal, um integrante do baixo clero que jamais iria alçar voos maiores. Imaginem, portanto, minha surpresa e desgosto ao ver que milhões de brasileiros puderam votar nesta triste figura para comandar nosso país.

O Reino Desunido de Boris Johnson

Por Antonio Lassance, no site Carta Maior:

Boris Johnson e Jeremy Corbyn são responsáveis por algo muito importante na política britânica: que a distinção entre esquerda e direita fique clara e cristalina.

É uma pena que parte desse esclarecimento seja obra de um político de extrema direita.

Diferenças nítidas entre esquerda, centro e direita sempre foram um elemento distintivo importante do sistema político britânico.

Nublar essas diferenças claras de programa entre os partidos do espectro político, entretanto, foi um dos legados mais relevantes e perversos deixados pelo ex-primeiro-ministro Tony Blair.

É de se lamentar que partidos que deveriam estar à esquerda se proponham a fazer políticas de centro direita como se fossem suas próprias, ao invés de rechaçá-las - sem prejuízo de que governos de coalizão façam concessões pontuais.

O AI-5 de Sergio Moro

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A história nos mostra que a essência do AI-5, que consolidou a ditadura militar em dezembro de 1968, encontrava-se na decisão de suspender o habeas corpus. Esta medida, sabemos todos, abriu caminho para a institucionalização da tortura de presos políticos.

Naquele país que manifestava a vontade de se rebelar contra o regime dos generais, através de protestos estudantis, greves operárias e manifestações culturais vigorosas, a tortura representava uma ação direta contra a resistência.

Já não bastava cassar mandatos de parlamentares eleitos, nem perseguir adversários políticos de diversas formas.

Glenn Greenwald entrevista Evo Morales