quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Discurso de Bolsonaro é puro diversionismo

Por Altamiro Borges

Como já registrou Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo, “a posse de Bolsonaro foi um fiasco”. Ela ficou abaixo da expectativa de público projetada pelos bolsonaristas e alardeada pela mídia chapa-branca. “A equipe do presidente anunciou que colocaria na Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios mais de 250 mil pessoas – havia assessores falando em 500 mil. A ideia era quebrar o recorde de público na posse de Lula, em 2003 – 250 mil. Mas na festa de Bolsonaro, segundo cálculo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), compareceram 115 mil”. Ela também foi um fracasso na presença de líderes estrangeiros – a mais baixa desde a posse de Collor de Mello, em 1990. O que não faltou na cerimônia de posse desta terça-feira (1) foi a retórica agressiva, arrogante, tosca e mentirosa do fascista, que ainda não desceu do palanque e segue pregando o ódio e a intolerância.

O palanque eterno de Bolsonaro

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Todos os presidentes do Brasil Democrático, ao tomarem posse - começando por Tancredo Neves, cujo de discurso foi lido por José Sarney, pois fora operado na véspera - fizeram referências à pobreza, à desigualdade e à busca de justiça social.

Estas expressões não apareceram nas duas falas de Jair Bolsonaro ao ser empossado ontem.

Ele falou como quem segue no palanque, fustigando adversários e prometendo combate, apesar de uma promessa paradoxalmente perdida no conjunto: a de “construir uma sociedade sem discriminação ou divisão”.

O espetáculo da fascistização

Por Marcelo Zero

Brasília está sitiada para a posse do presidente que defende a tortura e a ditadura.

Há um enorme aparato militar ostensivo distribuído em pontos estratégicos e de grande visibilidade.

A Esplanada e a Praça dos Três Poderes, o coração da cidade, estão cercadas por tropas numerosas.

A toda hora, helicópteros militares sobrevoam a cidade de Niemeyer e Lúcio Costa.

Parece que estamos em guerra ou que há uma quartelada em andamento.

Alega-se que tudo isso seria necessário em nome da segurança do evento.

O jornalismo não pode se intimidar em 2019

Charge: Rodrigo Brum
Editorial do jornal Brasil de Fato:

Ao longo de quase 16 anos, assumimos um compromisso público em defesa dos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras, do campo e da cidade. Publicizamos sempre nosso posicionamento político e editorial por meio de nossos veículos. 

Iniciamos 2019 com o desafio de seguir pautando as lutas dos movimentos populares, contra todo tipo de retrocesso. Em ano de eleições presidenciais, realizamos uma ampla cobertura pelo site, com programas de rádio, com tabloides estaduais e um jornal impresso nacional que circulou o país com milhões de exemplares, apresentando as propostas dos dois candidatos que foram ao segundo turno. A um deles, Fernando Haddad, manifestamos nosso apoio, após a impugnação da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso político desde 7 de abril. Quem venceu foi Jair Bolsonaro, o candidato do mercado financeiro e da extrema direita, em uma eleição caracterizada por violência e pela divulgação massiva de notícias falsas na internet.

As quatro prioridades do Barão de Itararé

A dissonância na análise política

Por Francisco Fonseca, no site Carta Maior:

Entende-se por Política, na democracia, o universo da representação de interesses e visões de mundo; o âmbito legítimo dos embates e conflitos das mais distintas naturezas que se manifestam por meios diversos; o terreno relativamente estável das “regras do jogo” conhecidas e previsíveis (tais como as regras eleitorais, os sistemas partidário e eleitoral) e das instituições asseguradoras da “regra da maioria”, com respeito às minorias, no contexto dos postulados constitucionais e seus derivados infraconstitucionais; a participação política, por meio das instituições, como instrumento legítimo de interferência nas decisões dos poderes instituídos; o “governo do público e público”, tal como asseverado por Norberto Bobbio; entre outros aspectos.

Temer, o pior presidente do Brasil

Charge: Biratan Porto
Para Daniel Zen, no site Mídia Ninja:

Temer encerra sua passagem pelo Palácio do Planalto como um dos piores Presidentes da República da História recente do Brasil. Alçado do Jaburu ao Alvorada, em virtude do impedimento de sua titular, propôs uma farisaica “Ponte para o Futuro”, que não passou de um engodo de marketing político barato.

Os indicadores sociais, políticos, econômicos e culturais sofreram duro baque. A iniciar pela taxa de desemprego que, com Dilma, havia chegado a 4,3% da população economicamente ativa, em 2014; e, com Temer, atingiu o patamar recorde de 13,3% em 2017. O maior dos últimos 20 anos.

O juramento do general Mourão

Por Jeferson Miola, em seu blog:     

No juramento de posse feito no Congresso, o vice-presidente agiu como general expedindo ordens para a tropa da caserna. E Bolsonaro correspondeu como um capitão dócil e subordinado.

Não só o tom, mas o acento em certas palavras da ordem-unida esteve muitos decibéis acima daquele tom empregado pelo capitão subalterno, ou melhor, pelo presidente empossado.

O pior é a sensação que ficou, de que Mourão não se confundiu de plateia.

Bolsonaro esconde reforma da Previdência

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Em vez de tratar de um ponto real de seu programa de governo - a reforma a Previdência - Jair Bolsonaro aproveitou os discursos de posse no Planalto para falar da luta para "libertar (o Brasil) do socialismo," denunciou "ideologias nefastas", o "politicamente correto" e defendeu a "meritocracia". Compreende-se.

Ideia repudiada por 71% dos brasileiros (Datafolha, 1/5/2017), o projeto de passar o bisturi no sistema de aposentadoria e pensões que protege a velhice dos brasileiros é o compromisso fundamental da equipe econômica de Bolsonaro com a elite financeira que assumiu as rédeas do país depois da queda de Dilma Rousseff.

Operação de guerra confina jornalistas

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

No primeiro dia do novo governo, a operação de guerra montada pelo esquema de segurança do general Augusto Heleno para a posse de Jair Bolsonaro foi uma demonstração de força do que vem por aí.

Jornalistas foram confinados em chiqueirinhos com cordas e grades e populares que queriam ver a cerimonia de perto tiveram que passar por quatro pontos de revista.

Só se podia passar com a roupa do corpo.

Onde Bolsonaro será testado

Arte de Toni D'Agostinho
Por Thomas Milz, na revista CartaCapital:

Política sem ideologias e sem clãs partidários - é com essa promessa que Jair Messias Bolsonaro chega à Presidência do Brasil. O resultado é um governo dos mais variados matizes. Sete políticos “verdadeiros” estão no governo, além de sete militares e oito “tecnocratas”. Será difícil harmonizar as diversas visões de mundo.

A trincheira mais evidente existe entre os chamados “Chicago Boys” e os militares, que também incluem Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão. Os economistas liberais que rodeiam o guru das Finanças e superministro Paulo Guedes querem podar o Estado para um mínimo, salvando-o assim de um colapso. Se o Brasil não voltar a encontrar rapidamente o caminho do crescimento, o governo corre o risco de fracassar. “É a economia, estúpido!”

Luta contra o retrocesso começa agora

Editorial do site Vermelho:

Com a posse de Jair Bolsonaro na Presidência da República, instaura-se o primeiro governo de extrema direita desde a redemocratização de 1985. O novo presidente assume para impor um projeto francamente contra os interesses da nação e dos brasileiros, sobretudo dos trabalhadores, explicitamente ultraliberal e neocolonial. Bolsonaro tem anunciado aos quatro ventos que recorrerá a métodos ditatoriais para realizar seu objetivo, o que faz de seu governo uma ameaça real à democracia, já debilitada.

Suicídios, epidemia global

Por Graham Peebles, no site Outras Palavras:

Recentemente um amigo me chamou para um café. “Tenho más notícias”, disse em sua mensagem. Um conhecido comum, com cerca de 50 anos, havia tirado a própria vida no dia anterior. Jack tinha se enforcado na árvore de um parque público na periferia de Londres; foi a quarta tentativa. Ele tinha quatro filhos. Foi o segundo amigo de meia idade a cometer suicídio em seis meses.

Suas histórias estão longe de ser únicas. Suicídios ocorrem no mundo inteiro, de pessoas de todos os grupos etários, de 15 a 70 anos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que quase um milhão de pessoas cometem suicídio anualmente, sendo vinte vezes maior o número dos que tentam se matar – e esses números estão subindo.