segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

A construção da desigualdade brasileira

Por Paulo Kliass, no site Outras Palavras:

É fato amplamente sabido e reconhecido a desigualdade estrutural que sempre caracterizou a sociedade brasileira. O enfoque pode ser centrado na distribuição de renda, na distribuição do patrimônio, na distribuição da terra, na distribuição dos imóveis urbanos ou qualquer outro tipo de mensuração do fenômeno. Pouca importa o objeto avaliado, o resultado dos níveis de concentração é sempre impressionante. Trata-se de um país profundamente desigual, atributo infelizmente secular que nos acompanha ao longo da História.

Os militares e Jair Bolsonaro

Por Adriano de Freixo, na revista Teoria e Debate:

A ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência da República tendo em torno de si, inclusive na vice-presidência, um grupo palaciano formado por diversos oficiais-generais da reserva que, até recentemente, ocupavam cargos importantes na estrutura das Forças Armadas (FA) e contando com o voto e a simpatia da maior parte das tropas, traz implícita uma questão de extrema relevância: como um ex-capitão, de carreira militar apagada, reformado como decorrência de processos disciplinares, com uma atuação pífia como parlamentar e que até não muito tempo era visto com ressalvas e mesmo com desdém por boa parte das lideranças militares, conseguiu angariar toda essa base de apoio nos meios castrenses?

Todo poder emana das redes sociais

Por Fred Melo Paiva, na revista CartaCapital:

Estupefato com a falta de habilidade e noção de Paulo Guedes no primeiro encontro que manteve com o futuro ministro da Economia, o senador Eunício Oliveira (MDB-CE) adiantou aquilo que se verifica agora com clareza transparente: “Esse povo que vem aí não é da política, é da rede social”. 

O cientista político Miguel Lago foi o primeiro a cravar que estávamos a eleger um “youtuber” presidente. “Durante décadas, Bolsonaro teve atividade legislativa medíocre e não tem nenhuma proposta séria de política pública. Mas é o rei da opinião: tudo diz, sobre tudo, mesmo que nada tenha feito. Mascara suas declarações racistas, homofóbicas e sexistas com um suposto humor que incentiva o compartilhamento”, escreveu. “Bolsonaro é tosco, e isso contribui para que pessoas o achem engraçado. É um ativo youtuber, talvez o mais bem-sucedido do Brasil.”

O teste com Paulo Guedes

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Na próxima quarta-feira, o futuro czar da economia no governo Bolsonaro, Paulo Guedes, prestará depoimento à Polícia Federal no inquérito que apura supostas irregularidades em seus negócios com fundos de pensão de estatais.

Em seis anos ele fez fortuna ao captar cerca de R$ 1 bilhão de sete fundos.

A Lava Jato recrudesceu nos últimos dias com ações que atingiram MDB, PT, PSDB e outros partidos.

A mídia curva a espinha para Bolsonaro

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                                                             

Bolsonaro monta um ministério que pode ser comparado a uma seleção nacional do despreparo, do obscurantismo, da imbecilidade e da estupidez. Depois do "batom na cueca" do prêmio recebido por Sérgio Moro, a composição da equipe do capitão nazista causa estupefação em todas as pessoas com mais de dois neurônios. Mas a mídia noticia com naturalidade a escolha de cada energúmeno para a Esplanada dos Ministérios.

Nenhum regime democrático ao redor do planeta, que tem na subordinação dos militares ao pode civil um dos seus importantes pilares de sustentação, conta com sete generais ocupando cargos de primeiro escalão, como o de Bolsonaro. Mas o Globo não vê nada demais nesta grave degeneração autoritária.

O reinado de Paulo Guedes já está no fim?

Por Renato Rovai, em seu blog:

Paulo Guedes nem assumiu o cargo de superministro da Economia e já é o que nos EUA se convencionou chamar de pato manco. Um político que não tem mais força.

O inquérito que a Polícia Federal (PF) instaurou para apurar se ele cometeu irregularidades na gestão financeira de fundos de investimento o deixa completamente à mercê do humor e da boa vontade do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que montou um gabinete repleto de policias federais.

Guedes, aliás, já deve ter sentido o cheiro de queimado. Ele teve carta branca para montar a sua equipe econômica, mas viu o resto do governo ser entregue para militares.

Análise de um ano da reforma trabalhista

Por Marina Sampaio e Paula Freitas de Almeida, no site Brasil Debate:

A reforma trabalhista foi justificada pela necessidade de tornar o Brasil mais competitivo e, simultaneamente, gerar empregos. A desregulação das relações de trabalho foi o mecanismo eleito, passando a permitir a livre contratação de trabalhadores. Ela atenderia à dinâmica capitalista internacional, que exige flexibilidade na contratação e exploração do tempo de trabalho, demandando liberdade de negociação. A seguir, identificamos alguns dos efeitos provocados pela reforma nesse um ano de sua vigência, todos incompatíveis com as justificativas iniciais.

Democracia e memória

Por Luis Felipe Miguel, no site da Fundação Maurício Grabois:

Em seu romance Andamios, publicado em 1997, o escritor uruguaio Mario Benedetti pôs em cena um ex-perseguido político que depois de anos de exílio retornava ao país. Perdido em meio a transformações que não conseguia compreender, num ambiente político que não casava com aquele de seu tempo de militância, ele pede ajuda a um amigo, que explica, sem rodeios, que é inútil tentar ligar as lembranças do passado com a realidade presente: “Democracia es amnesia” [1]. A ironia do romancista tem boa razão de ser. De fato, a experiência da redemocratização na América Latina, mas também em outros lugares do mundo, em muitos sentidos envolveu uma dose significativa de esquecimento voluntário.

Dias piores virão na política brasileira

STF, emparedado, manterá prisão de Lula

Por Jeferson Miola, em seu blog:                   

A segunda turma do STF julgará nesta terça-feira, 4 de dezembro, o habeas corpus do ex-presidente Lula. A defesa alega parcialidade do ex-juiz e agora ministro bolsonarista Sérgio Moro, pede a nulidade do processo e a liberdade do Lula.

A infinidade de arbítrios e atropelos até aqui perpetrados não admite ilusão quanto ao nível de maldade e violência que a oligarquia está disposta a continuar praticando para atingir Lula.

Os sindicatos nas mãos de Moro?

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Depois da promessa de Jair Bolsonaro de que o Ministério do Trabalho não deixaria de existir, o futuro (por enquanto) ministro da Casa Civil do próximo governo, Ônyx Lorenzoni, deu o dito pelo não dito e anunciou que tanto a concessão – e atualização – dos registros sindicais e, provavelmente, da fiscalização do trabalho ficarão nas mãos do ‘superministro” da Justiça, Sérgio Moro.