sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Dez casos: A escalada autoritária no Brasil

Da revista CartaCapital:

A invasão da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) pela Polícia Civil de São Paulo foi apenas mais um episódio da escalada antidemocrática por que passa o Brasil. Agentes do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) pularam uma janela e invadiram a escola de formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), onde efetuaram disparos de armas de fogo.

"As agressões à nossa democracia se banalizam sem causar alarido e, de forma acelerada, retiram direitos e afrontam o Estado democrático de Direito", afirma o advogado e professor Pedro Estevam Serrano, colunista de CartaCapital. Confira, abaixo, dez exemplos recentes de autoritarismo à brasileira.


O cheque de R$ 1 milhão para Michel Temer

Temer: Fantoche de banqueiro. Ilustração: Arthuro/Cartoon Movement
Por Gil Alessi, no site Carta Maior:

Um cheque no valor de 1 milhão de reais pago pela construtora Andrade Gutierrez em nome de Michel Temer (PMDB) durante a campanha de 2014 coloca o presidente mais uma vez no raio da Operação Lava Jato. O documento pode complicar seu desejo de desvincular suas contas como candidato a vice das apresentadas por Dilma Rousseff em uma ação que pede a cassação da chapa no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

De acordo com Otávio Azevedo, ex-presidente da empreiteira, o repasse de 1 milhão, feito em 10 de julho de 2014, seria referente ao acerto de propina por acordos firmados pela empresa com o Governo. O empreiteiro também ficou em uma situação delicada, uma vez que o cheque em nome de Temer, divulgado nesta quinta-feira pelo jornal O Estado de São Paulo, contradiz um de seus depoimentos prestados à Justiça em setembro. Na ocasião ele afirmou que o montante equivalia a uma propina de 1% referente a contratos e que a doação teria sido feita ao diretório nacional do PT, e não ao peemedebista. Ele também havia dito que parte dos recursos repassados ao PMDB teriam relação com propinas relativas a contratos da hidrelétrica de Belo Monte.

A financeirização de Trump a Temer

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Não aposte no fracasso de Donald Trump. Esse americano truculento, primário, grosseiro, tem trunfos na manga para algumas mudanças fundamentais, que poderão relançar a economia norte-americana.

Poderá ser um Franklin Delano Roosevelt às avessas. Enquanto Roosevelt salvou a economia norte-americana brandindo o discurso da solidariedade, valendo-se do triunfo econômico para consagrar a democracia, Trump poderá trazer de volta o dinamismo aos EUA e consagrar a intolerância e o voluntarismo como fator determinante.

Como é uma questão intrincada, vamos por partes para compor o nosso xadrez.


O que acontecerá no Brasil e no mundo

Ilustração: Osama Hajjaj/Cartoon Movement
Por Renato Rovai, em seu blog:

Se há algo a que analistas políticos de todas as partes do planeta se dedicam com bastante afinco é o de exercitar o que se convencionou chamar de futurologia. De alguma forma é justo que isso ocorra, fazer análise é buscar antecipar jogadas. Mas há momentos em que isso se torna mais arriscado do que jogar búzios sem nunca ter tido contato com o além.

Um dos momentos é o atual. Uma tsunami de incertezas ronda o mundo já há algum tempo e tudo que está acontecendo por mais lógico que pareça ser agora, não faria o menor sentido há dois anos.

Nada pode ser pior do que Trump

Ilustração: Oguz Gurel/Cartoon Movement
Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                                                  

Respeito mas discordo das opiniões que tentam relativizar o impacto terrível das eleições dos EUA para a população de todo o planeta.

Mesmo no campo popular, democrático e de esquerda, brotam em profusão análises dando conta de que nada muda com a vitória do magnata nazifascista.

Pior: não é difícil encontrar quem enxergue na vitória de Trump elementos positivos, tais como a hipotética postura menos protecionista de governos republicanos anteriores ou a derrota do establishment financeiro e militar dos EUA que apoiou Hillary.

Tempos sombrios geraram eleição de Trump

Editorial do site Vermelho:

A vitória de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos aumenta as incertezas no cenário interno e no mundo. O que será da principal potência econômica e militar da Terra sob a direção de um mandatário histriônico, falastrão e ameaçador? Que fala contra imigrantes, negros, latinos (principalmente mexicanos), muçulmanos e todos aqueles que não fazem parte do supremacismo de homens brancos e machos, que se fortalece com a crise econômica e financeira.

'A Voz do Brasil" e os interesses comerciais

Por Elizângela Araújo, no site do FNDC:

A flexibilização do horário de transmissão do programa A Voz do Brasil representa mais uma vitória do lobby das emissoras comerciais de radiodifusão no Congresso Nacional. No ar há mais de 70 anos, o programa cumpre um papel que as emissoras comerciais não assumem: leva diariamente aos brasileiros residentes nos locais onde a informação chega de modo precário os principais acontecimentos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Atualmente, vai ao ar das 19 às 20 horas, mas com a aprovação da Medida Provisória 742/16 poderá ter sua transmissão flexibilizada para a faixa das 19 às 21h. "Somente para atender a interesses comerciais das emissoras de rádio", afirma o radialista Nascimento Silva, secretário de Políticas Públicas do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).

Trump e os tempos de crise e guerra

Por Valter Pomar, em seu blog:

Em 2008 a crise econômica teve como epicentro os Estados Unidos.

Hoje, a crise política mundial também tem seu epicentro lá.

A eleição de Donald Trump nas recentes eleições para a presidência dos Estados Unidos é um símbolo dos tempos em que vivemos, no cenário internacional.

Estamos vivendo um momento que se assemelha muito ao ocorrido nos anos 1930.

Naquela época, o liberalismo provocou uma imensa crise econômica, desemprego e miséria.

CPI e governo ameaçam povos indígenas

Da assessoria do deputado Patrus Ananias

O deputado federal Patrus Ananias (PT-MG) denunciou hoje (10), em audiência pública na Procuradoria-Geral da República sobre a situação dos povos indígenas, a intenção da chamada CPI Incra/Funai de "não apenas impedir a demarcação de novas terras indígenas", mas também de retroceder e colocar "as atuais reservas indígenas" no mercado de terras.

"Viemos dizer que o objetivo principal da CPI é atingir a demarcação das terras indígenas", afirmou Patrus perante o auditório lotado de indígenas e de representantes de instituições e entidades de apoio e proteção aos índios.

Ato contra a Nissan no Salão do Automóvel

Enviado por Fabio Bittencourt

Cento e cinquenta sindicalistas brasileiros vinculados às três maiores centrais sindicais brasileiras – CUT, UGT e Força Sindical - fizeram um protesto relâmpago contra a montadora Nissan durante a abertura do Salão do Automóvel de São Paulo ao público em solidariedade aos trabalhadores da fábrica do Mississipi. Com as mensagens “A Nissan joga sujo” e “Trump contra os Trabalhadores” impressas em camisetas pretas, os trabalhadores brasileiros chamaram a atenção dos visitantes da feira para as práticas antissindicais da montadora, que intimida ilegalmente e ameaça seus trabalhadores e proíbe a sindicalização no estado mais pobre dos Estados Unidos, além de demonstrarem sua insatisfação com a eleição do novo presidente do país, o empresário Donald Trump.