sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Argentina: o que esperar de Fernández-Cristina

Por Aram Aharonian, no site Outras Palavras:

O primeiro tema que o novo governo argentino, encabeçado pelo advogado Alberto Fernández, de 60 anos, precisará enfrentar é o da governabilidade – a situação interna, condicionada por uma dívida externa monumental e pelo crescimento constante da fome e da pobreza nos últimos quatro anos.

Por isso, talvez, sua insistência na necessidade de um pacto social que, espera-se, crie condições para a decolagem, ao invés de ser causado pelo medo do que virá. Diferentemente do seu antecessor, o neoliberal Mauricio Macri, Fernández terá um país com paz social, o Congresso ao seu lado e algum tempo, antes que se apresentem os vencimentos da dívida.


É preciso reabrir o debate da estratégia

Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:

A bandeira política que sintetizou o principal esforço das forças de esquerda desde a década de 1980 até sua consumação foi "Lula Lá". Embora alguns a considerassem meramente tática, ganhou o contorno de estratégia, definindo o principal objetivo para o qual se canalizaram os esforços centrais e os acúmulos obtidos no trabalho de base.

A principal formulação teórica, que fundamentou a concepção, estava sistematizada no 5º Encontro Nacional do PT (1987), cuja resolução afirmava: "(…) Na luta pelo socialismo, é preciso distinguir dois momentos estratégicos que, apesar de sua estreita relação de continuidade, são de natureza diferente. O primeiro diz respeito à tomada do poder político. O segundo refere-se à construção da sociedade socialista sobre as condições materiais, políticas etc. deixadas pelo capitalismo."

O juiz garantista é um avanço democrático

Editorial do site Vermelho:

O direito, como prática e ciência, evolui sempre, e acompanha as conquistas civilizatórias e legalistas de cada época. Uma das atuais tendências mais recentes, segundo o juiz e professor universitário Carlos Alberto Garcete, é a instituição do “juiz das garantias”, que acaba de chegar graças ao processo penal brasileiro através de uma emenda ao projeto de lei que instituiu o chamado “pacote anti-crime”, recém aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado nesta terça-feira (24) por Jair Bolsonaro – que o manteve, apesar dos 25 vetos que fez à nova lei.

Discursos de Bolsonaro atentam contra a vida

Da Rede Brasil Atual:

Para a desembargadora aposentada Kenarik Boujikian, co-fundadora da Associação de Juízes para a Democracia (AJD) e da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), o primeiro ano do governo Bolsonaro foi marcado por “gravíssimas” violações aos direitos humanos de norte a sul do Brasil. De incêndios criminosos na Amazônia aos indígenas Guajajaras assassinados no Maranhão, dos cortes na educação às mortes dos jovens em Paraisópolis, todos foram eventos que fazem parte de um projeto deliberado de governo, segundo sua análise.

Porta dos Fundos: Cadê a PF do Moro?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

“Se os terroristas que atacaram o Porta dos Fundos não forem imediatamente punidos, isso vai empurrar o país para conflito de proporções gigantescas”, alertou o escritor Paulo Coelho no Twitter.

Já se passaram 72 horas desde o atentado terrorista, às vésperas do Natal, quando duas bombas molotov foram atiradas contra a sede da produtora do grupo de humor Porta dos Fundos, no bairro do Humaitá, na zona sul do Rio.

Até o momento em que escrevo, Sergio Moro, o ministro da Justiça, sempre tão ágil e prestativo quando se trata de defender os interesses do governo, não deu um pio, não anunciou nenhuma providência e, até onde se sabe, não acionou a Polícia Federal, que só continua preocupada com Lula.

Uberização: desafios laborais e sociais

Por Maria da Paz Campos Lima, no site Carta Maior:

No dicionário de Cambridge(1), o verbo uberizar (to uberize), tal como o substantivo que lhe corresponde uberização (uberization), significa modificar a oferta de um dado serviço, introduzindo uma forma diferente de o comprar ou de o usar, por via da tecnologia móvel/ plataformas digitais. A raiz do termo tem origem na UberTechnology Inc., hoje uma empresa multinacional americana, que introduziu em 2009, em plena crise internacional, um novo tipo de negócio em vários sectores e serviços, entrando na União Europeia via Reino Unido em 2012. Este novo tipo de negócio tende, por um lado, a não possuir os meios que produzem as suas receitas (como os automóveis no caso da Uber, ou as bicicletas da Uber Eats ou da Deliveroo ou os apartamentos e casas no caso da Airbnb), a substituir trabalhadores por programas de software, como no caso da substituição dos centros de atendimento tradicionais dos táxis por uma aplicação/app, e a recrutar pessoas sem formação específica no serviço que prestam, o que é facilitado pela tecnologia (GPS por exemplo).

Bonapartismo, fascismo e o bolsonarismo

Por Bernardo Ricupero, no site A terra é redonda:

Ao tentarmos decifrar a natureza do que é chamado de bolsonarismo – fenômeno que vai além da liderança de Jair Bolsonaro – talvez seja prudente servir-nos de referências já clássicas. Acredito que as interpretações que mais podem nos ajudar a enfrentar o desafio são as explicações a respeito do bonapartismo e do fascismo. Não por acaso, já têm aparecido, com maior e menor propriedade, análises que têm confrontado o caso mais recente com estes exemplos históricos.


Balanço de 2019: o império da impostura

Por Leonardo Boff, em seu blog:

Afora os grandes empresários que aplaudem calorosamente o ministro Paulo Guedes porque ganham com a crise, o balanço de 2019 na perspectiva das vítimas dos ajustes fiscais, dos que perderam direitos na reforma da previdência e dos resistentes é repudiável.

Instalou-se aqui o império da impostura. Um presidente que deveria dar exemplo ao povo de virtudes que todo governante deve ter, realizou atos acintosos que na linguagem religiosa, bem entendida por ele, são verdadeiros pecados mortais. Pela moral cristã mais tradicional é pecado mortal caluniar certas ONGs, bem o ator Leonardo di Caprio culpando-os de incentivar os incêndios da Amazônia ou difamando o reconhecido educador Paulo Freire e o cientista Ricardo Galvão ou mentir contumazmente mediante fake news e alimentar ódio e rancor contra homoafetivos, LGBTI, indígenas, quilombolas, mulheres e nordestinos. A lentidão no julgamento do massacre de Brumadinho-MG e de Mariana-MG está mostrando a insensibilidade das autoridades. Algo parecido ocorreu com o derrame ignoto(?) de petróleo em 300 praias de 100 municípios do Nordeste.

A hegemonia pentecostal no Brasil

Por Magali do Nascimento Cunha, na Revista Cult:

Bispo Edir Macedo, missionário R. R. Soares, apóstolo Estevam Hernandes, pastor Silas Malafaia, bispo Valdemiro Santiago, pastora Damares Alves, apóstolo Rina, pastor Marco Feliciano, apóstola Valnice Milhomens, pastora Cassiane. O que essas lideranças religiosas, destacadas por mídias brasileiras, têm em comum? São pentecostais, o segmento religioso cristão que mais se expandiu, numérica e geograficamente, no Brasil nas últimas décadas. Hoje, compreender o pentecostalismo é imprescindível para quem se interessa pelas dinâmicas socioculturais e políticas que envolvem o país.

União de forças para derrotar o bolsonarismo

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Apesar dos inúmeros crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente neste primeiro ano de governo, não há no horizonte qualquer articulação da oposição pelo impeachment. A despeito dos escândalos de corrupção envolvendo a cúpula bolsonarista, Jair Bolsonaro segue com seu projeto de destruição da democracia e o aparelhamento ideológico do estado brasileiro com certa tranquilidade.

Ao final do primeiro ano de mandato, o presidente conta com 30% da aprovação dos brasileiros. A popularidade parou de cair, e a rejeição estancou em relação às pesquisas anteriores. Se a eleição presidencial fosse hoje, Bolsonaro estaria garantido no segundo turno e com condições de ser reeleito.

Família Marinho ameaça Bolsonaro

Do blog Viomundo:

A família mais rica do Brasil aumentou em alguns graus a fervura do presidente da República, ao denunciar em editorial nesta sexta-feira, 27, que ele governa em causa própria, sugerindo que Jair Bolsonaro cometeu estelionato eleitoral em 2018.

Fique registrado que, com este mesmo mote, a Globo e seus parceiros midiáticos promoveram a campanha de impeachment da presidenta Dilma Rousseff em 2016.

O estelionato de Dilma teria sido no campo econômico e foi verbalizado pelo senador tucano Aécio Neves logo depois do anúncio do resultado das eleições de 2014.

O episódio mais recente a estimular o ataque do Jardim Botânico a Bolsonaro é o fato de o presidente não ter vetado a instituição do juiz de garantias.