terça-feira, 11 de junho de 2019

Vazajato: Nauseante mas não surpreendente...

Por Tereza Cruvinel

A ascensão do regime político sem nome, com seu obscurantismo e vulgaridade, combinada com demandas pessoais, tirou-me a vontade de escrever e comentar as patifarias do dia-a-dia da política.

As revelações do Intercept Brasil sobre as maquinações Moro-Dallagnol acendem alguma esperança de que a verdade, como disse Francisco a Lula, prevaleça sobre a mentira.

Aqueles diálogos e conluios não surpreendem.

Não, pelo menos, aos que tiveram clareza, desde o início, sobre os propósitos políticos da Lava Jato, aos que não fecharam os olhos para as ilegalidades, os abusos, as gambiarras e toda as maquinações urdidas para se chegar ao objetivo primordial, o de dar cabo do ciclo de governos petistas e garantir o triunfo do conservantismo, ainda que se valendo da figura primitiva de Bolsonaro, que devia envergonhar as elites nativas que lhe abriram caminho.

Agora é Lula Livre Já

Por Dilma Rousseff, em seu site:

A reportagem do “Intercept” está revelando, por meio da transcrição indesmentível de conversas em aplicativos, aquilo que muitos já sabiam, mas que agora restou provado e documentado: o ex-juiz que condenou Lula comandava a força-tarefa de procuradores da Lava Jato, o que contraria frontalmente a lei. Segundo o artigo 254 do Código Penal, um juiz será considerado suspeito e deverá ser afastado, a pedido do réu ou do acusador, caso se descubra que ele aconselhou uma das partes do processo que vai julgar.

Globo defende Lava-Jato e “empata” o jogo

Por Rodrigo Vianna, em seu blog:

Desde o Mensalão, em 2005, a TV Globo cumpre o papel de organizar o discurso da direita no Brasil. Importante frisar bem esse verbo: ela “organiza” todo um campo político, e não apenas divulga ou reforça o discurso dos setores “liberais”.

É conhecida a afirmação do pensador italiano Antonio Gramsci de que, nos momentos de crise, os jornais (na época dele, primeira metade do século XX, não havia TV) cumprem o papel de autêntico “partido da burguesia”.

Abalado, bolsonarismo ameaça Greenwald

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

As conversas no telegram entre o atual ministro da Justiça Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa Lava-Jato, vazadas neste domingo pelo site The Intercept Brasil não deixam margens a dúvidas: o então juiz Moro atuou, de forma absolutamente inapropriada e inconstitucional, como parte da acusação na operação que resultou na condenação do ex-presidente Lula; a “república de Curitiba” também agiu conjuntamente, de forma partidária, para interferir no resultado da eleição de 2018 e impedir que o PT voltasse ao poder.

A Globo e sua tática diversionista

Por Gilberto Maringoni

Assisti uma parte do JN na noite desta segunda-feira segunda (10). O tom foi de tentar desqualificar as denúncias do Intercept.

A coalizão governista - que inclui a direção da Globo - está diante de um problema sério: a desastrada nota lançada pelo MPF - no calor da hora - admitiu serem verdadeiros os diálogos vazados. A dada altura o documento afirma:

“Dentre as informações ilegalmente copiadas, possivelmente estão documentos e dados sobre estratégias e investigações em andamento e sobre rotinas pessoais e de segurança dos integrantes da força-tarefa e de suas famílias”.

Lava-Jato desmascarada: Moro vai pra forca

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Os revelações feitas pelo site The Intercept sobre o modus-operandi criminoso do consórcio Moro & Dallagnol tiveram um efeito devastador na Lava Jato e provocaram uma reviravolta no quadro político do país em apenas 24 horas. E vem muito mais por aí.

De uma hora para outra, em ação simultânea, inverteram-se os papéis de Lula e Moro. O algoz foi desmascarado e o condenado ficou mais perto da liberdade.

O ex-juiz da câmara de gás de Curitiba perdeu o apoio da mídia (só a Globo permaneceu fiel) e quase ninguém que importa no jogo saiu em sua defesa, além das corporações, dos filhos de Bolsonaro, ministros militares e alguns comentaristas de TV.

The Intercept e a liberdade de imprensa

Do site do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC):

Após publicar uma série de reportagens que trouxe à tona o que provavelmente seja o maior escândalo jurídico-político da história do país, o site The Intercept Brasil vem sofrendo ataques oriundos de setores defensores da Operação Lava Jato. Alguns já saíram a público para pedir a prisão e a cassação do passaporte do jornalista Gleen Greenwald, diretor do veículo. Há pressões para que o The Intercept divulgue quem é a fonte dos materiais recebidos.

Infelizmente, essas atitudes não são novidade. Reportagens que incomodam e ameaçam poderosos sempre despertam o instinto censor por parte destes setores, que agora fazem ameaças e vão tentar calar o The Intercept e os seus jornalistas.

Revolução dos ricos perde força no mundo

Por Bepe Damasco, em seu blog:

A indignação crescente com as políticas de austeridade, pródigas em aumentar a pobreza e a exclusão; a necessidade de resistir à liquidação dos direitos trabalhistas, sociais e ambientais; o sacrifício de gerações causado pelo desemprego; a insensibilidade dos neoliberais diante do drama dos refugiados; a luta para impedir que pilares do bem-estar social e do iluminismo virem pó, fulminados pelos ataques do obscurantismo e da financeirização da economia e da vida.

Lava-Jato ajudou a devastar a economia

Nota oficial da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED):

A Associação Brasileira de Economistas pela Democracia - ABED, como uma entidade que defende a democracia, sempre irá posicionar-se favoravelmente a ações de combate à corrupção. No caso específico da Operação Lava Jato, saliente-se se que ela só foi possível com o fortalecimento das instituições de Estado, em particular a Polícia Federal e o Ministério Público. Assim, não poderia ser maior a nossa indignação diante da divulgação de conversas nada republicanas entre destacados membros da Lava Jato, mostrando vergonhosa parcialidade e instrumentalização política da operação.

A Lava-Jato nua e crua

Editorial do site Vermelho:

A Operação Lava Jato, ao longo dos seus cinco anos de atuação, foi criticada por iminentes juristas e personalidades do próprio Poder Judiciário - além de integrantes dos poderes Legislativo e Executivo - por suas práticas marcadas pelo desrespeito ao Estado Democrático de Direito, sempre ressalvando a necessidade do combate rigoroso à corrupção ou a qualquer outra ilicitude. As forças democráticas em geral criticaram as afrontas ao devido processo legal e aos princípios basilares da Constituição e demais regulamentos da legalidade democrática.

Sergio Moro, o chefe dos chefes

Por Jeferson Miola, em seu blog:                   

Equivoca-se quem pensa que a Operação Mãos Limpas é a genuína inspiração italiana de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol.

A se considerar as revelações bombásticas do Intercept, a inspiração italiana de Moro e Dallagnol está mais para as práticas e métodos da Cosa Nostra, a máfia, do que para a Mani Pulite – ou Mãos Limpas, em português.

Além de evidenciar que Moro e Dallagnol mantinham intenso intercâmbio e alto nível de articulação e coordenação estratégica na conspiração para derrubar Dilma e na caçada para prender Lula, a reportagem do Intercept também mostrou que existia uma relação hierárquica de mando na Operação.

A hipocrisia do jornalismo ‘lavajatista’

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Disse, no post anterior, do desamor da elite brasileira pelo sistema legal que ela própria construiu, quando se trata da defesa de seus interesses políticos.

A lei é para todos, dizia o filme promocional da Lava Jato, mas é duríssima para os “inimigos” e uma mera formalidade para os “amigos”.

Eliane Cantanhêde, a quem a Globo e o Estadão dão o privilégio de terem milhões de brasileiros como público cativo, mostra cruamente como acontece isso:

A conspiração criminosa da Lava-Jato

Por Marcio Sotelo Felippe, Patrick Mariano e Giane Ambrósio Alvares, na revista Cult:

A matéria publicada pelo The Intercept traz elementos suficientes para, em tese, fundamentar a convicção de que procuradores da Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro teriam praticado o crime previsto no artigo 288 do Código Penal, antes denominado de quadrilha ou bando, agora “associação criminosa”: associação de três ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes. Para a caracterização desse delito não importa se os crimes se consumaram ou se a condenação era tecnicamente possível. Basta a chamada volunta celeris.

Cristologia cristofascista de Bolsonaro

Por Fábio Py, no site Carta Maior:

“Cristo, o Ser:
eis o embate do Reicht”
(Dotrothee Sölle)

“O inferno é, assim, (produzido ou não) o lugar onde
o governo do mundo sobrevive para sempre,
ainda que de forma puramente penitenciária”
(Giorgio Agamben)


Desde as manifestações de 15 de maio, os setores bolsonaristas e o próprio Bolsonaro vêm forçando a associação da figura do presidente com qualidades que o associam a figura do Cristo, apresentando-o como messias, ungido e eleito da nação. Esse novo jogo promovido pelas lideranças religiosas e da base política do governo é mais um apelo a fim de reagrupar as forças com a intenção de legitimar as medidas ultraliberais e amortecer sua impopularidade. A apresentação de Bolsonaro com características cristológicas (de Cristo) dá um novo folego ao cristofascismo à brasileira, sendo uma forma mais refinada de sensibilizar setores religiosos, que mesmo em tão pouco tempo vinham já se descolando do governo.