Dois “intrusos” participaram na semana passada do fórum do Instituto Millenium, que reuniu os barões da mídia e notórios inimigos do governo Lula: o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e o deputado petista Antonio Palocci. É certo que os dois têm familiaridades com as elites. Antes de virar ministro, Costa foi homem de confiança da TV Globo, responsável por sua sucursal nos EUA. Já o ex-ministro da Fazenda se converteu ao credo neoliberal, aplicando de forma canina a política macroeconômica ortodoxa, o que angariou a simpatia dos banqueiros e donos da mídia.
Mesmo assim, é estranho que tenham participado de um convescote da oposição mais raivosa ao presidente Lula, dando-lhe uma aura de “pluralidade e legitimidade”. Ambos ouviram os ataques histéricos ao atual governo, mas se fingiram de mortos e nem ficaram constrangidos. O ministro Costa, que tentou evitar a convocação da Conferência Nacional de Comunicação, até reforçou as criticas aos seus colegas de governo, segundo relato do Portal IG, opondo-se ao Plano Nacional de Direitos Humanos e à resolução da Confecom que prevê a participação popular no setor.
Alegria da “seleta platéia”
Já o deputado petista tentou agradar seus chegados. “Vira e mexe surge uma vontade no governo de controlar a mídia. O Brasil caminha num sistema democrático, embora apareçam fatos como o PHDH... Não vejo necessidade da ação governamental para ver se um jornal está desrespeitando os direitos humanos”, afirmou Palocci para a alegria da “seleta platéia”. Ele ainda tentou livrar a cara dos oligarcas da mídia. “Há concentração na comunicação, mas há em várias atividades no país. Considero normal e uma característica do amadurecimento da economia a concentração”.
A presença dos dois no antro da Millenium irritou os que não têm sangue de barata. O blogueiro Glauco Farias escreveu: “Se Palocci tivesse saído do PT no prazo regulamentar, talvez Serra não tivesse hoje tantos problemas para contar com um vice de peso”. Para Eduardo Guimarães, as presenças do “mais tucano dos petistas” e do atual ministro indicam que o governo não regulará o setor. Tanto que o pitbul Reinaldo Azevedo chamou Palocci de “garantidor”. “Palocci e Costa foram ao evento do PIG ‘garantir’ que não haverá controle social dos meios de comunicação”.
“Sua noite de primeiro mundo”
Gilberto Maringoni, jornalista e cartunista sempre bem-humorado e irreverente, comparou o Instituto Millenium ao Café Millenium – “estabelecimento classe A, onde gente de primeira ia buscar diversões, digamos, adultas até julho de 2007, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. O Café Millenium não escondia o seu negócio. O slogan era ‘sua noite de primeiro mundo’. Com belíssimas garotas a excitar a imaginação e a ação de senhores de fino trato, ele vendia o que anunciava”. Hélio Costa e Antonio Palocci devem explicações sobre a visita ao Café Millenium!
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quarta-feira, 10 de março de 2010
Millenium pauta a direita midiática
O seminário do Instituto Millenium, realizado na semana passada num luxuoso hotel da capital paulista, foi muito positivo. Ele serviu para tirar qualquer dúvida sobre a postura que o grosso da mídia hegemônica adotará na eleição presidencial de 2010. Colunistas de aluguel, como Arnaldo Jabor, Reinaldo Azevedo e Demétrio Magnoli, entre outros mercenários, somente vocalizaram o que os barões da mídia já decidiram: eles unificarão suas pautas, reportagens e manchetes para atacar a ministra Dilma Rousseff, estimular o diversionismo e blindar o governador José Serra.
Bia Barbosa e Gilberto Maringoni, dois jornalistas que não ocultam suas críticas de esquerda ao governo Lula, cobriram o evento nauseante e ficaram surpresos com seu grau de agressividade. Bia concluiu que o evento serviu apenas para “organizar a campanha contra Dilma”. Maringoni notou que os discursos “raivosos” alvejaram os aspectos democráticos do atual governo, como o Plano Nacional de Direitos Humanos e a Conferência Nacional de Comunicação, e sinalizaram a estratégica eleitoral unificada e ofensiva dos barões da mídia na batalha sucessória.
Revelações do twitter do Estadão
Prova das péssimas intenções dos barões da mídia foi revelada no twitter do insuspeito Estadão. Entre outras pérolas direitistas, ele registrou: “A imprensa se acordou diante do lulismo”, rosnou Reinado Azevedo, o pitbul da Veja. Noutro trecho, confessa: “O Marcelo [Madureira, do Casseta e Planeta] diz ser do PSDB. Eu não, eu sou de direita”. Madureira, após explicitar a sua simpatia tucana, ataca Lula: “Vivemos num país em que o presidente usa a mentira como prática política”.
Entra em cena o elitista Arnaldo Jabor: “A democracia é um conceito sofisticado. Tangenciamos a ditadura da maioria”. O bobo da corte da TV Globo prossegue: “Minha preocupação é que, se a Dilma for eleita, teremos uma infiltração de ‘formigas’ da velha esquerda”. Um dos chefões do Grupo Abril, Sidney Basile, ainda teoriza: “O risco de nos aproximarmos da ditadura da maioria é real”. Todos os palestrantes, com exceção dos “intrusos” Antonio Palocci e Hélio Costa, nem disfarçaram as suas preferências eleitorais pelo candidato tucano José Serra.
“Esquerda que não deve existir”
O twitter do Estadão deixou de registrar outras tiradas de golpismo explícito, talvez temendo as chacotas. “A imprensa tem que acabar com o ‘isentismo’ e o ‘outroladismo’, com esta história de dar o mesmo espaço para todos”, rosnou o Reinaldo Azevedo. Já o arrivista Demétrio Magnoli agitou a galera ao alertar que “só a vitória da oposição” pode evitar a “restauração stalinista” que seria representada pela candidatura Dilma Rousseff. “Não somos Venezuela ou Cuba. Temos que falar que somos diferentes”, esbravejou o ex-esquerdista, hoje um direitista convicto e hidrófobo.
Denis Rosenfield, um fascista folclórico, seguiu a toada. “O PT propõe subverter a democracia pelos processos democráticos”. Já o líder da seita fundamentalista Opus Dei, Aberto Di Franco, repetiu velhas bravatas. Coube ao bobo da corte da TV Globo animar a platéia. “Lula, com seu temperamento conciliador, teve o mérito de manter os bolcheviques e os jacobinos fora do poder. Mas conheço a cabeça dos comunistas, fui do PC, e isso não muda, é feito pedra... A questão é impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir”.
Feras acuadas e violentas
O convescote do Instituto Millenium revela o preconceito de classe e o asco de parcela das elites com o ciclo político aberto pelo governo Lula. E aponta o seu receio diante da real perspectiva da continuidade desta experiência. O instituto congrega a nata da burguesia nativa, com banqueiros, latifundiários e industriais. O especulador Armínio Fraga, gestor do fundo da entidade, é o ícone desta confraria. Pragmáticos, eles choram mais recursos públicos e incentivos fiscais. Na hora da batalha sucessória, porém, eles não escondem seus arraigados interesses políticos de classe.
Expressão da nova realidade, o instituto reúne quase todos os barões da mídia e confirma que os meios privados de comunicação são hoje o “partido do capital”. Roberto Irineu Marinho, Otávio Frias Filho e Roberto Civita fizeram questão de assistir seus histéricos. Terceirizaram o trabalho sujo, mas estão apreensivos. “A guerra da democracia está sendo perdida”, rosnou Azevedo. “Se o Serra ganhasse, faríamos a festa em termos das liberdades... Mas a perspectiva é que a Dilma vença”, lamuriou Magnoli. Como feras acuadas, os barões da mídia ficarão ainda mais violentos.
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Bia Barbosa e Gilberto Maringoni, dois jornalistas que não ocultam suas críticas de esquerda ao governo Lula, cobriram o evento nauseante e ficaram surpresos com seu grau de agressividade. Bia concluiu que o evento serviu apenas para “organizar a campanha contra Dilma”. Maringoni notou que os discursos “raivosos” alvejaram os aspectos democráticos do atual governo, como o Plano Nacional de Direitos Humanos e a Conferência Nacional de Comunicação, e sinalizaram a estratégica eleitoral unificada e ofensiva dos barões da mídia na batalha sucessória.
Revelações do twitter do Estadão
Prova das péssimas intenções dos barões da mídia foi revelada no twitter do insuspeito Estadão. Entre outras pérolas direitistas, ele registrou: “A imprensa se acordou diante do lulismo”, rosnou Reinado Azevedo, o pitbul da Veja. Noutro trecho, confessa: “O Marcelo [Madureira, do Casseta e Planeta] diz ser do PSDB. Eu não, eu sou de direita”. Madureira, após explicitar a sua simpatia tucana, ataca Lula: “Vivemos num país em que o presidente usa a mentira como prática política”.
Entra em cena o elitista Arnaldo Jabor: “A democracia é um conceito sofisticado. Tangenciamos a ditadura da maioria”. O bobo da corte da TV Globo prossegue: “Minha preocupação é que, se a Dilma for eleita, teremos uma infiltração de ‘formigas’ da velha esquerda”. Um dos chefões do Grupo Abril, Sidney Basile, ainda teoriza: “O risco de nos aproximarmos da ditadura da maioria é real”. Todos os palestrantes, com exceção dos “intrusos” Antonio Palocci e Hélio Costa, nem disfarçaram as suas preferências eleitorais pelo candidato tucano José Serra.
“Esquerda que não deve existir”
O twitter do Estadão deixou de registrar outras tiradas de golpismo explícito, talvez temendo as chacotas. “A imprensa tem que acabar com o ‘isentismo’ e o ‘outroladismo’, com esta história de dar o mesmo espaço para todos”, rosnou o Reinaldo Azevedo. Já o arrivista Demétrio Magnoli agitou a galera ao alertar que “só a vitória da oposição” pode evitar a “restauração stalinista” que seria representada pela candidatura Dilma Rousseff. “Não somos Venezuela ou Cuba. Temos que falar que somos diferentes”, esbravejou o ex-esquerdista, hoje um direitista convicto e hidrófobo.
Denis Rosenfield, um fascista folclórico, seguiu a toada. “O PT propõe subverter a democracia pelos processos democráticos”. Já o líder da seita fundamentalista Opus Dei, Aberto Di Franco, repetiu velhas bravatas. Coube ao bobo da corte da TV Globo animar a platéia. “Lula, com seu temperamento conciliador, teve o mérito de manter os bolcheviques e os jacobinos fora do poder. Mas conheço a cabeça dos comunistas, fui do PC, e isso não muda, é feito pedra... A questão é impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir”.
Feras acuadas e violentas
O convescote do Instituto Millenium revela o preconceito de classe e o asco de parcela das elites com o ciclo político aberto pelo governo Lula. E aponta o seu receio diante da real perspectiva da continuidade desta experiência. O instituto congrega a nata da burguesia nativa, com banqueiros, latifundiários e industriais. O especulador Armínio Fraga, gestor do fundo da entidade, é o ícone desta confraria. Pragmáticos, eles choram mais recursos públicos e incentivos fiscais. Na hora da batalha sucessória, porém, eles não escondem seus arraigados interesses políticos de classe.
Expressão da nova realidade, o instituto reúne quase todos os barões da mídia e confirma que os meios privados de comunicação são hoje o “partido do capital”. Roberto Irineu Marinho, Otávio Frias Filho e Roberto Civita fizeram questão de assistir seus histéricos. Terceirizaram o trabalho sujo, mas estão apreensivos. “A guerra da democracia está sendo perdida”, rosnou Azevedo. “Se o Serra ganhasse, faríamos a festa em termos das liberdades... Mas a perspectiva é que a Dilma vença”, lamuriou Magnoli. Como feras acuadas, os barões da mídia ficarão ainda mais violentos.
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