segunda-feira, 2 de julho de 2018

A turma do 1% não se enxerga

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

O Brasil de Michel Temer pediu no ano passado adesão à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, um clube de 35 nações ricas ou simpatizantes, mas, por enquanto, passa vergonha, pois os Estados Unidos preferem a entrada da Argentina de Mauricio Macri, amigo de Donald Trump. Em 15 de junho, a OCDE foi motivo de outro embaraço nacional, por razões um pouco mais antigas do que o governo Temer.

Ao estudar como tem sido a mobilidade social desde a década de 1990, a entidade constatou que a coisa vai mal mundo afora e pior ainda por aqui. A distância entre ricos e pobres aumenta no planeta, especialmente desde a crise financeira global de 2008. É cada vez mais difícil que alguém nascido na pobreza melhore de vida e alcance o padrão médio dos conterrâneos.

Funcionários da Globo já estão calados

Por Leandro Fortes, no blog Diário do Centro do Mundo:

Essas novas regras do Grupo Globo não foram feitas para calar a boca de seus funcionários, nas redes sociais.

Eles já estão calados, há muito tempo. No máximo, postam fotos divertidas de plantões, de aniversários em família ou, no limite, posam de isentões em temas sobre os quais podem dar opiniões genéricas e, invariavelmente, inúteis.

Façam o teste: escolham um perfil qualquer de um funcionário ou funcionária da Globo e visitem o Facebook dele ou dela. É uma viagem ao vazio. Nenhuma opinião sobre nada, nenhuma posição sobre nada. Nada.

A anarquia judicial no Brasil

Por Aldo Fornazieri, no Jornal GGN:

O golpe promoveu a mais profunda desorganização institucional que o país já experimentou nos breves períodos de sua frágil vida democrática. A corrosão da legitimidade institucional levou o Executivo e o Legislativo à irrelevância, à infuncionalidade e ao desgoverno. Esses poderes, simplesmente faliram, não funcionam, a não ser num único aspecto: o de fazer o mal ao povo e ao Brasil. Com a falência do governo e do Congresso, sobrou o poder Judiciário, que se tornou o centro das decisões políticas do país, usurpando competências e violando a Constituição. Se, por algum tempo após o golpe, o Judiciário, comandado pelo STF, dava a aparência de ser um poder unitário com as naturais divergências, aos poucos foi revelando ser um poder anárquico e promotor da anarquia judicial, da ilegalidade e da recorrente violação da Constituição.

Macri sucateia a comunicação pública

Por Martín Fernández Lorenzo, no blog Socialista Morena:

Depois da vitória sofrida contra a Nigéria, na última terça-feira, nem tudo foi festa para os argentinos. Na mesma tarde, 354 trabalhadores da histórica agência de notícias pública Télam, quase 40% de todo o pessoal da estatal, foram demitidos pelo ministro de Meios e Conteúdos Públicos, Hernán Lombardi. As redes explodiram em relatos de cortar o coração.

A pátria das togas triunfantes

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Saem Neymar e Tite, entram Gilmar Mendes e Cármen Lúcia.

A pátria de chuteiras batizada pelo Nelson Rodrigues virou a pátria das togas triunfantes que monopolizam o noticiário.

Em plena Copa do Mundo, os meritíssimos não saem das manchetes, dos editoriais, das colunas e dos cometários nas redes sociais. Só dá eles.

Os números não mentem: nos assuntos mais comentados da semana que a Folha publica aos domingos, o STF ocupa 13% do Painel do Leitor, empatado na liderança com a própria Copa do Mundo.

Os gols do agronegócio contra o Brasil

Por Paulo Kliass, no site Outras Palavras:

Estamos chegando ao final de junho e seguimos com essa aparente falta de entusiasmo da população para com a Copa do Mundo e com a seleção brasileira. É bem verdade que tudo isso pode mudar caso a equipe comandada por Tite melhore seu desempenho e avance para as novas etapas da competição. No entanto, o clima geral sugerido pelos grandes meios de comunicação é de antecipação das férias do meio do ano.

Argentina e os cavaleiros do apocalipse

Por Horacio Rovelli, no site Carta Maior:

O Novo Testamento nos fala dos quatro cavaleiros do apocalipse, que são a peste, a guerra, a fome e a morte, esta última monta um cavalo de pelagem marrom.

Podemos comparar a fuga de capitais, para salvar os lucros das empresas estrangeiras que operam na Argentina, ou o déficit da balança comercial e a dolarização do déficit fiscal – que, por imperícia e maldade manifesta do governo de Macri, foram exacerbados, sem limites ou restrições de nenhum tipo. E quando os bancos, que são os mesmos que propiciaram a eliminação de restrições para entrar e tirar dinheiro da Argentina, e lideraram a colocação de títulos de dívida no exterior (falamos do JP Morgan, Merril Lynch, Deustche Bank, HSBC, Stanley Morgan, entre outros), decidiram que era momento de sair, foram os principais compradores de dólares do Banco Central, que vendeu segundo a cotação oficial. Um grande negócio para eles, por transformar ao dólar os seus já grandes lucros em pesos, através de títulos e ações, fazendo estourar a bolha criada pelo governo, que aceitou e aceita todas as suas imposições, já que se trata de um grande negócio para o capital financeiro.

O tamanho do SUS no Brasil

Por Ana Luíza Matos de Oliveira, no site da Fundação Perseu Abramo:

Artigo de Alexandre Marinho, publicado na revista Planejamento e Políticas Públicas – PPP (disponível em pdf), fornece um quadro do tamanho do SUS, um dos maiores e mais abrangentes sistemas de saúde pública do mundo segundo o autor. Destacamos alguns dados deste estudo:

1. No ano de 2016, de acordo com a Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SAS/MS), dos 7.522 hospitais brasileiros, 5.536 (73,60%) atendiam ao SUS, e, do total de 488.179 leitos, 333.988 (68,41%) atendiam ao SUS.

Obrador é luz em continente devastado

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A história de povos e países é feita de momentos de orgulho e também de decepções, mas a vitória de Lopez Obrador nas eleições mexicanas tem um significado para a América Latina que não pode ser ignorado.

Desde 2009, quando Manuel Zelaya foi sequestrado no palácio presidencial de Honduras, o universo politico abaixo do Rio Grande, que separa os EUA do México, enfrenta uma maré de retrocessos e derrotas. No Paraguai, em 2014, Fernando Lugo foi deposto por um golpe de Estado, que seria aplicado com Dilma Rousseff, no Brasil, em 2016. Na Argentina e no Chile, governos de inegável traço progressista foram substituídos, nas urnas, pelo conservadorismo aberto. Na Venezuela de Hugo Chávez e Nicolas Maduro, um governo comprometido com a defesa das riquezas nacionais e com melhoria da condições de vida dos mais pobres resiste como pode contra uma guerra econômica que pretende abrir caminho para uma intervenção militar orquestrada por Washington.

A batata de Temer

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Em outras circunstâncias, o presidente Michel Temer já teria sido alvo da terceira denúncia por corrupção passiva ou já teria sofrido impeachment.

O inquérito sobre o decreto dos portos reúne uma fartura de indícios de que o coronel João Batista Lima recebeu propinas que, de alguma forma, foram usadas para atender a necessidades da vida “pública e privada” de Temer.

Foi o que disse o delegado responsável, Cleyber Malta Lopes, no relatório em que pediu ontem a prorrogação do inquérito por mais 60 dias. O ministro do STF Roberto Barroso o autorizou a continuar investigando até agosto, quando receberá o parecer da Procuradoria Geral da República sobre o pedido.

Globo oficializa censura a seus jornalistas

Da revista Fórum:

Neste domingo (1), o Grupo Globo oficializou a censura aos seus jornalistas nas redes sociais. João Roberto Marinho, diretor editorial da empresa, divulgou um comunicado interno com novas diretrizes sobre o uso de redes sociais para jornalistas em que proíbe os profissionais de se expressarem politicamente na internet.

Trata-se da concretização das normas que foram apelidadas de “Lei Chico Pinheiro” pelos próprios funcionários. O jornalista Chico Pinheiro, no mês passado, explicitou sua indignação com relação à prisão do ex-presidente Lula no Whatsapp e se áudio acabou sendo vazado. Logo após o vazamento, a Globo anunciou que implantaria as normas que foram oficializadas hoje.