Sem alardes ou críticas da mídia, já se encontra em visita oficial ao Brasil o ministro de Relações Exteriores de Israel, o racista assumido Avigdor Liberman. Segundo a nota da embaixada do país em Brasília, o objetivo da viagem de dez dias à América Latina, que também inclui a Argentina, Peru e Colômbia, “é desenvolver contato em novas direções, além das relações especiais com os Estados Unidos e os laços estreitos com a Europa”. Na prática, Israel procura sair do isolamento, decorrente da sua política agressiva, e evitar a crescente influência do Irã no continente.
Liberman já teve um encontro “cordial” com o governador José Serra, um almoço com a elite da Fiesp e participará de audiência com o presidente Lula. Temendo protestos públicos, foi montado enorme aparato de segurança para proteger o ministro-racista. Sua comitiva circulou pela capital paulista puxada por oito batedores da PM, além de dois veículos blindados. Contrariando a praxe diplomática, o carro que transportou Liberman foi dirigido por um membro da Shabak, a agência de “inteligência” de Israel. A Polícia Federal forneceu 15 agentes armados à comitiva, contra uma média de três para autoridades estrangeiras do mesmo nível.
Mídia blinda o terrorista
Como era de se esperar, a mídia hegemônica tem evitado críticas ao chanceler-racista. Inclusive, ela tentou desqualificar as corajosas declarações do secretário de relações internacionais do PT, Valter Pomar, que acusou Liberman de ser “fascista e racista”. O oligárquico Estadão, que nunca escondeu as suas simpatias pelo sionismo, estampou o título maldoso “Funcionário do PT chama chanceler de Israel de fascista”, negando sua condição de dirigente petista. Numa jogada rasteira, o jornal ainda tentou estimular a cizânia entre Valter Pomar e o governo Lula. Sem citar a fonte, o texto afirma que um porta-voz do presidente considerou suas declarações “bastante grosseiras”.
Se fosse mais séria e pluralista, a mídia hegemônica deixaria de lado as fofocas maldosas e daria uma breve biografia do carrasco Avigdor Liberman. Bastaria reproduzir as declarações públicas do atual chanceler israelense, como fez recentemente o jornal Água Verde, publicado no Paraná. Seu dossiê lembra que Lieberman responde a processos na Justiça por envolvimento com o crime organizado (Máfia Russa), incluindo tráfico de drogas, e que fundou o partido de extrema direita Yisrael Beitenu, que apoiou o atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em troca de cargos no governo. Entre as suas declarações racistas e criminosas, o jornal destaca algumas:
“Transformar o Irã num aterro”
- Em 1998, ele defendeu a inundação do Egito através do bombardeio da Represa de Assuã;
- Em 2001, como ministro da Infraestrutura Nacional de Israel, propôs que a Cisjordânia fosse dividida em quatro cantões sem governo palestino central e sem a possibilidade dos palestinos transitarem na região;
- Em 2002 o jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou a seguinte declaração de Liberman: “As 8 da manhã nós vamos bombardear todos os seus centros comerciais, à meia-noite as estações de gás, e às duas horas vamos bombardear seus bancos”.
- Em 2003 o diário israelense Haaretz informou que Liberman defendeu que os milhares de prisioneiros palestinos detidos em Israel fossem afogados no Mar Morto, oferecendo, cinicamente, ônibus para o transporte;
- Em maio de 2004, ele propôs um plano de transferência de territórios palestinos, anexando os territórios palestinos e expulsando a população nativa;
- Em maio de 2004, afirmou que 90% dos 1,2 milhão de cidadãos palestinos de Israel “tinham de encontrar uma nova entidade árabe para viver”, fora das fronteiras de Israel. “Aqui não é o lugar deles. Eles podem pegar suas trouxas e dar no pé!”
- Em maio de 2006, ele defendeu o assassinato dos membros árabes do Knesset (Parlamento israelense) que haviam se encontrado com os membros do Hamas integrantes da Autoridade Palestina para discutir acordos de paz na região;
- Em dezembro de 2008, defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”, afirmou em entrevista em jornal israelense Haaretz;
- Em junho de 2009, discursou no Knesset israelense ameaçando “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio do país com armas nucleares.