sábado, 17 de fevereiro de 2018

Qual o interesse por trás da intervenção?

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Por qualquer ângulo que se examine, a intervenção no Rio de Janeiro é aquele tipo de escolha que tem enorme chance de colecionar muito fracasso e de produzir zero acerto.

É uma decisão tremendamente equivocada e ineficaz, que não resolverá os problemas da violência, insegurança e do crime organizado no Rio. Que não é, inclusive, o Estado da federação com a pior realidade, que justificasse a adoção de medida grave e perigosa.

No Atlas da Violência do IPEA, a taxa de 30,6 homicídios a cada 100 mil habitantes em 2015 coloca o Rio na 18ª posição do país. Estão em situação muito mais crítica que o Rio, portanto, outros 17 Estados que, em tese, deveriam merecer absoluta prioridade de atenção antes do próprio Rio.

Um "espetáculo político" preocupante

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

Ministro das Relações Exteriores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da Defesa de Dilma Rousseff, o diplomata Celso Amorim vê com preocupação tanto a intervenção federal no Rio de Janeiro, anunciada hoje pelo presidente da República, Michel Temer, como as medidas sobre a "vulnerabilidade" em Roraima, prevendo ações de assistência para imigrantes venezuelanos no estado, com a justificativa de que o governo precisa ajudar a enfrentar as dificuldades com a vinda de cidadãos fugindo da crise do país vizinho.

Não, Merval, aqui não é o Haiti!

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Merval Pereira, com a impressionante assessoria militar do ‘General” Fernando Gabeira, dedica-se hoje a comparar, em O Globo, a missão das Forças Armadas no Rio de janeiro à que desempenharam, durante 13 anos, no devastado Haiti.

Merval, perdoe a expressão, mas você é tão inteligente quanto um pavão seria. Embora os pavões não sejam, com certeza, tão ingratos ao cocho que alimentou o esplendor de suas penas.

O Rio de Janeiro foi – e não vai longe isso – a capital cultural do Brasil, o seu tambor, o lugar de onde ressoavam ideias. O lugar que produzia aquilo que mais influenciava (e atraía) o pensamento brasileiro, dos sambas do morro até a Academia da qual você exibe, vaidoso, o fardão.

Manifesto aponta alternativas e prega unidade

http://pataxocartoons.blogspot.com.br/
Por Renato Rabelo, em seu blog:

Eis que chega um fato que avaliamos muito significativo: o lançamento do Manifesto Unidade para Reconstruir o Brasil, um trabalho conjunto que abarcou oficinas, reuniões, revisões, e durou muitos meses, empreendido pelas cinco Fundações: Leonel Brizola-Alberto Pasqualini; Perseu Abramo; João Mangabeira; Lauro Campos; e Maurício Grabois com o apoio de seus respectivos partidos, PDT, PT, PSB, PSOL e PCdoB.

Neste momento, numa iniciativa pioneira em termos de abrangência da esquerda brasileira, as fundações signatárias oferecem aos partidos aos quais estão vinculadas, às demais forças democráticas e ao povo brasileiro, o referido Manifesto.


Intervenção é teatro para Temer

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Intervenções federais para enfrentar a criminalidade no Rio de Janeiro são um evento tão comum que o decreto assinado por Michel Temer só chama atenção pelo teatro exagerado. Ocorreu uma intervenção na segurança pública do Rio durante a Copa, durante a Eco-92, nas Olimpíadas, etc...

São tão frequentes - e tão inúteis para encaminhar uma solução duradoura para a falta de segurança no Estado - que nem deveriam chamar atenção. Em 2018, a intervenção de Temer chama atenção por um efeito colateral interessante para o governo.

Permite esconder a grande derrota política de sua existência, que envolve o fiasco anunciado na reforma da Previdência. Isso porque o artigo 60 da Constituição veta a aprovação de emendas durante períodos de intervenção federal, estado de sítio e estado de emergência. Em função disso, o governo poderá fingir que a reforma não foi derrotada - apenas que não foi votada. Um consolo, para fez tantas promessas a seus patrocinadores.

A corrupção não é o (único) problema do RJ

Por Sergio Lírio, na revista CartaCapital:

Uma análise recente e profunda das finanças do Rio de Janeiro realizada pelo economista João Sicsú, professor da UFRJ, desmonta o senso comum de que os graves problemas financeiros do estado devem-se única e exclusivamente à corrupção.

“O problema mais relevante não é a quantidade de dinheiro que roubavam. Um problema ainda maior é que não tinham tempo, nem vontade ou ideias, para pensar no desenvolvimento do estado”, afirma. “A degradação da segurança pública, da saúde, da educação é apenas uma consequência das ideias da elite política que temos”.


Temer aposta alto e assume desfile na Sapucaí

Por Ricardo Cappelli, no site Vermelho:

Nada do que está acontecendo no Rio é novidade. O Estado já vinha num processo crescente de desintegração, política, econômica e social. O carnaval apenas expôs para o mundo uma realidade dramática. Além do belo e ousado desfile da Tuiuti, de uma festa grandiosa nas ruas da cidade, a grave crise social enviou recados contundentes. Aconteceram arrastões em ruas da zona sul. Saquearam um supermercado no Leblon, reduto da burguesia carioca. Traficantes da Rocinha enviaram uma “singela carta” para todos os edifícios de São Conrado, endereço de famosos vizinho à comunidade, exigindo uma “semanada” de quatro mil reais por prédio para “manter a tranqüilidade no bairro”. Faixas de apoio à Lula foram estendidas em algumas favelas com os dizeres: “STF: se prender Lula, o morro vai descer.”

Intervenção no Rio esvazia Bolsonaro

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

A intervenção no Rio de Janeiro esvazia a candidatura de Jair Bolsonaro e pode fortalecer a de Geraldo Alckmin. Essa é a leitura que faz o antropólogo Luiz Eduardo Soares, secretário nacional de Segurança no governo Lula, da medida anunciada hoje por Michel Temer.

Em entrevista exclusiva ao Tutaméia, Soares afirma que o decreto não vai resolver o problema da segurança no Estado e tem objetivos políticos e midiáticos.

“É uma intervenção para eleitor ver. Para baixar a temperatura e criar um consenso mínimo, valorizando as Forças Armadas. É a bandeira da lei e ordem. Quem navegar com essa bandeira tende a prosperar. Mas não será um bolsonaro da vida. Porque, quando o Exército está presente, o capitão é marginalizado”, diz.

Tio Sam controla o Brasil via judiciário

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

O Toffoli está lá na American University falando abobrinhas.

Se você olhar as contas das universidades privadas norte-americanas encontrará a lista de suspeitos de sempre: corporações privadas e departamento de estado dos EUA.

Uma procura rápida na internet já me fez descobrir, por exemplo, as ligações entre a American University e a Exxon Mobil, através da figura de Ben Johson, advogado da petroleira e membro de um dos conselhos da universidade.

Outra ligação: Exxon Mobil financia centros de pesquisa da American University no Cairo

Rio de Janeiro e o AI-5 homeopático

Golpe pode estar ensaiando uma ditadura

Foto: M.Pimentel/AFP
Por Marcelo Zero, no blog Viomundo:

O governo golpista não está intervindo no Rio por causa da segurança pública.

O Golpe está intervindo no Rio por causa de sua própria segurança.

Era evidente, desde o princípio, que a agenda ultrarregressiva e antipopular do Golpe demandaria crescente geração de um Estado de exceção.

De uma democracia tutelada pelos interesses do grande capital, auxiliado pela mídia corporativa e por uma casta burocrática formada por juízes e procuradores neoudenistas.

A condenação de Lula em segunda instância demonstrou que o golpe cruzou o Rubicão da democracia e mandou às favas todos os pruridos com a vida democrática e a soberania popular.

Temer é incapaz de garantir a segurança

Por Luciana Santos e Manuela D´Ávila

1. A crise do Estado do Rio de Janeiro, com expressão especialmente dramática na segurança pública, é um problema de todo o país. O Brasil precisa estar atento à situação do Rio e ser parceiro do Estado na construção de saídas para a atual crise.

2. A situação dramática vivida no Rio não é exceção. Existem outras unidades da Federação nas quais a crise econômica, agravada pela política de recuperação fiscal promovida pelo Governo Federal, o desemprego e outras consequências desastrosas do governo Temer, tem levado a situações também muito difíceis, que podem se agravar.

A segunda etapa do golpe político

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – a falsa legalidade

A ideia de que a intervenção no Rio é democrática, porque segue os preceitos da Constituição é tão falsa quanta a da legalidade do impeachment.

Segundo o Ministro da Justiça Torquato Jardim (que foi jogado para escanteio nesse planejamento) "é importante repetir que a intervenção na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro cumpre estritamente o ordenamento jurídico brasileiro e servirá para aperfeiçoar a democracia no nosso País."

Michel Temer decretou uma intervenção no Rio de Janeiro. Mas não se contentou com uma intervenção qualquer. Foi uma intervenção militar com um interventor das Forças Armadas, respondendo diretamente ao Presidente da República.

Intervenção no Rio: dos juízes aos generais

Foto: Marcelo Sayão/EFE
Por Luiz Eduardo Soares, no site Nós Movimento:

A situação da segurança pública no Rio é gravíssima e, portanto, não há mais lugar para discursos oficiais defensivos e auto-indulgentes. O crime organizado se espalhou como por metástase, mas note bem: só há crime organizado quando estão envolvidos agentes do Estado. Segmentos numerosos e importantes das instituições policiais não apenas se associaram ao crime, mas o promoveram – e aqui se fala sobretudo no mais relevante: tráfico de armas, crime federal. O que fez a polícia federal ? O que fez o Exército, responsável com a PF pelo controle das armas? O que fez a Marinha para bloquear o tráfico de armas na baía de Guanabara? O Estado do Rio está falido, suas instituições profundamente atingidas, mas o que dizer do governo federal e dos organismos federais? De que modo uma ocupação militar resolveria questões cujo enfrentamento exige investigação profunda e atuação nas fronteiras do estado, além de reformas institucionais radicais e grandes investimentos sociais?