Por Ricardo Cappelli, no site Vermelho:
Nada do que está acontecendo no Rio é novidade. O Estado já vinha num processo crescente de desintegração, política, econômica e social. O carnaval apenas expôs para o mundo uma realidade dramática. Além do belo e ousado desfile da Tuiuti, de uma festa grandiosa nas ruas da cidade, a grave crise social enviou recados contundentes. Aconteceram arrastões em ruas da zona sul. Saquearam um supermercado no Leblon, reduto da burguesia carioca. Traficantes da Rocinha enviaram uma “singela carta” para todos os edifícios de São Conrado, endereço de famosos vizinho à comunidade, exigindo uma “semanada” de quatro mil reais por prédio para “manter a tranqüilidade no bairro”. Faixas de apoio à Lula foram estendidas em algumas favelas com os dizeres: “STF: se prender Lula, o morro vai descer.”
A situação fiscal dos estados, com poucas e honrosas exceções, é gravíssima. Receitas caindo, custeio subindo e um verdadeiro drama previdenciário. Os tímidos sinais de melhora na economia devem dar algum oxigênio. Nada que reverta a crise estrutural que vai conduzindo boa parte para uma situação parecida com a do Rio. Não há alternativa. Sem a retomada de um projeto nacional que aposte no desenvolvimento, o neoliberalismo tardio e anacrônico levará todos para o fundo do poço.
Neste quadro, a intervenção federal no Rio parece natural. Será? O general Villas Boas recentemente se posicionou contra estas operações. Temer está jogando xadrez e usando o exército como peça. Não tem autoridade sobre os militares. Aceitam seu comando apenas por falta de alternativa e estrito respeito à hierarquia formal. Bater nos militares neste momento é erro grosseiro.
Ao intervir no Rio o presidente aposta alto. Numa jogada só escanteia Rodrigo Maia, pego de surpresa, abafa a derrota certa na previdência e tenta retomar o protagonismo com uma agenda de forte apelo popular. Mostra para todos que não está morto e ainda tem nas mãos uma caneta poderosa.
Deverá colher apoios no curto prazo. Se der errado perde o que já não tem. Se der certo, se fortalece no leito do discurso da ordem, viés onde Bolsonaro reina soberano. Aliás, se funcionar, será o candidato militar o maior beneficiário. Terá uma demonstração prática de sua tese para expor.
Se a intervenção se estender para outros estados teremos o exército nas ruas a partir de agora, e durante todo o processo eleitoral. Nossa democracia está em frangalhos e o ex-presidente mais popular da história pode ser preso a qualquer momento. As forças armadas assumiriam um protagonismo “desconfortável” no país.
Circulam boatos em Brasília que a Lava jato prepara uma entrada triunfal em São Paulo. Faria no estado algo semelhante ao que fez no Rio. Estaria insustentável perseguir apenas Lula. Cabeças coroadas do PSDB seriam entregues. Serra já estaria à base de antidepressivos. Alckmin seria gravemente ferido. Estaria composto um cenário de devastação propício à prisão de Lula.
Os mesmos boatos dizem que este é o motivo para FHC, de posse desta informação, estar desesperadamente à procura de um “nome novidade”. Já foi Huck e agora está atrás do dono das Lojas Riachuelo. Estaria antecipando, fazendo movimentos de olho no mercado futuro.
Seria o triunfo da devastação da política, uma vitória da “Aliança do Coliseu” formada pela Globo com setores antinacionais da burocracia estatal na constituição de um novo projeto de poder no país.
Parcela da burguesia continua no projeto Tucano de poder, é verdade. Outra parcela parece decidida a apostar na “pós-política.”
Intervenções federais, exército nas ruas, Lula preso, a política sendo devastada, abrindo caminho para algum aventureiro. O fortalecimento de um discurso de ordem e força, ódio e medo, o sonho de consumo do Capitão Fascista. Temer se recolocando no jogo sonhando em ser protagonista ou um eleitor de valor numa saída conservadora que lhe preserve a pele no futuro.
É impossível não enxergar as digitais do “Anjo Mau” Moreira Franco, velho e experiente quadro formado na AP, nestes movimentos.
Por enquanto, algumas informações, muito exercício e especulação. Mas os sinais são preocupantes. É bom ficar de olho.
* Ricardo Cappelli é jornalista e Secretário Chefe da Representação do Governo do Maranhão no Distrito Federal.
Nada do que está acontecendo no Rio é novidade. O Estado já vinha num processo crescente de desintegração, política, econômica e social. O carnaval apenas expôs para o mundo uma realidade dramática. Além do belo e ousado desfile da Tuiuti, de uma festa grandiosa nas ruas da cidade, a grave crise social enviou recados contundentes. Aconteceram arrastões em ruas da zona sul. Saquearam um supermercado no Leblon, reduto da burguesia carioca. Traficantes da Rocinha enviaram uma “singela carta” para todos os edifícios de São Conrado, endereço de famosos vizinho à comunidade, exigindo uma “semanada” de quatro mil reais por prédio para “manter a tranqüilidade no bairro”. Faixas de apoio à Lula foram estendidas em algumas favelas com os dizeres: “STF: se prender Lula, o morro vai descer.”
A situação fiscal dos estados, com poucas e honrosas exceções, é gravíssima. Receitas caindo, custeio subindo e um verdadeiro drama previdenciário. Os tímidos sinais de melhora na economia devem dar algum oxigênio. Nada que reverta a crise estrutural que vai conduzindo boa parte para uma situação parecida com a do Rio. Não há alternativa. Sem a retomada de um projeto nacional que aposte no desenvolvimento, o neoliberalismo tardio e anacrônico levará todos para o fundo do poço.
Neste quadro, a intervenção federal no Rio parece natural. Será? O general Villas Boas recentemente se posicionou contra estas operações. Temer está jogando xadrez e usando o exército como peça. Não tem autoridade sobre os militares. Aceitam seu comando apenas por falta de alternativa e estrito respeito à hierarquia formal. Bater nos militares neste momento é erro grosseiro.
Ao intervir no Rio o presidente aposta alto. Numa jogada só escanteia Rodrigo Maia, pego de surpresa, abafa a derrota certa na previdência e tenta retomar o protagonismo com uma agenda de forte apelo popular. Mostra para todos que não está morto e ainda tem nas mãos uma caneta poderosa.
Deverá colher apoios no curto prazo. Se der errado perde o que já não tem. Se der certo, se fortalece no leito do discurso da ordem, viés onde Bolsonaro reina soberano. Aliás, se funcionar, será o candidato militar o maior beneficiário. Terá uma demonstração prática de sua tese para expor.
Se a intervenção se estender para outros estados teremos o exército nas ruas a partir de agora, e durante todo o processo eleitoral. Nossa democracia está em frangalhos e o ex-presidente mais popular da história pode ser preso a qualquer momento. As forças armadas assumiriam um protagonismo “desconfortável” no país.
Circulam boatos em Brasília que a Lava jato prepara uma entrada triunfal em São Paulo. Faria no estado algo semelhante ao que fez no Rio. Estaria insustentável perseguir apenas Lula. Cabeças coroadas do PSDB seriam entregues. Serra já estaria à base de antidepressivos. Alckmin seria gravemente ferido. Estaria composto um cenário de devastação propício à prisão de Lula.
Os mesmos boatos dizem que este é o motivo para FHC, de posse desta informação, estar desesperadamente à procura de um “nome novidade”. Já foi Huck e agora está atrás do dono das Lojas Riachuelo. Estaria antecipando, fazendo movimentos de olho no mercado futuro.
Seria o triunfo da devastação da política, uma vitória da “Aliança do Coliseu” formada pela Globo com setores antinacionais da burocracia estatal na constituição de um novo projeto de poder no país.
Parcela da burguesia continua no projeto Tucano de poder, é verdade. Outra parcela parece decidida a apostar na “pós-política.”
Intervenções federais, exército nas ruas, Lula preso, a política sendo devastada, abrindo caminho para algum aventureiro. O fortalecimento de um discurso de ordem e força, ódio e medo, o sonho de consumo do Capitão Fascista. Temer se recolocando no jogo sonhando em ser protagonista ou um eleitor de valor numa saída conservadora que lhe preserve a pele no futuro.
É impossível não enxergar as digitais do “Anjo Mau” Moreira Franco, velho e experiente quadro formado na AP, nestes movimentos.
Por enquanto, algumas informações, muito exercício e especulação. Mas os sinais são preocupantes. É bom ficar de olho.
* Ricardo Cappelli é jornalista e Secretário Chefe da Representação do Governo do Maranhão no Distrito Federal.
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