segunda-feira, 9 de abril de 2018

Prisão de Lula e o cemitério dos mortos-vivos

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Henfil não sabe o que está perdendo.

Bastou o grande guia do Partido da Justiça expedir a ordem de prisão contra Lula que os mortos-vivos imortalizados no traço do genial cartunista, de uma hora para outra, pulularam das tumbas do cemitério como baratas no cio, invadindo todos os espaços das redes sociais como nunca se vira antes.

Quanto mais medíocres foram em suas vidinhas anônimas, mais assanhados eles se tornaram.

O ódio a Lula é reflexo do ódio ao pobre

Por Jessé Souza, na revista CartaCapital:

Lula foi preso com “provas” construídas pela manipulação diária da mídia para que não se precisasse de provas jurídicas. Um alimentava o outro, Lava Jato e mídia, na distorção sistemática da realidade vivida, produzindo um simulacro do mundo, enquanto o saque real da corrupção organizada pela intermediação financeira agora se realiza impunemente.

Uma elite econômica subordinada aos interesses internacionais, que jamais aceitou o jogo democrático e suas consequências, usou seus intelectuais, sua mídia, seus juízes e seus generais para estigmatizar os interesses das classes populares. Como sempre, optou por criminalizar seus líderes.


Lula está preso numa solitária

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Numa tentativa óbvia de encobrir a brutalidade essencial de uma prisão injusta, nos dias anteriores a chegada de Lula a sede da Polícia Federal, em Curitiba, vários detalhes do aposento que lhe fora reservado chegaram aos meios de comunicação.

Mas nem o aparelho de TV que permitiu a Lula assistir ao jogo do Corinthians x Palmeiras permite ignorar uma realidade maior, de quem não só enfrenta uma condenação sem prova, mas encontra-se isolado numa cela, distante de outros prisioneiros recolhidos à PF.

Desde que chegou a Curitiba, Lula tem sido privado do indispensável convívio com outros prisioneiros - possivelmente o elemento mais importante para se assegurar alguma estabilidade intelectual e emocional a toda pessoa encarcerada, elemento que tem um lugar especial em seu caso.

Eles deram o golpe militar da Globo

Uma batalha que acabou de começar

Por Ariel Goldstein, no blog Viomundo:

“Vou atender à vontade deles”, disse Lula ao final de seu discurso no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.

Com a entrega do ex-presidente à Polícia Federal, um novo capítulo da incerteza brasileira começa.

É uma jogada não sem riscos para os fatores de poder, que tentam excluir este líder popular de sua influência e participação nas eleições deste ano.

Agora, a prisão pode ofuscar o Lula do cenário político ou preservar ou aumentar a sua influência diante da disputa eleitoral?

Por que estou ao lado de Lula?

Por Célio Turino, na revista Fórum:

Porque ele é meu amigo. Não é honrado abandonar os amigos nas horas difíceis, mesmo quando temos diferenças de opinião e condutas. De amigos se cuida.

Porque ele é amigo do povo brasileiro. O governo de Lula, com todas as críticas que se queira fazer, fez muito pelo povo mais pobre, levou luz onde não havia, água aonde faltava água, universidades e cursos superiores aonde inexistiam escolas, Pontos de Cultura aonde jamais o Estado imaginou chegar; sob seu governo houve renda mínima para as famílias mais pobres, com a Bolsa Família, o salário mínimo dobrou em termos reais, e as pessoas idosas sem meios para se sustentarem, assim como portadores de deficiências, passaram a receber um salário em forma de pensão continuada, no valor de um salário mínimo, foram distribuídos remédios para quem não tinha condições de comprá-los, e atendimento de saúde para que jamais havia sido atendido por um médico; e o país cresceu, e foi respeitado no mundo, e os brasileiros mais pobres puderam progredir. Houve erros? Seguramente. Mas não é honrado abandonar os amigos nas horas difíceis, e a ingratidão é uma pantera a engolir os ingratos. Confio que o povo brasileiro não será ingrato.

A atuação da mídia na prisão de Lula

Do jornal Brasil de Fato:

A atuação de boa parte da imprensa brasileira impondo uma narrativa massificada anti-Lula foi o principal combustível da mobilização das forças antidemocráticas na prisão do ex-presidente Lula na noite deste sábado (7). O resultado está refletido nas capas dos jornais deste domingo (8).

"O papel dos grandes meios de comunicação privado no Brasil é bem claro há alguns anos. E nos últimos dois anos foi explícito. Eles atuaram politicamente utilizando o poder de manipulação da informação para construir uma opinião pública favorável a prisão do ex-presidente Lula”, disse Renata Mielli, coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), em entrevista para Rádio Brasil de Fato.

Direita busca confronto; prudência em dobro

Foto: Ricardo Stuckert
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Está na cara que o conflito que encerrou a noite vergonhosa da prisão de Lula foi devidamente planejado.

Todo o “sigilo” que envolveu a operação policial tinha um destino: a Superintendência da Polícia Federal do Paraná.

Quando se quis afastar de lá manifestantes pró-Lula, montou-se um grande esquema policial e isolou-se toda a área.

Agora, permitiu-se que os grupos fascistas chegassem bem perto do prédio, ao ponto de atingirem o pátio com rojões e, pior ainda, dispará-los contra o helicóptero que conduzia o ex-presidente.

A esquerda sem Lula

Foto: Ricardo Stuckert
Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Na derrota e na vitória, a forma e a hora contam. A prisão do ex-presidente Lula não aconteceu como desejava o ex-juiz Sergio Moro, como rendição de um réu despojado de tudo o que foi e significou, chegando abatido à cela em Curitiba, acompanhado de advogados. A pressa e o ímpeto do juiz ajudaram Lula a transformar a medida que representaria o triunfo da justiça “para todos” em um ato político de grande força simbólica, juntando as pontas de sua história contra a decretação de sua morte política e do projeto que encarnou. Selou-se a maior derrota da esquerda no Brasil depois da ditadura mas ato final não existe na política. Tudo agora será processado pela maioria que assistiu silenciosa.