sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Trump, o imperador do mundo

Charge: Pete Kreiner/Austrália-IranCartoon
Por Frei Betto, na Revista Opera:

A guerra é como Jano, tem várias faces. Além de bélica, ocorre também por via diplomática, econômica, política e cultural. A cultural consiste em impor a versão do dominador sobre os dominados. É o que sempre fizeram as indústrias de entretenimento da Disney e de Hollywood.

Agora Trump declara guerra econômica ao Brasil ao prometer que, a partir de 1º de agosto, imporá tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos EUA, caso o processo contra Bolsonaro, que ele considera uma “witch hunt” (perseguição política), não seja imediatamente arquivado.

Essa intromissão imperialista no Judiciário brasileiro (oito juízes do STF estão proibidos de ingressar nos EUA) teve apenas um precedente grave em mais de 200 anos de relações entre os dois países: o golpe de 1964, que derrubou o presidente João Goulart, constitucionalmente eleito, e impôs uma ditadura militar que durou 21 anos.

Fascistas repetem ditadura e fecham Congresso

Charge: Claudio Duarte
Por Jeferson Miola, em seu blog:

Uma horda de deputados e senadores bolsonaristas repetiu a ditadura e fechou o Congresso Nacional.

A ditadura [1964/1985] fechou o Congresso Nacional em três ocasiões.

A primeira vez, em outubro de 1966, com base no Ato Institucional nº 2 [AI-2] que concedia ao ditador de plantão o poder de decretar "recesso" do parlamento, o general-ditador Castello Branco decretou o fechamento do Congresso por um mês "para conter um agrupamento de elementos contra-revolucionários formado no Legislativo com a finalidade de tumultuar a paz pública".

Depois, em dezembro de 1968, o marechal-ditador Costa e Silva decretou o AI-5 e fechou novamente o Congresso "para combater a subversão e as ideologias contrárias às tradições de nosso povo".

Imprensa dá holofote para delinquentes

Charge: Bira Dantas
Por Bepe Damasco, em seu blog:

Não faz tanto tempo a imprensa comercial ignorava solenemente deputados e senadores que não tinham nada a dizer, a não ser sandices e declarações marcadas pelo racismo, a misoginia, a homofobia, pela violência e por ataques aos valores democráticos e aos direitos humanos.

Figuras deploráveis e de baixa extração como Bolsonaro, fora um outro discurso de ódio que viravam notícia, ficavam no anonimato durante grande parte de seus mandatos. O que mais se sabia a respeito de Bolsonaro é que se tratava de um fanático caricato que lutava pelos salários dos militares.

O episódio explícito de delinquência que foi o sequestro da Câmara e do Senado por arruaceiros da extrema direita não teria ocorrido não fosse a certeza de que eles agora são as estrela do noticiário, que são levados a sério, que aparecem no Jornal Nacional, marcam presença ao vivo na GloboNews e ocupam manchetes dos jornalões.

Mídia nativa dá show de vassalagem a Trump

Charge: Daryl Cagle
Por Ângela Carrato, no site Viomundo:

Começou a valer nesta quarta-feira (6/8) o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump a 3.800 produtos brasileiros. Na guerra que desencadeou contra praticamente todos os países, valendo-se de tarifas como pressão econômica, a relativa aos produtos brasileiros é a mais alta e não apresenta qualquer justificativa técnica.

O próprio Trump mentiu na postagem que fez quando, em 9 de julho, anunciou o tarifaço contra o Brasil, pois alegou que o nosso país era superavitário nestas transações. E é exatamente o contrário. Naquele mesmo comunicado, em sua rede social, ele misturou alhos com bugalhos possivelmente para tentar confundir a opinião pública.

Déficit? Economia? É a geopolítica, estúpido!

Reprodução da internet
Por Marcelo Zero, no site Brasil-247:

As tarifas absurdas (50%) impostas à Índia demonstram que o Brasil não está isolado. Como havia observado antes, Trump montou uma grande ofensiva contra os principais membros do Brics.

A questão principal é geopolítica. A questão “Bolsonaro”, embora influa também, é secundária.

Não foi por coincidência que as tarifas de 50% contra o Brasil tivessem sido anunciadas logo após a reunião do Brics, no Rio de Janeiro. Trump ficou furioso com as menções, na declaração, às transações em moedas locais, à construção de sistemas de telecomunicações próprios, à superação do unilateralismo etc.

A ofensiva contra o Brics é ampla e tem caráter estratégico, de longo prazo.

Rússia, China, Brasil e a África do Sul, cujo presidente, Cyril Ramaphosa, foi humilhado publicamente na Casa Branca, já tinham sido objeto das agressões e da ofensiva.

R$ 23 bi gastos com tecnologia estrangeira