domingo, 4 de novembro de 2018

A recompensa do cabo eleitoral Sergio Moro

Por Rodrigo Martins, na revista CartaCapital:

Com a sua habitual sinceridade e, aparentemente, total falta de senso de oportunidade, o general Hamilton Mourão, vice-presidente eleito, revelou poucas horas antes do anúncio oficial o arranjo que levou o juiz Sergio Moro a aceitar o convite para assumir um “superministério” da Justiça no governo de Jair Bolsonaro.

Segundo Mourão, a sondagem ficou a cargo de outro futuro “superministro” (esta administração mais parece um filme da Marvel), o economista Paulo Guedes, ainda no primeiro turno. “Isso faz tempo, durante a campanha foi feito um contato”, descreveu o militar.

Brasil vai enterrar a Constituição Cidadã

Por Ana Luíza Matos de Oliveira, no site da Fundação Perseu Abramo:

Paulo Guedes, anunciado como futuro ministro da Fazenda de Bolsonaro, afirmou que o Brasil “vai enterrar modelo econômico social-democrata”.

A Constituição Federal de 1988 (CF88), chamada de Constituição Cidadã, de fato se inspirou na social-democracia, em especial a europeia, para instituir uma série de direitos aos cidadãos brasileiros, tal como consta no artigo 6º da CF88: “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.

Bolsonaro não teve cheque em branco do povo

Por Guilherme Boulos, no site Mídia Ninja:

Jair Bolsonaro teve a maioria dos votos e foi eleito presidente da República, o que não significa um cheque em branco do povo brasileiro a um pensamento único sem espaço para a oposição de ideias. O sufrágio se dá nas urnas, mas a democracia é prática cotidiana e pressupõe respeito a quem pensa diferente e, sobretudo, às liberdades constitucionais.

As declarações do presidente eleito, no entanto, são preocupantes: denúncias jornalísticas tornam-se “fake news”, movimentos sociais viram “organizações terroristas”, e manifestações populares são tachadas como “ataques à democracia”.

O jornalismo precisa se reinventar

Por Carlos Wagner, no site da Fundação Maurício Grabois:

Com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) para presidente da República o destino das empresas de jornalismo como conhecemos é incerto. Ele se elegeu prometendo acrescentar novas dificuldades a um setor que já sofre o êxodo de leitores e anunciantes.

Os problemas econômicos da mídia tradicional são mundiais. Nos Estado Unidos, com a eleição de Donald Trump, um inimigo declarado dos jornais, algumas empresas conseguiram reverter o quadro econômico denunciando para o público os desmandos do grupo político ao redor do presidente. O que irá acontecer com as grandes empresas de comunicação do Brasil, nós saberemos no primeiro ano de governo de Bolsonaro.

Filipinas: o Brasil de amanhã?

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Alguns dias antes das eleições, Walden Bello, um sociólogo e ativista filipino que conhece o Brasil, e participou ativamente dos Fóruns Sociais Mundiais, escreveu uma carta aos brasileiros. Bello comparava a então provável eleição de Jair Bolsonaro aos dois anos de mandato do atual presidente de seu país, Rodrigo Duterte. A mensagem tinha claro sentido de alerta.

Sergio Moro, o capanga judicial

Por Atilio A. Boron, no site Carta Maior:

A apressada designação do juiz Sérgio Moro como ministro de Justiça do Brasil ficará registrada na história como caso paradigmático, por sua desavergonhada fusão com o obsceno, ao servir de ascensão definitiva a esta sinistra nova figura na sempre acossada democracia latino-americana: o capanga judicial. Diferente dos seus predecessores, que aniquilam suas vítimas fisicamente, o capanga judicial – assim como seu colega econômico, de mais longo currículo (como demonstra o famoso livro de John Perkins, “Confissões de um Assassino Econômico”) – os elimina através de uma arma mais silenciosa e quase invisível aos olhos dos seus contemporâneos: o lawfare. Ou seja, a utilização arbitrária e tergiversada do direito para violar os princípios e procedimentos estabelecidos pelo devido processo, com o objetivo de inabilitar – pela prisão ou pelo exílio – aqueles que, por algum motivo, se constituem obstáculos para as classes dominantes ou para o imperialismo.

O 18 Brumário de Jair Bolsonaro

Caricatura: Jack Allen
Por Rodrigo Perez Oliveira, no site Jornalistas Livres:

“Demonstro nesse livro como a luta de classes na França criou circunstâncias e condições que possibilitaram a um personagem medíocre e grotesco desempenhar um papel de herói.”

Assim, com essas palavras, Karl Marx inicia o livro “O 18 Brumário de Luís Napoleão Bonaparte”, publicado em 1852. No texto, Marx se pergunta como um sujeito medíocre e grotesco conseguiu se tornar o líder máximo da sociedade que meio século antes havia experimentado a mais importante revolução social da história moderna.

Aqui, neste ensaio, me inspiro em Marx para formular minha própria pergunta:

Mercosul, rentismo e o suicídio da burguesia

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Não foi preciso mais que 48 horas para as entidades e lideranças do patronato industrial despertarem assombradas do suicídio que cometeram por promoverem a candidatura de extrema-direita e o avanço do fascismo à guisa não de um projeto de desenvolvimento, mas do mesquinho e odioso antipetismo.

As medidas iniciais traçadas por Bolsonaro e Paulo Guedes ameaçam de morte a indústria brasileira e o setor produtivo nacional.

A primeira medida prometida é o abandono do Mercosul. Para eles, a relação comercial e institucional com a Argentina e o Mercosul não será prioridade.

'Estadão' têm um problema: fixação em Lula

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

Os editorialistas do Estadão devem ter alguma questão psicanalítica não resolvida com Lula e as demais lideranças do PT.

Num momento em que Jair Bolsonaro ameaça desconstruir a democracia tal qual a conhecemos, o jornal trata hoje de atacar Lula e o partido.

“O partido de Lula da Silva recrudesceu seu autoritarismo, expondo cada vez mais seu desespero. Depois de passar a campanha inteira a denunciar como “golpe” o impeachment constitucional de Dilma Rousseff, a exigir a libertação de Lula, como se este não tivesse que cumprir pena pelos crimes que cometeu, e a exigir apoio a seu candidato como única forma de “salvar a democracia” ante o perigo do “fascismo” supostamente representado pela candidatura de Bolsonaro, o PT agora trata de dizer que a vitória do oponente resultou de um processo “eivado de vícios e fraudes”, conforme declarou a presidente do partido, Gleisi Hoffmann”, diz o principal editorial do jornal hoje”, disse, em um dos trechos.

Bolsonaro e a democracia em risco

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A eleição de Jair Bolsonaro marca o encerramento de quarenta anos de história brasileira.

O marco inicial encontra-se em 1978, quando nasceram as greves operárias que anunciaram a agonia da ditadura militar e o nascimento do mais democrático sistema político da história brasileira.

O capítulo final foi escrito domingo passado, quando Bolsonaro foi eleito presidente, para tentar colocar de pé o mais radical projeto de extrema-direita na história da República.