segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Vai passar e o fascismo será batido de novo

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O filme “22 de julho”, sobre o julgamento do neonazista Anders Breivik, que matou 77 jovens num acampamento numa ilha na Noruega em 2011, contém uma lição importante.

Arrogante, Breivik se gaba de sua façanha.

- Outros farão o que comecei, diz ele.

- E nós os derrotaremos novamente, meus filhos e eu, responde o advogado, que encarna a democracia e o espírito humano.

Não ignore as mudanças de Bolsonaro

Por Leandro Demori, no site The Intercept-Brasil:

O brasileiro votou em Jânio Quadros porque estava cansado da corrupção, votou em Fernando Collor porque estava cansado da corrupção, votou em Jair Bolsonaro porque estava cansado da corrupção. A corrupção que nos acompanha desde sempre é o maior cabo eleitoral de candidatos que se apresentam como antissistema e antipolítica, mesmo que sejam, eles mesmos, parte da mesma geléia moral que dizem combater. Jair Bolsonaro, apoiado por grandes meios de comunicação, por empresários milionários e por pastores poderosos é um candidato do sistema. Uma ponta diferente do sistema que costuma eleger políticos no Brasil. Mas, ainda assim, do sistema.

O inverno chegou

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Jair Bolsonaro foi eleito, cumpra-se a vontade da maioria, regra de ouro da democracia, apesar dos vícios do processo, do uso de armas novas e letais que vêm corroendo a democracia mundo afora.

Mas ninguém se iluda, um tempo de sombras chegou. Se, como candidato, ele disse coisas tão terríveis, que poderiam lhe tirar votos, por que deixará de praticá-las no poder?

O governo em si é uma incógnita, pois o cheque foi assinado em branco, mas haverá perseguição, revanchismo e repressão, pois haverá também resistência. Exílios e prisões, como ele prometeu.

Neoliberalismo precisa menos de democracia

Do jornal Brasil de Fato:

No Brasil, a ascensão de Jair Bolsonaro, presidente eleito neste domingo (28) com uma plataforma de extrema direita, revela que, cada vez mais, o capitalismo abre mão da democracia em todo o mundo. Esta é a análise que a economista Leda Paulani faz um dia após a vitória do político do PSL.

"As democracias – que foram uma necessidade e funcionaram, aliás, como legitimação do governo neoliberal nos últimos 30 anos – parecem não ser mais necessárias. E, por outro lado, as medidas de cunho liberal precisam ser aprofundadas, dadas as crises que o sistema enfrenta mundialmente", pontua.

Sobre a vitória com 39% dos votos

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Antes que se forme um ensaiado coral de sábios para tentar nos convencer que o povo brasileiro rendeu-se ao neoliberalismo fardado, ou pior ainda, ao fascismo, melodias sob medida para justificar todo tipo de barbaridade em preparação após a eleição de Bolsonaro, convém considerar alguns dados da eleição:

1. Bolsonaro teve uma das mais fracas e menos expressivas vitórias eleitorais desde a democratização.

Recebeu 55 milhões de votos sobre um eleitorado de 147 milhões, ou 39%.

Acordamos, é 29 de outubro de 2018

Por Clemente Ganz Lúcio, no site Brasil Debate:

Acordamos, é 29 de outubro de 2018. Vivos estamos e já velamos os primeiros mortos.

Livres, pelo voto, a nação feriu gravemente a Liberdade e a Democracia.

Majoritariamente, a sociedade escolheu abrir a porta do inferno.

Muitos, em nome de deus, fizeram e farão do ódio, da morte e da repressão suas armas para vencer na política. É a tragédia na história para um novo tempo.

A derrota desse largo campo que voltou a construir pontes e a se unir novamente em torno de valor fundamentais como liberdade, democracia, igualdade, deverá ser compreendida prospectivamente.

Oposição democrática começa agora

Editorial do site Vermelho:

É certo que o governo Bolsonaro enfrentará uma firme e decidida oposição, alicerçada nos mais de 47 milhões de votos da chapa Fernando Haddad-Manuela d’Ávila e na ampla mobilização democrática da reta final da campanha eleitoral. Afinal, a eleição do candidato da extrema direita representa o maior retrocesso desde o fim do regime militar instaurado com o golpe de 1964. Foi a vitória de um projeto contrário à democracia, que traz como consequência a ameaça ao patrimônio nacional e aos direitos do povo. Agora, concretamente, o Brasil está diante de um poder declaradamente inimigo da sua soberania e das conquistas históricas dos trabalhadores.

A ameaça da ditadura desavergonhada

Por Marcelo Zero

Caso o presidente eleito cumpra as suas promessas antidemocráticas, o jornalista Elio Gaspari já pode preparar o quinto volume da sua série sobre a ditadura brasileira: A Ditadura Desavergonhada.

Com efeito, o que mais surpreende em Bolsonaro e no neofascismo que tomou conta do Brasil e derrotou a democracia é a sua total falta de vergonha.

Ele e seus seguidores falam as maiores barbaridades de forma aberta, sem pejo e sem hesitações.

Pior: falam com empáfia e estridência.

Se orgulham de sua própria bestialidade, da sua truculência tosca, da sua estupidez patente.

Todos juntos, atentos e fortes

Por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Se eu fosse mulher, negro ou gay, eu estaria com medo. Eu não sou nem mulher, nem negro, nem gay, mas estou com medo. Com medo, mas com coragem – com a coragem que afasta o medo e nos leva a resistir.

Eu estou com vergonha da classe média e das elites brasileiras, às quais eu pertenço.

Elas foram responsáveis pelo golpe parlamentar que foi o impeachment, e agora apoiaram um candidato neofascista que age abertamente contra os direitos humanos e a democracia.

Carta aberta ao presidente Lula

Por José Sergio Gabrielli de Azevedo

Escrevo cedo na manhã do dia após as eleições. Bolsonaro ganhou e seu primeiro discurso, retomando uma velha retórica da Guerra Fria promete o combate ao socialismo e comunismo como princípios fundantes de seu ideário. Cito, literalmente: o Brasil não poderia continuar flertando "com o socialismo, o comunismo, o populismo e o extremismo da esquerda".

Com a Constituição na mão, Bolsonaro promete cumpri-la. Como lembrou o presidente do STF, ministro Toffoli, ela diz no seu terceiro artigo e eu cito literalmente: