Por Altamiro Borges
Demissões, arrocho salarial, precarização do trabalho e clima de terror e censura nas redações. E o Brasil ainda “é o único país do mundo em que os jornalistas chamam o patrão de companheiro”, como costuma se indignar o veterano Mino Carta. Na semana passada, o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro promoveu um debate com Fernando Amorim, do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese) para subsidiar a campanha salarial deste ano. Os dados apresentados pelo economista confirmam a selvageria praticada pelos barões da mídia contra a sofrida categoria – que ainda possui muita gente que come mortadela, mas arrota caviar!
Entre outros abusos, Fernando Amorim relatou que as empresas de comunicação têm recorrido cada vez mais à demissão de antigos profissionais para contratar novos com salários mais baixos. Como resultado, a renda da categoria está minguando. A remuneração de um profissional da TV aberta no Rio de Janeiro, por exemplo, foi reduzida de, em média, R$ 3.960 para R$ 2.870 entre janeiro e dezembro de 2014. A alta rotatividade explica a depreciação salarial: foram demitidos 142 jornalistas e contratados 188 profissionais ganhando salário 72% menor. Nas redações dos jornais cariocas, a desvalorização também é drástica. Nos doze meses de 2014, a remuneração média nesse segmento caiu de R$ 2.726,74 para R$ 2.367,85 – uma diferença de 86% entre os salários dos funcionários demitidos e admitidos.
Este brutal arrocho visa apenas elevar os lucros dos barões da mídia, que não têm qualquer preocupação com a qualidade do trabalho jornalístico. Fernando Amorim exibiu gráficos que comprovam que “o lucro das empresas de comunicação é inversamente proporcional ao salário dos jornalistas”. Os gráficos mostram que, apesar do discurso de crise no setor, as corporações lucram cada vez mais. As rádios, por exemplo, faturaram 65,7% a mais entre 2005 e 2013 (passando de R$ 114 milhões para R$ 189 milhões). Nas emissoras de TV, a margem é ainda maior: 132% (de R$ 1,06 bilhão para R$ 2,56 bilhões). Até setembro de 2014, o faturamento publicitário do setor evoluiu 9,3% (rádios) e 10,7% (TVs). “A desoneração da folha de pagamentos, tornada permanente pelo governo federal, ainda permitiu às emissoras economizarem R$ 163,4 milhões até maio de 2014”, relata o site do sindicato.
"Pejotização" e assédio moral
Além da rotatividade como estratégia para reduzir os salários, as corporações midiáticas têm cometido outras irregularidades para elevar seus lucros. No final de janeiro, o Ministério Púbico do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ) abriu procedimento para apurar denúncias feitas pelo Sindicato dos Jornalistas sobre violações trabalhistas. Dossiê elaborado pela entidade detalha os abusos cometidos, como a contratação de profissionais na condição de pessoa jurídica – a famigerada “pejotização” –, o desrespeito à jornada legal de trabalho da categoria e o assédio moral. O documento foi entregue ao procurador-geral do Trabalho, Luís Camargo, e ao procurador-chefe substituto do MPT-RJ, Fábio Goulart Villela.
Segundo o dossiê, a “pejotização” é uma prática frequente nas redações dos veículos e nas assessorias de imprensa do Rio de Janeiro, fazendo com que os jornalistas não tenham os seus direitos trabalhistas assegurados. Já o desrespeito à jornada legal de cinco horas é classificado como um “problema crônico”. Nem mesmo o descanso semanal remunerado é praticado pelas empresas. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê um dia de descanso remunerado imediatamente após seis dias seguidos de trabalho, mas ela não é cumprida nas redações. Também há casos de contratação de jornalistas como radialistas – por estes terem carga de trabalho maior – assim como casos graves de assédio moral.
“O número de jornalistas com pedido de licença médica por razões psicológicas é enorme e tem por origem a forma desrespeitosa como são tratados, equipes diminutas, escalas exaustivas, multifuncionalidade (jornalista realiza diversas funções ao mesmo tempo), dentre outras”, aponta um trecho do dossiê. Na audiência com os procuradores, na semana passada, a diretoria do Sindicato dos Jornalistas apresentou a proposta de parceria com o MPT para divulgar campanhas e recomendações às empresas pelo fim do assédio moral. Diante deste quadro assustador, ainda tem jornalista no Brasil que trata o empresário como companheiro e que reproduz servilmente a visão patronal. Lamentável!
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Demissões, arrocho salarial, precarização do trabalho e clima de terror e censura nas redações. E o Brasil ainda “é o único país do mundo em que os jornalistas chamam o patrão de companheiro”, como costuma se indignar o veterano Mino Carta. Na semana passada, o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro promoveu um debate com Fernando Amorim, do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese) para subsidiar a campanha salarial deste ano. Os dados apresentados pelo economista confirmam a selvageria praticada pelos barões da mídia contra a sofrida categoria – que ainda possui muita gente que come mortadela, mas arrota caviar!
Entre outros abusos, Fernando Amorim relatou que as empresas de comunicação têm recorrido cada vez mais à demissão de antigos profissionais para contratar novos com salários mais baixos. Como resultado, a renda da categoria está minguando. A remuneração de um profissional da TV aberta no Rio de Janeiro, por exemplo, foi reduzida de, em média, R$ 3.960 para R$ 2.870 entre janeiro e dezembro de 2014. A alta rotatividade explica a depreciação salarial: foram demitidos 142 jornalistas e contratados 188 profissionais ganhando salário 72% menor. Nas redações dos jornais cariocas, a desvalorização também é drástica. Nos doze meses de 2014, a remuneração média nesse segmento caiu de R$ 2.726,74 para R$ 2.367,85 – uma diferença de 86% entre os salários dos funcionários demitidos e admitidos.
Este brutal arrocho visa apenas elevar os lucros dos barões da mídia, que não têm qualquer preocupação com a qualidade do trabalho jornalístico. Fernando Amorim exibiu gráficos que comprovam que “o lucro das empresas de comunicação é inversamente proporcional ao salário dos jornalistas”. Os gráficos mostram que, apesar do discurso de crise no setor, as corporações lucram cada vez mais. As rádios, por exemplo, faturaram 65,7% a mais entre 2005 e 2013 (passando de R$ 114 milhões para R$ 189 milhões). Nas emissoras de TV, a margem é ainda maior: 132% (de R$ 1,06 bilhão para R$ 2,56 bilhões). Até setembro de 2014, o faturamento publicitário do setor evoluiu 9,3% (rádios) e 10,7% (TVs). “A desoneração da folha de pagamentos, tornada permanente pelo governo federal, ainda permitiu às emissoras economizarem R$ 163,4 milhões até maio de 2014”, relata o site do sindicato.
"Pejotização" e assédio moral
Além da rotatividade como estratégia para reduzir os salários, as corporações midiáticas têm cometido outras irregularidades para elevar seus lucros. No final de janeiro, o Ministério Púbico do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ) abriu procedimento para apurar denúncias feitas pelo Sindicato dos Jornalistas sobre violações trabalhistas. Dossiê elaborado pela entidade detalha os abusos cometidos, como a contratação de profissionais na condição de pessoa jurídica – a famigerada “pejotização” –, o desrespeito à jornada legal de trabalho da categoria e o assédio moral. O documento foi entregue ao procurador-geral do Trabalho, Luís Camargo, e ao procurador-chefe substituto do MPT-RJ, Fábio Goulart Villela.
Segundo o dossiê, a “pejotização” é uma prática frequente nas redações dos veículos e nas assessorias de imprensa do Rio de Janeiro, fazendo com que os jornalistas não tenham os seus direitos trabalhistas assegurados. Já o desrespeito à jornada legal de cinco horas é classificado como um “problema crônico”. Nem mesmo o descanso semanal remunerado é praticado pelas empresas. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê um dia de descanso remunerado imediatamente após seis dias seguidos de trabalho, mas ela não é cumprida nas redações. Também há casos de contratação de jornalistas como radialistas – por estes terem carga de trabalho maior – assim como casos graves de assédio moral.
“O número de jornalistas com pedido de licença médica por razões psicológicas é enorme e tem por origem a forma desrespeitosa como são tratados, equipes diminutas, escalas exaustivas, multifuncionalidade (jornalista realiza diversas funções ao mesmo tempo), dentre outras”, aponta um trecho do dossiê. Na audiência com os procuradores, na semana passada, a diretoria do Sindicato dos Jornalistas apresentou a proposta de parceria com o MPT para divulgar campanhas e recomendações às empresas pelo fim do assédio moral. Diante deste quadro assustador, ainda tem jornalista no Brasil que trata o empresário como companheiro e que reproduz servilmente a visão patronal. Lamentável!
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.. com o advento da internet jornalista pode ter seu proprio meio de comunicacao e ganhar o proprio dim dim ja que vivem analisando a economia deveriam saber administrar seus negocios.... ou nada e tao simples assim, ALGUMA DUVIDA PROCUREM O SEBRAE...
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