Por Lino Bocchini, na revista CartaCapital:
O Movimento Passe Livre promoveu, até o momento, seis manifestações na capital paulista em 2015. Defensor da tarifa zero para o transporte público, o MPL, no entanto, direcionou os seus atos especificamente contra a Prefeitura de São Paulo e o prefeito Fernando Haddad (PT). Três dos seis protestos começaram ou terminaram na sede do poder público municipal - o prédio do Banespinha, no Viaduto do Chá, no Centro de São Paulo. O último deles, dia 29, passou pelo prédio no qual mora a família de Haddad.
Recapitulando: o primeiro ato, dia 9 de janeiro, começou na Prefeitura; o segundo, em 16 de janeiro, passou pela Prefeitura e pela secretaria de Transportes do município; o terceiro, dia 20 de janeiro, aconteceu no Tatuapé (zona Leste) e não foi direcionado a nenhuma instância de governo; o quarto, dia 23, foi dispersado a poucos metros da Prefeitura, onde terminaria; o quinto, dia 27, caminhou pelo Largo da Batata e avenida Faria Lima e, novamente, não teve um “alvo” específico; o mais recente, na última quinta-feira 29, começou no Ibirapuera e terminou em frente à residência do prefeito, no bairro do Paraíso.
Nenhum dos seis atos, contudo, passou por nenhuma secretaria estadual ou pelo Palácio dos Bandeirantes. Também nunca foi alvo do MPL a residência do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que vive com a família em um prédio no Morumbi próximo ao palácio.
O transporte público mais utilizado dentro da capital paulista é o ônibus. São Paulo, no entanto, faz parte de uma gigantesca mancha urbana com 39 municípios conurbados que formam a sua Região Metropolitana. O governo do Estado, há mais de 20 anos nas mãos do PSDB, é o responsável pelo metrô, pelos trens da CPTM, por linhas de ônibus intermunicipais, e por todos os ônibus da EMTU, que operam em regiões como a Baixada Santista, Campinas e o Vale do Ribeira.
Todos esses sistemas tiveram reajustes. E nenhum dos atos do MPL em 2015 cobrou o governador com manifestações à sua porta.
No discurso oficial e em seus documentos, o Movimento Passe Livre critica também as tarifas estaduais e o governador. Na prática, porém, o alvo é exclusivamente a Prefeitura e Fernando Haddad. Basta ouvir os gritos de guerra e os trajetos. Basta ver a cobertura da imprensa convencional e alternativa e ler as redes sociais. O foco é só o prefeito.
É ainda de responsabilidade do governador Geraldo Alckmin a Polícia Militar, que acabou de forma violenta com quatro das seis manifestações realizadas neste ano. Mesmo com o festival de cacetadas, detenções arbitrárias, agressões físicas, balas de borracha, bombas de efeito moral e nuvens de gás lacrimogêneo, o governo do Estado segue poupado das manifestações promovidas pelo grupo.
É ainda o governador o responsável pela maior falta de água da história do Estado, e estamos às vésperas de um racionamento de grandes proporções. O MPL, como se sabe, é focado no transporte público. Mas veja este exemplo: movimentos com outros temas centrais de luta, como o MTST (moradia), já engrossaram os atos do Passe Livre. Sindicatos também. E o fizeram porque a questão do transporte público, inegavelmente, é um direito central para qualquer trabalhador. O que dizer, então, da importância da água?
Em uma democracia, cada um protesta como e onde quiser, pelo motivo que for e contra quem desejar. É um direito constitucional e deve ser defendido de forma inequívoca. Chamam atenção, entretanto, as escolhas do movimento. Geraldo Alckmin agradece.
Recapitulando: o primeiro ato, dia 9 de janeiro, começou na Prefeitura; o segundo, em 16 de janeiro, passou pela Prefeitura e pela secretaria de Transportes do município; o terceiro, dia 20 de janeiro, aconteceu no Tatuapé (zona Leste) e não foi direcionado a nenhuma instância de governo; o quarto, dia 23, foi dispersado a poucos metros da Prefeitura, onde terminaria; o quinto, dia 27, caminhou pelo Largo da Batata e avenida Faria Lima e, novamente, não teve um “alvo” específico; o mais recente, na última quinta-feira 29, começou no Ibirapuera e terminou em frente à residência do prefeito, no bairro do Paraíso.
Nenhum dos seis atos, contudo, passou por nenhuma secretaria estadual ou pelo Palácio dos Bandeirantes. Também nunca foi alvo do MPL a residência do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que vive com a família em um prédio no Morumbi próximo ao palácio.
O transporte público mais utilizado dentro da capital paulista é o ônibus. São Paulo, no entanto, faz parte de uma gigantesca mancha urbana com 39 municípios conurbados que formam a sua Região Metropolitana. O governo do Estado, há mais de 20 anos nas mãos do PSDB, é o responsável pelo metrô, pelos trens da CPTM, por linhas de ônibus intermunicipais, e por todos os ônibus da EMTU, que operam em regiões como a Baixada Santista, Campinas e o Vale do Ribeira.
Todos esses sistemas tiveram reajustes. E nenhum dos atos do MPL em 2015 cobrou o governador com manifestações à sua porta.
No discurso oficial e em seus documentos, o Movimento Passe Livre critica também as tarifas estaduais e o governador. Na prática, porém, o alvo é exclusivamente a Prefeitura e Fernando Haddad. Basta ouvir os gritos de guerra e os trajetos. Basta ver a cobertura da imprensa convencional e alternativa e ler as redes sociais. O foco é só o prefeito.
É ainda de responsabilidade do governador Geraldo Alckmin a Polícia Militar, que acabou de forma violenta com quatro das seis manifestações realizadas neste ano. Mesmo com o festival de cacetadas, detenções arbitrárias, agressões físicas, balas de borracha, bombas de efeito moral e nuvens de gás lacrimogêneo, o governo do Estado segue poupado das manifestações promovidas pelo grupo.
É ainda o governador o responsável pela maior falta de água da história do Estado, e estamos às vésperas de um racionamento de grandes proporções. O MPL, como se sabe, é focado no transporte público. Mas veja este exemplo: movimentos com outros temas centrais de luta, como o MTST (moradia), já engrossaram os atos do Passe Livre. Sindicatos também. E o fizeram porque a questão do transporte público, inegavelmente, é um direito central para qualquer trabalhador. O que dizer, então, da importância da água?
Em uma democracia, cada um protesta como e onde quiser, pelo motivo que for e contra quem desejar. É um direito constitucional e deve ser defendido de forma inequívoca. Chamam atenção, entretanto, as escolhas do movimento. Geraldo Alckmin agradece.
MPL, CIA, PIG. Como diz o Mino, é tudo a mesma sopa.
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