Maria Corina Machado e Aécio Neves |
Existem ainda pessoas ingênuas acreditando que, respeitadas as regras da democracia burguesa, tudo correrá normalmente vença quem vencer uma disputa eleitoral. Estes não perceberam que o compromisso da burguesia com a democracia é zero. As forças políticas chavistas venceram, nos últimos 15 anos, 18 eleições de 19 que ocorreram na Venezuela e mesmo assim os eleitos não viveram um só segundo sem a pressão, a chantagem e a ameaça de golpe da elite local, mancomunada com a mídia hegemônica.
O legítimo presidente eleito da Venezuela, Nicolás Maduro, seria alvo de uma tentativa de golpe de estado. O serviço de informação da Venezuela descobriu o plano, desbaratou o esquema e prendeu os criminosos. Em coro histérico a mídia hegemônica brasileira acusa o governo venezuelano de autoritário, diz que “Nicolás Maduro prefere a truculência ao diálogo.” (Clóvis Rossi, Folha de S. Paulo, 21/1) e de forma cínica “exige” que o governo Dilma acuse o governo bolivariano de “violação dos direitos humanos”. Os tartufos não aceitam sequer que o governo democraticamente eleito da Venezuela proteja a legalidade e previna um golpe planejado por mercenários locais e agentes estrangeiros. E tudo isso em nome da democracia.
A paranoia
A mídia hegemônica diz que o governo bolivariano da Venezuela sofre de “paranoia” (Folha de S. Paulo) e O Globo “informa” que o plano do golpe foi descoberto graças à tortura. Não deixa de ser uma boa novidade descobrir que O Globo é contra a tortura. Podia ter sido contra há mais tempo, por exemplo na época em que o regime militar brasileiro, que O Globo apoiava, de fato matava e torturava. Hoje a tortura de que O Globo fala não passa de mais uma das calúnias do seu enorme arsenal.
Quanto à paranoia, é sabido que a principal característica deste sintoma é uma desconfiança constante e infundada. Sendo assim, para a mídia hegemônica o golpe de 11 de abril de 2002 contra o presidente Hugo Chaves não aconteceu. Foi, provavelmente, paranoia coletiva. O que tentam esconder é que o roteiro de 2002 tem algumas semelhanças com o que hoje acontece naquele país e assim com em 2002 toda a mídia hegemônica brasileira apoiará mais uma vez um golpe se ele acontecer, seja na Venezuela, no Brasil, e onde houver um governo de caráter popular e democrático.
Como Estadão, Folha e Globo abordaram a “paranoia” de 2002
Mostrando pela enésima vez que não têm nenhum compromisso real com a democracia, quando o presidente Chávez foi derrubado por um golpe militar que dissolveu as instituições democráticas em abril de 2002, a mídia festejou intensamente. O jornal O Estado de S. Paulo estampou em editorial: “O fim do golpismo chavista”, onde dizia que “há casos em que a ruptura institucional serve mais à causa da democracia”.
Como Estadão, Folha e Globo abordaram a “paranoia” de 2002
Mostrando pela enésima vez que não têm nenhum compromisso real com a democracia, quando o presidente Chávez foi derrubado por um golpe militar que dissolveu as instituições democráticas em abril de 2002, a mídia festejou intensamente. O jornal O Estado de S. Paulo estampou em editorial: “O fim do golpismo chavista”, onde dizia que “há casos em que a ruptura institucional serve mais à causa da democracia”.
O Globo também foi explícito no editorial intitulado: “Mal do populismo”, onde afirmava em apoio ao golpe que “explicações argutas e sofisticadas para o fracasso do presidente Hugo Chávez não faltarão. Mas já se pode adiantar com segurança que a Venezuela se livrou do pitoresco presidente porque a fórmula por ele proposta para resolver os problemas e as injustiças seculares de um república latino-americana foi rapidamente repudiada”.
O jornal Folha de S. Paulo, sempre mais cínico, intitulou seu editorial de “Golpe na Venezuela”, mas assim como o Estadão e O Globo também considerava como principal culpado o presidente deposto, pois era “um salvador da pátria (que) se lança numa empreitada alucinante para tentar construir uma nova sociedade (...) a aventura de Chávez se destinava ao fracasso. Seu governo calcou-se no voluntarismo demiúrgico, e não num projeto coletivo, indispôs-se com todos os setores organizados da sociedade”.
Nem paranoia nem ilusão
Em nenhum momento o editorial da Folha de S. Paulo clamou pelo restabelecimento do legítimo mandato conferido pelas urnas a Hugo Chávez. O texto terminava de forma vergonhosa limitando-se a pedir a realização de novas eleições no país sob o comando dos golpistas. Poucas horas depois a legalidade é restabelecida e Chávez (que segundo "análise" da Folha teria se indisposto com todos os setores organizados da sociedade) reassume o poder nos braços do povo e com apoio de parte significativa das Forças Armadas.
Nem paranoia nem ilusão
Em nenhum momento o editorial da Folha de S. Paulo clamou pelo restabelecimento do legítimo mandato conferido pelas urnas a Hugo Chávez. O texto terminava de forma vergonhosa limitando-se a pedir a realização de novas eleições no país sob o comando dos golpistas. Poucas horas depois a legalidade é restabelecida e Chávez (que segundo "análise" da Folha teria se indisposto com todos os setores organizados da sociedade) reassume o poder nos braços do povo e com apoio de parte significativa das Forças Armadas.
Novos editoriais sobre o surpreendente desfecho não foram escritos. A mídia hegemônica não é paranoica, mas friamente pragmática. Se eles não são paranoicos, do lado do campo popular não podemos nos permitir ilusões. É preciso sempre ter muito claro que não importa em que palavras pomposas sejam feitas as promessas da mídia hegemônica em nome da democracia, dos direitos humanos e da justiça social, as forças de classe que ela representa vêm nesta fraseologia apenas uma oca peça publicitária, destinada a enganar incautos e a consolidar seus projetos a serviço da reação e do capital financeiro. Defender a democracia e os direitos humanos na Venezuela é defender a revolução bolivariana.
Solidariedade a Miguel do Rosário
O caso da condenação do jornalista e blogueiro Miguel do Rosário, absurdamente condenado a pagar R$ 30 mil por criticar o para lá de criticável serviçal da famiglia Marinho, Ali Kamel, prova de novo, mais uma vez, novamente, o quanto são hipócritas as juras da grande imprensa em defesa da liberdade de expressão. Como diz o próprio Miguel, esta condenação representa uma ameaça a própria democracia. A permanecer assim, não demora e juízes convenientes irão decidir que só a mídia hegemônica pode usar adjetivos para se referir aos adversários políticos (os adjetivos que condenaram Miguel foram “sacripanta” e “reacionário”).
Solidariedade a Miguel do Rosário
O caso da condenação do jornalista e blogueiro Miguel do Rosário, absurdamente condenado a pagar R$ 30 mil por criticar o para lá de criticável serviçal da famiglia Marinho, Ali Kamel, prova de novo, mais uma vez, novamente, o quanto são hipócritas as juras da grande imprensa em defesa da liberdade de expressão. Como diz o próprio Miguel, esta condenação representa uma ameaça a própria democracia. A permanecer assim, não demora e juízes convenientes irão decidir que só a mídia hegemônica pode usar adjetivos para se referir aos adversários políticos (os adjetivos que condenaram Miguel foram “sacripanta” e “reacionário”).
É necessário reagir não só com a constante denúncia sobre a corrompida mídia hegemônica nacional mas também com a solidariedade ativa ao combativo companheiro Miguel do Rosário. Reforçamos o pedido já feito aqui no Portal Vermelho no sentido da colaboração para que Miguel faça frente a esta condenação injusta e intolerável. Os leitores que quiserem ajudar, podem fazê-lo através deste link. Qualquer dúvida, use o email assinatura@ocafezinho (falar com Mônica Teixeira). O email de Miguel é migueldorosario@gmail.com (que é também seu ID no Paypal).
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