Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:
Uma das características mais representativas da imprensa brasileira na última década tem sido a homogeneidade dos pontos de vista que expõe claramente em seu conteúdo ou deixa implícitos na hierarquia de suas escolhas editoriais. A rigor, não há concorrência entre os grandes jornais de circulação nacional – e a liderança do Grupo Globo sobre as outras redes de televisão é aceita passivamente pelo setor, desde que sobrem fatias consistentes do bolo publicitário para todas elas.
Esse é um retrato básico do sistema da mídia, que serve para ilustrar como certas edições parecem ter sido planejadas numa única redação – e como expressões e mantras utilizados para defender determinados pontos de vista, criados por um colunista de um jornal, são imediatamente adotados por articulistas de outro jornal.
A homogeneidade do discurso, exercitada ao longo dos anos, faz com que as narrativas se tornem muito assemelhadas, e é isso que faz da imprensa brasileira uma força política considerável. Esse sistema precisa encontrar repercussão nas instituições e na sociedade – condição indispensável para manter seu valor percebido –, mas também necessita ser alimentado por verbas publicitárias para custear seu funcionamento.
A influência da mídia tradicional nas instituições vem sendo demonstrada há muito tempo e se reflete na manutenção de um estado permanente de crise no campo da política e de um viés sempre pessimista quanto à situação econômica do país. Sua influência direta sobre a sociedade, porém, foi colocada em dúvida no final do ano passado, quando a imprensa perdeu a eleição presidencial.
Por isso, as manifestações do domingo (15/3) precisam ser capitalizadas ao extremo pelos editores: elas consolidam o apoio de grande parcela das classes médias urbanas ao projeto de poder que move a imprensa.
O noticiário intenso sobre supostas consequências dos protestos, como uma improvável reforma ministerial, torna mais denso o protagonismo daqueles que foram às ruas tentar inverter o resultado da eleição de 2014. A pesquisa oportunista do Datafolha sobre a queda na aprovação da presidente da República (ver aqui), apresentada sem referência ao contexto que definiu as opiniões, tem esse propósito.
O discurso em cima do muro
Essa oportunidade de consolidar sua influência sobre parte da sociedade explica o grande interesse da mídia em fazer barulho em torno de um relatório não oficial sobre a política de comunicação do governo federal e, de certa forma, ajuda a entender o estremecimento causado pela demissão do executivo que durante doze anos comandou a área de comunicação da Petrobras.
As grandes empresas de mídia temem que a demissão do gerente da estatal, Wilson Santarosa, e uma possível substituição do chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Thomas Traumann, venham a produzir uma redução nos gastos com publicidade do Executivo e da Petrobras. Então, temos o cenário estranho no qual a imprensa agride continuamente o governo enquanto os responsáveis pela comunicação oficial, tanto no Planalto quanto na Petrobras, despejam rios de dinheiro em anúncios de duvidosa eficiência na mídia tradicional e patrocinam comédias de alto custo e baixa qualidade no principal grupo de comunicação do país.
Enquanto isso, o interessante projeto dos coletivos de cultura e a proposta de fortalecer as iniciativas de mídia regional e comunitária ficam às moscas.
Na sexta-feira (20/3), curiosamente, há uma ruptura na homogeneidade das escolhas editoriais dos principais diários. O Estado de S.Paulo e a Folha de S.Paulo noticiam que a presidente Dilma Rousseff não vai fazer uma reforma ministerial, enquanto o Globo aposta na manchete: “Pressionada, Dilma fará mudanças no Ministério”. Essa suposta divergência, porém, não esconde o propósito das duas abordagens diferentes, que é provocar uma mudança na composição e na orientação do governo.
O projeto de poder apoiado pela mídia tradicional foi derrotado nas urnas, mas seus operadores não consideram que a eleição acabou. A imprensa brasileira não é uma instituição democrática e tampouco atua como um contrapoder dedicado a questionar o Estado, como defendem alguns. O sistema da mídia poderia ser esse contrapoder democrático, mas se comporta como uma instância na disputa direta do poder, que utiliza o jornalismo como instrumento de pressão.
O mito das “redações independentes” é apenas uma justificativa moral para discursos proferidos de cima do muro.
Esse é um retrato básico do sistema da mídia, que serve para ilustrar como certas edições parecem ter sido planejadas numa única redação – e como expressões e mantras utilizados para defender determinados pontos de vista, criados por um colunista de um jornal, são imediatamente adotados por articulistas de outro jornal.
A homogeneidade do discurso, exercitada ao longo dos anos, faz com que as narrativas se tornem muito assemelhadas, e é isso que faz da imprensa brasileira uma força política considerável. Esse sistema precisa encontrar repercussão nas instituições e na sociedade – condição indispensável para manter seu valor percebido –, mas também necessita ser alimentado por verbas publicitárias para custear seu funcionamento.
A influência da mídia tradicional nas instituições vem sendo demonstrada há muito tempo e se reflete na manutenção de um estado permanente de crise no campo da política e de um viés sempre pessimista quanto à situação econômica do país. Sua influência direta sobre a sociedade, porém, foi colocada em dúvida no final do ano passado, quando a imprensa perdeu a eleição presidencial.
Por isso, as manifestações do domingo (15/3) precisam ser capitalizadas ao extremo pelos editores: elas consolidam o apoio de grande parcela das classes médias urbanas ao projeto de poder que move a imprensa.
O noticiário intenso sobre supostas consequências dos protestos, como uma improvável reforma ministerial, torna mais denso o protagonismo daqueles que foram às ruas tentar inverter o resultado da eleição de 2014. A pesquisa oportunista do Datafolha sobre a queda na aprovação da presidente da República (ver aqui), apresentada sem referência ao contexto que definiu as opiniões, tem esse propósito.
O discurso em cima do muro
Essa oportunidade de consolidar sua influência sobre parte da sociedade explica o grande interesse da mídia em fazer barulho em torno de um relatório não oficial sobre a política de comunicação do governo federal e, de certa forma, ajuda a entender o estremecimento causado pela demissão do executivo que durante doze anos comandou a área de comunicação da Petrobras.
As grandes empresas de mídia temem que a demissão do gerente da estatal, Wilson Santarosa, e uma possível substituição do chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Thomas Traumann, venham a produzir uma redução nos gastos com publicidade do Executivo e da Petrobras. Então, temos o cenário estranho no qual a imprensa agride continuamente o governo enquanto os responsáveis pela comunicação oficial, tanto no Planalto quanto na Petrobras, despejam rios de dinheiro em anúncios de duvidosa eficiência na mídia tradicional e patrocinam comédias de alto custo e baixa qualidade no principal grupo de comunicação do país.
Enquanto isso, o interessante projeto dos coletivos de cultura e a proposta de fortalecer as iniciativas de mídia regional e comunitária ficam às moscas.
Na sexta-feira (20/3), curiosamente, há uma ruptura na homogeneidade das escolhas editoriais dos principais diários. O Estado de S.Paulo e a Folha de S.Paulo noticiam que a presidente Dilma Rousseff não vai fazer uma reforma ministerial, enquanto o Globo aposta na manchete: “Pressionada, Dilma fará mudanças no Ministério”. Essa suposta divergência, porém, não esconde o propósito das duas abordagens diferentes, que é provocar uma mudança na composição e na orientação do governo.
O projeto de poder apoiado pela mídia tradicional foi derrotado nas urnas, mas seus operadores não consideram que a eleição acabou. A imprensa brasileira não é uma instituição democrática e tampouco atua como um contrapoder dedicado a questionar o Estado, como defendem alguns. O sistema da mídia poderia ser esse contrapoder democrático, mas se comporta como uma instância na disputa direta do poder, que utiliza o jornalismo como instrumento de pressão.
O mito das “redações independentes” é apenas uma justificativa moral para discursos proferidos de cima do muro.
ResponderExcluirEXPLOSIVO!
A Globo JÁ PODE SER CASSADA!
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Globo tira do ar vídeo de especialista que fala da Petrobras e Pasadena
publicado em 16 de fevereiro de 2015 às 13:00
http://www.viomundo.com.br/denuncias/globo-tira-ar-video-de-especialista-que-fala-da-petrobras-e-pasadena.html#at_pco=smlwn-1.0&at_si=550d91575685dc85&at_ab=per-2&at_pos=0&at_tot=1
O VÍDEO HISTÓRICO E PEDAGÓGICO RECUPERADO!
10/02/2015
O VÍDEO QUE A GLOBO ESCONDEU. ESPECIALISTA EM PETRÓLEO TAPA A BOCA DE LEILANE NEUBARTH
do BR29, sugestão de FrancoAtirador
FONTE: http://brasil29.com.br/o-video-que-a-globo-escondeu-especialista-em-petroleo-tapa-a-boca-de-leilane-neubarth/
Jean-Paul Prates, consultor na área de petróleo, comenta a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, e outras polêmicas que a Petrobras atravessa.
A repórter da GloboNews ainda se esforçou, em vão, para rebater as palavras do especialista em petróleo, que deixou claro que a atual discussão travada em torno de Pasadena é política e que assuntos desta magnitude não podem ser tratados com oportunismo e de modo superficial.
Como a Globo resolveu tirar do ar: aqui (printscreen da página no topo)
https://www.youtube.com/watch?v=6SAowHldubE