Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Babilônia não tem público, mas em compensação milhares de pessoas se dedicam a animados debates sobre as razões do seu fracasso.
O último especialista a palpitar foi Boni. Para ele, o problema não está na polêmica em torno de coisas como o casal de senhoras lésbicas.
A novela, simplesmente, é ruim, diz Boni.
Não vi e nem verei uma só cena de Babilônia, mas sei o mal de que padece a novela: internet.
As discussões ignoram isso: televisão e seus produtos como novela viraram obsolescência na Era Digital.
Ninguém mais vê televisão. Ou melhor: o público que importa para a sua sobrevivência - os jovens - não vê.
Tevê deixou de fazer parte da vida dos jovens com o florescimento da internet, e isto é uma sentença de morte.
Uma pesquisa recente do Ibope mostrou o envelhecimento do público da tevê: os consumidores estão, essencialmente, acima dos 50 anos.
A mesma coisa ocorre com jornais e revistas. Talvez alguém da Globo possa se sair com uma frase antológica do diretor de redação da Veja, Eurípides Alcântara.
Perguntado por seu chefe sobre por que o leitor da Veja é tão idoso - acima dos 60 -, Eurípides invocou Charles Aznavour. Disse que a Veja é “Charles Aznavour” das revistas, como se isso fosse um triunfo.
Eurípides se notabilizou na juventude por editar a célebre matéria do boimate - uma pegadinha de 1.o de abril de uma revista científica estrangeira que dizia ter sido feita uma combinação de boi com tomate. Mas, com a menção a Charles Aznavour, ele se superou na meia idade.
Qualquer coisa que passe na televisão, daqui por diante, padecerá do mesmo mal de Babilônia: escassez desesperadora de público.
Imagine que a Globo traga o criador de Breaking Bad, Vince Gilligan, e encomende a ele uma novela.
Será maravilhosa, graças ao talento exuberante de Gilligan. Só que ninguém vai ver.
O mesmo drama vale, naturalmente, para o telejornalismo da Globo.
A audiência do Jornal Nacional, hoje, é irrisória perto do que foi dez ou vinte anos atrás. É como se os telespectadores estivessem escorrendo por uma torneira o tempo todo.
Você pode mandar embora Ali Kamel, Bonner e toda a equipe que nada vai mudar substancialmente.
A internet é uma mídia disruptora. Não há nada que a Globo possa contra ela. Em seus 50 anos de domínio sobre o Brasil, não interrompido sequer com a chegada do PT ao poder, a Globo jamais encontrou um obstáculo como a internet.
A Globo não tem como intimidar, pressionar, sabotar a internet. A internet é infinitamente maior que ela.
Os brasileiros devem ter gratidão eterna pela internet.
Sem ela, a Globo continuaria a agrilhoar o Brasil e impedir, indefinidamente, o avanço da sociedade.
Agora, a Globo tem que lutar pela sobrevivência – e o dia em que os anunciantes acordarem para o fato de que pagam muito por uma audiência cada vez menor os sinos fatalmente dobrarão para a família Marinho.
O último especialista a palpitar foi Boni. Para ele, o problema não está na polêmica em torno de coisas como o casal de senhoras lésbicas.
A novela, simplesmente, é ruim, diz Boni.
Não vi e nem verei uma só cena de Babilônia, mas sei o mal de que padece a novela: internet.
As discussões ignoram isso: televisão e seus produtos como novela viraram obsolescência na Era Digital.
Ninguém mais vê televisão. Ou melhor: o público que importa para a sua sobrevivência - os jovens - não vê.
Tevê deixou de fazer parte da vida dos jovens com o florescimento da internet, e isto é uma sentença de morte.
Uma pesquisa recente do Ibope mostrou o envelhecimento do público da tevê: os consumidores estão, essencialmente, acima dos 50 anos.
A mesma coisa ocorre com jornais e revistas. Talvez alguém da Globo possa se sair com uma frase antológica do diretor de redação da Veja, Eurípides Alcântara.
Perguntado por seu chefe sobre por que o leitor da Veja é tão idoso - acima dos 60 -, Eurípides invocou Charles Aznavour. Disse que a Veja é “Charles Aznavour” das revistas, como se isso fosse um triunfo.
Eurípides se notabilizou na juventude por editar a célebre matéria do boimate - uma pegadinha de 1.o de abril de uma revista científica estrangeira que dizia ter sido feita uma combinação de boi com tomate. Mas, com a menção a Charles Aznavour, ele se superou na meia idade.
Qualquer coisa que passe na televisão, daqui por diante, padecerá do mesmo mal de Babilônia: escassez desesperadora de público.
Imagine que a Globo traga o criador de Breaking Bad, Vince Gilligan, e encomende a ele uma novela.
Será maravilhosa, graças ao talento exuberante de Gilligan. Só que ninguém vai ver.
O mesmo drama vale, naturalmente, para o telejornalismo da Globo.
A audiência do Jornal Nacional, hoje, é irrisória perto do que foi dez ou vinte anos atrás. É como se os telespectadores estivessem escorrendo por uma torneira o tempo todo.
Você pode mandar embora Ali Kamel, Bonner e toda a equipe que nada vai mudar substancialmente.
A internet é uma mídia disruptora. Não há nada que a Globo possa contra ela. Em seus 50 anos de domínio sobre o Brasil, não interrompido sequer com a chegada do PT ao poder, a Globo jamais encontrou um obstáculo como a internet.
A Globo não tem como intimidar, pressionar, sabotar a internet. A internet é infinitamente maior que ela.
Os brasileiros devem ter gratidão eterna pela internet.
Sem ela, a Globo continuaria a agrilhoar o Brasil e impedir, indefinidamente, o avanço da sociedade.
Agora, a Globo tem que lutar pela sobrevivência – e o dia em que os anunciantes acordarem para o fato de que pagam muito por uma audiência cada vez menor os sinos fatalmente dobrarão para a família Marinho.
E é daí pra pior. Até os mais velhos já estão aderindo ás novidades. Tenho uma tia de 77 anos que depois que descobriu a NETFLIX não quer mais saber de TV aberta. Um belo dia, começou assistir uma série, depois outra e outra.... e adeus novela, adeus JN, adeus Globo!
ResponderExcluir