Por Róber Iturriet Avila, no site Brasil Debate:
Conforme explorado neste mesmo espaço, as posições políticas de direita e de esquerda expressam valores, diagnósticos e prescrições distintas para os problemas da sociedade. De maneira genérica, as perspectivas da direita econômica entendem que o mercado é eficiente na produção de bens e na distribuição da renda. Ao contrário da esquerda econômica, que prescreve tanto regulação na produção, quanto políticas distributivas.
Esse último aspecto se justifica, sobretudo, pela compreensão de que o mercado funcionando livremente tende a concentrar riqueza. De um lado porque o capital influencia a remuneração e a condição do trabalho, e de outro, pelas distintas grandezas dos capitais, uns com mais escala do que outros, desencadeando em poder de mercado de grupos empresariais e capacidades competitivas assimétricas.
Nesse sentido, muitas das políticas apregoadas pelas forças de esquerda objetivam melhorar a repartição da renda e da riqueza. Elevação dos níveis salariais, estabelecimento de um salário mínimo, políticas de crédito para microempresas e tributação progressiva são pautas comuns a esse campo do pensamento.
Especificamente no caso do Brasil, a política tributária é regressiva e penaliza mais os pobres. Já as fatias mais ricas da população brasileira pagam menos impostos do que seus congêneres na maioria dos países. Para além desse ponto, a Operação Zelotes da Polícia Federal e o caso SwissLeaks indicam alguns caminhos utilizados pelos estratos com elevada renda para pagarem menos impostos.
A participação do salário, do lucro e a estruturação dos tributos são focos de divergências importantes entre a direita e a esquerda. Geralmente, aqueles que são mais ricos são contra a esquerda porque não querem contribuir mais com o bem-estar coletivo, por entenderem que sua renda/riqueza é fruto de seu esforço.
Já a esquerda, genericamente, compreende que as condições de colocação no mercado são desiguais, sobretudo porque os pontos de partida e as possibilidades de ascensão não são equânimes. Além disso, o histórico familiar e as heranças recebidas são determinantes na colocação social dos indivíduos. Nessa medida, a renda individual é um resultado social, haja vista que sua distribuição reflete a assimetria de oportunidades e a influência que alguns estratos com poder político e econômico têm sobre as regras de distribuição e a tributação.
Sob esse pano de fundo, é possível levantar elementos que ajudam a compreender por que boa parte dos grupos jornalísticos brasileiros têm uma linha editorial de direita. A despeito de existir uma vasta pluralidade nas concepções teóricas de economia e de sociologia, os comentaristas, repórteres e analistas que expõem suas posições nos meios de imprensa de referência são, majoritariamente, de direita. Dessa maneira, a perspectiva que chega ao grande público pelos principais veículos transpassa a ideia de que existe apenas uma visão de mundo.
A “mídia” não conforma um grupo monolítico, há veículos de esquerda, sobretudo nos meios eletrônicos. Entretanto, as posições e as interpretações da realidade mais expostas nos principais canais de comunicação apontam que as soluções para os problemas sociais passam pela redução do Estado, pela redução de impostos, pela menor oneração tributária sobre as empresas, entre outros.
Adicionalmente, não é infundado aventar que há uma constante tentativa de denegrir políticas e governos de esquerda. Embora o público mais qualificado enxergue esse viés, todos os cidadãos deveriam estar a par de que os periodistas não são neutros. São de direita, por exemplo, Arnaldo Jabor, Bóris Casoy, Carlos Sardenberg, Demétrio Magnoli, Diogo Mainardi, Eliane Cantanhêde, Ferreira Gullar, Luiz Felipe Pondé, Merval Pereira, Miriam Leitão, Olavo de Carvalho, Rachel Sheherazade, Reinaldo Azevedo, Ricardo Amorim, Ricardo Noblat, Rodrigo Constantino, William Waack, entre outros tantos articulistas.
É preciso ter em mente que muitos donos das empresas de comunicação figuram entre as listas de famílias mais ricas do Brasil, encabeçada pela família Marinho. Isso ajuda a explicar as posições editoriais do Globo e da Folha de São Paulo a favor da PL 4330, abrindo caminho para a redução de direitos trabalhistas e dos salários. Em linha semelhante, o jornal O Estado de São Paulo se posiciona mais claramente como opositor aos governos de esquerda na América Latina.
A Editora Abril também reproduz a visão de mundo com base em interpretações de direita. O Instituto Millenium, que defende abertamente as posições de direita, tem entre seus patrocinadores grandes empresas de imprensa como Grupo RBS, Estadão e Abril.
A métrica das manchetes mostra de forma objetiva o viés existente. Para além do interesse desses grupos empresariais, é preciso observar que grande parte de seus anunciantes não deseja elevações salariais que comprometam seus lucros e tampouco avanços na justiça fiscal, pois eles seriam chamados a contribuir mais com o bem-estar coletivo. Além disso, no âmbito econômico, os entrevistados são representantes do meio empresarial, os quais, legitimamente, defendem seus interesses.
Pondera-se que o ethos jornalístico interfere na produção e no fluxo das informações. Normas profissionais também intermedeiam o processo de escolha das pautas. A toda sorte, as linhas editoriais estão mais translúcidas: há escassez de pluralidade na interpretação da sociedade exposta nos principais veículos do País.
O viés antiesquerdista atinge patamares elevados no momento atual. A constante perspectiva pessimista da realidade, o enfoque em problemas pontuais sem uma análise ampla das questões, a seletividade na ênfase de denúncias de corrupção, o diagnóstico de que o governo federal intervém demais e, no limite, a completa distorção dos dados estão explícitas.
É justificável a plena autonomia editorial dos meios impressos, já a radiodifusão é concessão pública e deveria ter um papel educativo e imparcial. Mesmo que se leve em conta que as suas crenças e seus os valores são do campo direitista, convém desnudar os interesses por trás dessa parcialidade. O que eles têm a ganhar com políticas econômicas e sociais de direita?
Esse último aspecto se justifica, sobretudo, pela compreensão de que o mercado funcionando livremente tende a concentrar riqueza. De um lado porque o capital influencia a remuneração e a condição do trabalho, e de outro, pelas distintas grandezas dos capitais, uns com mais escala do que outros, desencadeando em poder de mercado de grupos empresariais e capacidades competitivas assimétricas.
Nesse sentido, muitas das políticas apregoadas pelas forças de esquerda objetivam melhorar a repartição da renda e da riqueza. Elevação dos níveis salariais, estabelecimento de um salário mínimo, políticas de crédito para microempresas e tributação progressiva são pautas comuns a esse campo do pensamento.
Especificamente no caso do Brasil, a política tributária é regressiva e penaliza mais os pobres. Já as fatias mais ricas da população brasileira pagam menos impostos do que seus congêneres na maioria dos países. Para além desse ponto, a Operação Zelotes da Polícia Federal e o caso SwissLeaks indicam alguns caminhos utilizados pelos estratos com elevada renda para pagarem menos impostos.
A participação do salário, do lucro e a estruturação dos tributos são focos de divergências importantes entre a direita e a esquerda. Geralmente, aqueles que são mais ricos são contra a esquerda porque não querem contribuir mais com o bem-estar coletivo, por entenderem que sua renda/riqueza é fruto de seu esforço.
Já a esquerda, genericamente, compreende que as condições de colocação no mercado são desiguais, sobretudo porque os pontos de partida e as possibilidades de ascensão não são equânimes. Além disso, o histórico familiar e as heranças recebidas são determinantes na colocação social dos indivíduos. Nessa medida, a renda individual é um resultado social, haja vista que sua distribuição reflete a assimetria de oportunidades e a influência que alguns estratos com poder político e econômico têm sobre as regras de distribuição e a tributação.
Sob esse pano de fundo, é possível levantar elementos que ajudam a compreender por que boa parte dos grupos jornalísticos brasileiros têm uma linha editorial de direita. A despeito de existir uma vasta pluralidade nas concepções teóricas de economia e de sociologia, os comentaristas, repórteres e analistas que expõem suas posições nos meios de imprensa de referência são, majoritariamente, de direita. Dessa maneira, a perspectiva que chega ao grande público pelos principais veículos transpassa a ideia de que existe apenas uma visão de mundo.
A “mídia” não conforma um grupo monolítico, há veículos de esquerda, sobretudo nos meios eletrônicos. Entretanto, as posições e as interpretações da realidade mais expostas nos principais canais de comunicação apontam que as soluções para os problemas sociais passam pela redução do Estado, pela redução de impostos, pela menor oneração tributária sobre as empresas, entre outros.
Adicionalmente, não é infundado aventar que há uma constante tentativa de denegrir políticas e governos de esquerda. Embora o público mais qualificado enxergue esse viés, todos os cidadãos deveriam estar a par de que os periodistas não são neutros. São de direita, por exemplo, Arnaldo Jabor, Bóris Casoy, Carlos Sardenberg, Demétrio Magnoli, Diogo Mainardi, Eliane Cantanhêde, Ferreira Gullar, Luiz Felipe Pondé, Merval Pereira, Miriam Leitão, Olavo de Carvalho, Rachel Sheherazade, Reinaldo Azevedo, Ricardo Amorim, Ricardo Noblat, Rodrigo Constantino, William Waack, entre outros tantos articulistas.
É preciso ter em mente que muitos donos das empresas de comunicação figuram entre as listas de famílias mais ricas do Brasil, encabeçada pela família Marinho. Isso ajuda a explicar as posições editoriais do Globo e da Folha de São Paulo a favor da PL 4330, abrindo caminho para a redução de direitos trabalhistas e dos salários. Em linha semelhante, o jornal O Estado de São Paulo se posiciona mais claramente como opositor aos governos de esquerda na América Latina.
A Editora Abril também reproduz a visão de mundo com base em interpretações de direita. O Instituto Millenium, que defende abertamente as posições de direita, tem entre seus patrocinadores grandes empresas de imprensa como Grupo RBS, Estadão e Abril.
A métrica das manchetes mostra de forma objetiva o viés existente. Para além do interesse desses grupos empresariais, é preciso observar que grande parte de seus anunciantes não deseja elevações salariais que comprometam seus lucros e tampouco avanços na justiça fiscal, pois eles seriam chamados a contribuir mais com o bem-estar coletivo. Além disso, no âmbito econômico, os entrevistados são representantes do meio empresarial, os quais, legitimamente, defendem seus interesses.
Pondera-se que o ethos jornalístico interfere na produção e no fluxo das informações. Normas profissionais também intermedeiam o processo de escolha das pautas. A toda sorte, as linhas editoriais estão mais translúcidas: há escassez de pluralidade na interpretação da sociedade exposta nos principais veículos do País.
O viés antiesquerdista atinge patamares elevados no momento atual. A constante perspectiva pessimista da realidade, o enfoque em problemas pontuais sem uma análise ampla das questões, a seletividade na ênfase de denúncias de corrupção, o diagnóstico de que o governo federal intervém demais e, no limite, a completa distorção dos dados estão explícitas.
É justificável a plena autonomia editorial dos meios impressos, já a radiodifusão é concessão pública e deveria ter um papel educativo e imparcial. Mesmo que se leve em conta que as suas crenças e seus os valores são do campo direitista, convém desnudar os interesses por trás dessa parcialidade. O que eles têm a ganhar com políticas econômicas e sociais de direita?
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