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Em reportagens sobre corrupção, a maior dificuldade é produzir um conteúdo simples e didático. Por isso a mídia valoriza tanto os infográficos, que permitem ao leitor entender visualmente os esquemas denunciados.
A mídia usa o arsenal semiótico apenas quando lhe interessa. Quando os escândalos atingem o seu próprio campo político, como é o caso dos esquemas bilionários de sonegação (Swissleaks, Zelotes, sonegação da Globo), e agora esse da Fifa, aí não fazem nenhum infográfico.
Dão a notícia, porque não podem fingir que nada aconteceu, mas sem repercussão. Dão a notícia e abafam em seguida.
Chegará o tempo, e não vai demorar, em que a blogosfera também terá a sua central de produção de infográficos.
No post anterior sobre o assunto, intitulado “Bomba! As ligações entre a Globo e a máfia da Fifa“, eu apresentei uma série de documentos.
Mas talvez tenha faltado um pouco de didatismo.
Antes de continuar, recapitulemos resumidamente o escândalo. A corrupção na Fifa se dá, basicamente, através de propinas nos negócios de venda dos direitos de transmissão dos jogos. Ou seja, uma emissora de TV, como a Globo, paga propina a uma empresa conveniada à Fifa, e ganha o direito de transmitir a Copa do Mundo. Essa empresa distribuía o dinheiro para executivos da Fifa e demais agentes ligados ao negócio.
O brasileiro J. Hawilla foi preso pelo FBI nessas investigações, e confessou seus crimes. Reproduzo abaixo, trecho de matéria publicada na Folha há algumas semanas.
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A mídia usa o arsenal semiótico apenas quando lhe interessa. Quando os escândalos atingem o seu próprio campo político, como é o caso dos esquemas bilionários de sonegação (Swissleaks, Zelotes, sonegação da Globo), e agora esse da Fifa, aí não fazem nenhum infográfico.
Dão a notícia, porque não podem fingir que nada aconteceu, mas sem repercussão. Dão a notícia e abafam em seguida.
Chegará o tempo, e não vai demorar, em que a blogosfera também terá a sua central de produção de infográficos.
No post anterior sobre o assunto, intitulado “Bomba! As ligações entre a Globo e a máfia da Fifa“, eu apresentei uma série de documentos.
Mas talvez tenha faltado um pouco de didatismo.
Antes de continuar, recapitulemos resumidamente o escândalo. A corrupção na Fifa se dá, basicamente, através de propinas nos negócios de venda dos direitos de transmissão dos jogos. Ou seja, uma emissora de TV, como a Globo, paga propina a uma empresa conveniada à Fifa, e ganha o direito de transmitir a Copa do Mundo. Essa empresa distribuía o dinheiro para executivos da Fifa e demais agentes ligados ao negócio.
O brasileiro J. Hawilla foi preso pelo FBI nessas investigações, e confessou seus crimes. Reproduzo abaixo, trecho de matéria publicada na Folha há algumas semanas.
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Réu confesso, Hawilla colabora com o FBI desde o final de 2013
FABIANO MAISONNAVE, DE SÃO PAULO
04/06/2015 02h00
Um dos principais pivôs da investigação sobre a Fifa, o empresário paulista José Hawilla colabora com o FBI (polícia federal norte-americana) desde o final de 2013.
A partir daí, ele passou a usar grampo em conversas com outros envolvidos em esquemas de pagamento de propina e lavagem de dinheiro ligados a contratos de futebol, incluindo o então presidente da CBF, José Maria Marin, que está preso na Suíça há uma semana.
A Folha apurou que abordagem do FBI ocorreu logo após o próprio Hawilla, 71, ter sido gravado por outro envolvido. Em dezembro, ao final de cerca de um ano de colaboração, ele formalizou um acordo com Justiça pelo qual se declara réu confesso e se compromete a pagar US$ 151 milhões (cerca de R$ 473 milhões), dos quais o empresário já depositou US$ 25 milhões (R$ 78 milhões).
Hawilla é fundador e dono da Traffic, a maior empresa de marketing esportivo da América Latina. Seus negócios incluem também a TV TEM, afiliada da Rede Globo que transmite para 318 municípios do interior paulista.
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O problema da cobertura da nossa mídia é que ela tem omitido o principal: a corrupção se dava na intermediação da venda dos direitos de transmissão dos jogos. As emissoras que compravam esses direitos, portanto, são os corruptores.
Vários grupos de mídia já foram indiciados. No site Carta Maior, o colunista Antonio Lassance explicou: “O TyC Sports, canal de televisão argentino especializado em esportes, principalmente futebol, teve seu diretor executivo, Alejandro Burzaco, indiciado pela Justiça dos Estados Unidos, assim como Hugo Jinkis, presidente do grupo também argentino Full Play, que além de ser uma empresa que vende direitos de transmissão de eventos é uma empresa de mídia esportiva.”
Lassance também publicou um gráfico, que eu aditivei com logos de empresas indiciadas (Traffic) e suspeitas (Globo), para facilitar a compreensão do leitor.
O leitor brasileiro já entendeu o básico, conforme noticiado pela grande mídia: J.Hawilla é réu confesso. Foi preso pelo FBI e se tornou “delator” do esquema.
Como todo delator, Hawilla não é de todo confiável. Ele deve saber, por exemplo, que não pode delatar os verdadeiros chefões.
Não confio em delatores. Prefiro confiar em provas.
A mídia tem mencionado Hawilla como dono de afiliadas da Globo em São Paulo. A linguagem engana. Não é apenas isso. Hawilla é sócio dos Marinho em diversas empresas de TV.
Vamos às imagens, para o internauta ver com seus próprios olhos.
No contrato da TV Aliança Paulista, os nomes de Marinho e Hawilla estão juntos, via Lunar e Traffic. Observe abaixo:
A Lunar Investimentos e Participações pertence à família Hawilla, como se vê nesse trecho do contrato social da empresa:
As relações não páram aí. É muita treta ligando os Hawilla e os Marinho!
Não quero me estender muito para não cansar ou confundir os leitores. Só vou adiantar um outro assunto importante, que investigaremos mais tarde.
Conforme consta no contrato social da Traffic, um dos bancos que mais emprestou dinheiro à Traffic foi o ABC Brasil. São empréstimos volumosos: R$ 15 milhões aqui, R$ 8 milhões ali, R$ 5 milhões acolá. Agora adivinha quem é sócio desse banco, segundo informa o próprio site da instituição?
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O Banco ABC Brasil iniciou suas atividades em 1989, através de uma joint-venture do Arab Banking Corporation e do Grupo Roberto Marinho, da qual originou o Banco ABC Roma S.A., atuando em crédito corporativo e tesouraria. (…)
Em 1997, o Arab Banking Corporation adquiriu a participação acionária do Grupo Roberto Marinho, tornando-se o acionista controlador, e os executivos adquiriram participação minoritária, alinhando os interesses dos mesmos com os do controlador. Nesse mesmo ano, o nome do banco mudou para Banco ABC Brasil S.A., denominação mantida até o momento.
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Acho importante ressaltar que estou fazendo essa série de reportagens juntamente com amigos internautas, o que aliás é a praxe do blog. Os leitores estão sempre enviando sugestões de pauta ou mesmo me ajudando nas investigações.
Voltaremos ao assunto mais tarde. Quem quiser mandar email com algum tipo de colaboração, envie para migueldorosario@gmail.com.
PS: Sintomático que, nas duas últimas semanas, em que o escândalo da Fifa tomou conta das mídias do mundo inteiro, a Veja tenha dado as seguintes capas:
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