segunda-feira, 1 de junho de 2015

O rottweiler amoroso de Eduardo Cunha

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Por Altamiro Borges

Em seu mais recente livro, “Objeções de um rottweiler amoroso”, o jornalista Reinaldo Azevedo – que ficou conhecido como pitbull da “Veja” e ganhou o apelido de rottweiler logo após sua estreia na "Folha” – tenta abrandar sua imagem de hidrófobo. “Não me esforço para ganhar o afeto de estranhos e, sempre que acho relevante, parto para a briga. Mas falo, não rosno. Escrevo, não lato. Debato, não intimido”, explicou na sinopse do livro, que reúne as suas colunas no jornal tucano. De fato, Reinaldo Azevedo sempre foi bastante amoroso com FHC, Serra e outros reacionários de alta plumagem. Já com os seus adversários políticos, em especial contra o PT, não há como negar que ele rosna e baba raivosamente.

Agora mesmo, ele anuncia seu novo caso amoroso: o presidente da Câmara Federal. Nesta sexta-feira (29), ele demonstrou toda sua fidelidade canina ao famoso lobista. Em sua coluna na Folha, declarou: “Gosto da pauta – com exceções – e do estilo do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Há muito tempo não havia uma pessoa tão determinada e operosa sentada naquela cadeira, disposta a fazer uso das prerrogativas que lhe facultam a Constituição e as leis... Sim, eu sei que Cunha é um dos investigados da Operação Lava Jato. Caso venha a ser colhido por algo que eventualmente tenha feito (ou que não tenha) – e torço para que seja inocente –, será uma pena”.

O colunista da Folha até aplaudiu o golpe dado por seu novo herói para garantir o financiamento empresarial das campanhas. “Na terça passada, a Câmara Federal fez uma besteira e não deu os 308 votos necessários ao texto que constitucionalizava a contribuição de empresas a partidos e candidatos. Corrigiu, em grande parte, a tolice na quarta, permitindo tal modalidade de financiamento a partidos apenas, por 330 votos a 141. A imprensa, inclusive esta Folha, chamou essa votação de ‘manobra de Cunha’. Se me demonstrarem que não foi regimental, também chamarei. Como foi, manobra não é”. E concluiu: “Este texto trata do político que está acertando. Odiá-lo corresponde a odiar os fundamentos da própria democracia representativa. Enquanto as esquerdas não pegarem no berro, terão de se contentar com o berro. E com o voto”.

A declaração de amor assustou até outros jornalistas avessos às esquerdas e que “respeitam” Reinaldo Azevedo. Jorge Bastos Moreno, do jornal O Globo, criticou a sua defesa apaixonada de Eduardo Cunha. Em sua conta no Twitter, ele lembrou que o presidente da Câmara dos Deputados é um inimigo da liberdade de expressão. “Com o respeito que lhe tenho, sobre seu artigo, digo que ‘ódio à democracia’ é processar quem discorda da gente”, postou o colunista, que já sofreu 12 ações judiciais do lobista. “Como repórter, não odeio nem venero ninguém. Acredito ser esse também o papel de todos os jornalistas”, concluiu. O “rottweiler amoroso” não respondeu às críticas do seu amigo!

Em tempo: todas as menções aos cachorros não visam reforçar estigmas. Até porque diante de Reinaldo Azevedo, os pitbulls e os rottweilers são cãezinhos dóceis e, de fato, amorosos!

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