Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Prossegue em marcha batida a depredação do Brasil para livrá-lo de Dilma, da volta de Lula e de governos do PT. O juiz Moro forçou a mão para justificar a prisão dos presidentes das duas maiores empreiteiras, mas quem se arrisca a dizer isso? Este foi apenas um estrépito agudo dentro do bombardeio contínuo das estruturas políticas e econômicas do país. O governo tragado pela vertigem dos problemas, alguns criados por ele mesmo, ministra antitérmicos para uma infecção que se generaliza. A oposição, ao invés de se apresentar como alternativa responsável para o próximo rodízio, lança coquetéis molotov. O Congresso, enquanto isso, disputa nacos de orçamento e segue em sua agenda regressiva. Não sobrou ninguém, nenhuma espécie de “bom senso futebol clube” para fazer um chamado à razão. E depois do crash, quem juntará os cacos do Brasil espatifado para recomeçarmos?
A crise ainda vai piorar, ninguém sabe quanto vai durar nem aonde vai chegar. Neste ambiente, quem se arriscará a investir no Brasil?, perguntou o presidente da Mercedes Benz em entrevista ontem à Folha de S. Paulo. A presidente discutiu com seus ministros os efeitos nefastos das prisões sobre os leilões de concessões à iniciativa privada, a mais concreta iniciativa do governo para reanimar a economia. O ajuste fiscal de Levy vai sendo comido pelo Congresso e a crença dos agentes econômicos em seus efeitos se reduz.
O governo tem razão para temer pelo futuro das concessões. Se o juiz Moro já apresenta como uma das razões para a prisão dos dirigentes de Odebrecht e Andrade Gutierrez o risco de reiterarem “práticas corruptas”, quem vai querer enfiar a mão nesta cumbuca? Amanhã poderão ser acusados de terem vencido os leilões valendo-se de tráfico de influência ou pagamento de propinas. Moro foi longe. Prejulgou condutas empresariais em leilões que ainda nem estão marcados. Que nome tem isso senão presunção de culpa, embora a Constituição garanta a presunção da inocência até prova em contrário? Prova, e não delação premiada, disse o ministro Fachin, mas suas palavras caíram no grande vazio.
Os graúdos da superestrutura do poder não brigam sozinhos. Têm suas legiões, que estão por aí trocando socos verbais na Internet. Estamos a um passo das lutas corporais, como se viu no congresso do PT em Salvador, onde compareceram os ativistas de direita. Um deles, declarando que lá estava “para pegar o Lula”.
“Pegar o Lula” é a utopia dos adversários do PT, que poderiam estar se qualificando para ganhar o próximo round nas urnas. Poderiam estar minando o governo Dilma mas não detonando o país. Poderiam estar sangrando o PT mas não destruindo a crença que ainda resta na política e na democracia, da qual serão vítimas amanhã.
Pegar Lula é removê-lo da disputa de 2018 criminalizando sua atuação a favor de empresas nacionais, agindo como “mascate do Brasil”, como ele mesmo dizia quando era presidente e levava caravanas de empresários em suas viagens pelo mundo. Por tudo que representou sua presidência – na criação de um país socialmente mais decente e na projeção internacional de uma nação mais altiva seria aposta muito alta na autoflagelação nacional. Mas está em curso, e a inércia dos que poderiam defendê-lo, como o governo e o PT, ajudam a explicar seus recentes desabafos. Mas eles também só produzem mais manchetes para a mídia, dedicada a abrir todas as caixas de maldição.
Prossegue em marcha batida a depredação do Brasil para livrá-lo de Dilma, da volta de Lula e de governos do PT. O juiz Moro forçou a mão para justificar a prisão dos presidentes das duas maiores empreiteiras, mas quem se arrisca a dizer isso? Este foi apenas um estrépito agudo dentro do bombardeio contínuo das estruturas políticas e econômicas do país. O governo tragado pela vertigem dos problemas, alguns criados por ele mesmo, ministra antitérmicos para uma infecção que se generaliza. A oposição, ao invés de se apresentar como alternativa responsável para o próximo rodízio, lança coquetéis molotov. O Congresso, enquanto isso, disputa nacos de orçamento e segue em sua agenda regressiva. Não sobrou ninguém, nenhuma espécie de “bom senso futebol clube” para fazer um chamado à razão. E depois do crash, quem juntará os cacos do Brasil espatifado para recomeçarmos?
A crise ainda vai piorar, ninguém sabe quanto vai durar nem aonde vai chegar. Neste ambiente, quem se arriscará a investir no Brasil?, perguntou o presidente da Mercedes Benz em entrevista ontem à Folha de S. Paulo. A presidente discutiu com seus ministros os efeitos nefastos das prisões sobre os leilões de concessões à iniciativa privada, a mais concreta iniciativa do governo para reanimar a economia. O ajuste fiscal de Levy vai sendo comido pelo Congresso e a crença dos agentes econômicos em seus efeitos se reduz.
O governo tem razão para temer pelo futuro das concessões. Se o juiz Moro já apresenta como uma das razões para a prisão dos dirigentes de Odebrecht e Andrade Gutierrez o risco de reiterarem “práticas corruptas”, quem vai querer enfiar a mão nesta cumbuca? Amanhã poderão ser acusados de terem vencido os leilões valendo-se de tráfico de influência ou pagamento de propinas. Moro foi longe. Prejulgou condutas empresariais em leilões que ainda nem estão marcados. Que nome tem isso senão presunção de culpa, embora a Constituição garanta a presunção da inocência até prova em contrário? Prova, e não delação premiada, disse o ministro Fachin, mas suas palavras caíram no grande vazio.
Os graúdos da superestrutura do poder não brigam sozinhos. Têm suas legiões, que estão por aí trocando socos verbais na Internet. Estamos a um passo das lutas corporais, como se viu no congresso do PT em Salvador, onde compareceram os ativistas de direita. Um deles, declarando que lá estava “para pegar o Lula”.
“Pegar o Lula” é a utopia dos adversários do PT, que poderiam estar se qualificando para ganhar o próximo round nas urnas. Poderiam estar minando o governo Dilma mas não detonando o país. Poderiam estar sangrando o PT mas não destruindo a crença que ainda resta na política e na democracia, da qual serão vítimas amanhã.
Pegar Lula é removê-lo da disputa de 2018 criminalizando sua atuação a favor de empresas nacionais, agindo como “mascate do Brasil”, como ele mesmo dizia quando era presidente e levava caravanas de empresários em suas viagens pelo mundo. Por tudo que representou sua presidência – na criação de um país socialmente mais decente e na projeção internacional de uma nação mais altiva seria aposta muito alta na autoflagelação nacional. Mas está em curso, e a inércia dos que poderiam defendê-lo, como o governo e o PT, ajudam a explicar seus recentes desabafos. Mas eles também só produzem mais manchetes para a mídia, dedicada a abrir todas as caixas de maldição.
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