Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Provocou merecidas gargalhadas uma foto que circulou na internet. Nela, Bonner, num palco, aparece sob o que nos meio jornalísticos se chama de “missão” do Jornal Nacional.
Presume-se que Bonner estivesse falando a estagiários da Globo, ou algo do gênero.
O lado bom da imagem é que ela encheu de risos muitos brasileiros pelo completo ridículo de seu conteúdo.
Bem, ali está a palavra “isenção”.
O JN, segundo sua missão, se compromete a ser isento.
Em minha carreira, redigi muitas missões de revistas, e preciso fazer uma autocrítica. Foram provavelmente as piores coisas que escrevi.
A isenção do JN só aparece em sua missão.
Como seria escrita a missão do JN se o objetivo fosse retratar a realidade?
“Nossa missão é defender os interesses dos nossos patrões e de seus amigos e sócios.”
Pronto. Numa linha estaria tudo resolvido.
Nenhum jornalista do JN cometeria o pecado, por exemplo, de sugerir uma investigação que tivesse Aécio no centro.
Ou que falasse que sonegação é crime.
Ou mesmo que mostrasse o outro lado da discussão sobre a terceirização.
Declarações e princípios são realmente engraçados na mídia brasileira.
Entre no site da Veja e vá aos blogueiros. Ali, você vai encontrar as regras para fazer comentários.
Um deles me chama a atenção pela obtusidade profunda: você está proibido de escrever em caixa alta.
Quem inventou isso?
Mas o mais interessante é que a verdadeira regra que vigora não está escrita: você tem que concordar com o que os blogueiros escrevem, em qualquer circunstância.
Escreva polidamente como um diplomata, mas discorde da essência de um artigo: você não será publicado.
Tente, se quiser comprovar.
Algum tempo atrás, meu filho Pedro ficou incomodado com uma paulada gratuita que recebi de Reinaldo Azevedo por ter criticado Diogo Mainardi.
Inocente, garoto de bons propósitos, Pedro escreveu um email – educadíssimo — a Reinaldo Azevedo defendendo o pai.
Anos depois, Pedro está ainda esperando ser publicado.
Não é censura, naturalmente. Isto é para os outros. A direita quando censura não pratica censura. Lindo isso.
É assim que você vê centenas de comentários em RA com o milagre da unanimidade.
O dia a dia das empresas jornalísticas, nos últimos tempos, também é frequentemente tão cômico quanto as missões.
Ao assumir a presidência da Abril, o executivo Alexandre Caldini reuniu as principais lideranças da casa e disse: “Quem não acredita em revista pode deixar esta sala agora.”
Se a verdade imperasse, nem Caldini ficaria na sala.
Acabo de ler que a edição impressa europeia da Newsweek – outrora, durante décadas, a segunda maior revista do mundo, com circulação de mais de 3 milhões de exemplares – vai fechar.
Já é uma notícia banal na mídia: a morte de revistas. A rigor, já nem é notícia.
Passados alguns meses da posse de Caldini, provavelmente quase nenhum dos alegadamente crentes em revistas daquela reunião sobreviveu à dura realidade.
E eis a vida como ela é.
De volta ao tema inicial, a missão do JN, a turma da redação, como tolas não são tolas, sabem o que devem entender daquilo que lhes foi apresentado por Boner.
Não vou entrar na cabeça de Boner, mas imagino que ele também saiba qual a verdadeira missão do JN.
Se não sabe, é aquilo que um dia ele disse que os espectadores são: um Simpson.
Presume-se que Bonner estivesse falando a estagiários da Globo, ou algo do gênero.
O lado bom da imagem é que ela encheu de risos muitos brasileiros pelo completo ridículo de seu conteúdo.
Bem, ali está a palavra “isenção”.
O JN, segundo sua missão, se compromete a ser isento.
Em minha carreira, redigi muitas missões de revistas, e preciso fazer uma autocrítica. Foram provavelmente as piores coisas que escrevi.
A isenção do JN só aparece em sua missão.
Como seria escrita a missão do JN se o objetivo fosse retratar a realidade?
“Nossa missão é defender os interesses dos nossos patrões e de seus amigos e sócios.”
Pronto. Numa linha estaria tudo resolvido.
Nenhum jornalista do JN cometeria o pecado, por exemplo, de sugerir uma investigação que tivesse Aécio no centro.
Ou que falasse que sonegação é crime.
Ou mesmo que mostrasse o outro lado da discussão sobre a terceirização.
Declarações e princípios são realmente engraçados na mídia brasileira.
Entre no site da Veja e vá aos blogueiros. Ali, você vai encontrar as regras para fazer comentários.
Um deles me chama a atenção pela obtusidade profunda: você está proibido de escrever em caixa alta.
Quem inventou isso?
Mas o mais interessante é que a verdadeira regra que vigora não está escrita: você tem que concordar com o que os blogueiros escrevem, em qualquer circunstância.
Escreva polidamente como um diplomata, mas discorde da essência de um artigo: você não será publicado.
Tente, se quiser comprovar.
Algum tempo atrás, meu filho Pedro ficou incomodado com uma paulada gratuita que recebi de Reinaldo Azevedo por ter criticado Diogo Mainardi.
Inocente, garoto de bons propósitos, Pedro escreveu um email – educadíssimo — a Reinaldo Azevedo defendendo o pai.
Anos depois, Pedro está ainda esperando ser publicado.
Não é censura, naturalmente. Isto é para os outros. A direita quando censura não pratica censura. Lindo isso.
É assim que você vê centenas de comentários em RA com o milagre da unanimidade.
O dia a dia das empresas jornalísticas, nos últimos tempos, também é frequentemente tão cômico quanto as missões.
Ao assumir a presidência da Abril, o executivo Alexandre Caldini reuniu as principais lideranças da casa e disse: “Quem não acredita em revista pode deixar esta sala agora.”
Se a verdade imperasse, nem Caldini ficaria na sala.
Acabo de ler que a edição impressa europeia da Newsweek – outrora, durante décadas, a segunda maior revista do mundo, com circulação de mais de 3 milhões de exemplares – vai fechar.
Já é uma notícia banal na mídia: a morte de revistas. A rigor, já nem é notícia.
Passados alguns meses da posse de Caldini, provavelmente quase nenhum dos alegadamente crentes em revistas daquela reunião sobreviveu à dura realidade.
E eis a vida como ela é.
De volta ao tema inicial, a missão do JN, a turma da redação, como tolas não são tolas, sabem o que devem entender daquilo que lhes foi apresentado por Boner.
Não vou entrar na cabeça de Boner, mas imagino que ele também saiba qual a verdadeira missão do JN.
Se não sabe, é aquilo que um dia ele disse que os espectadores são: um Simpson.
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