Da coluna "Notas Vermelhas", no site Vermelho:
O jornal O Globo vem fazendo uma série de reportagens denunciando distorções no sindicalismo brasileiro. Na edição desta quinta-feira (23), O Globo publica, inclusive, um editorial dedicado ao tema, sobre o qual falaremos mais adiante. Desvios, abusos e roubos, é certo, existem no mundo sindical e os sindicalistas que lutam de verdade não só conhecem esta realidade como a combatem, assumindo todos os riscos que isto implica.
Seria, no entanto, excesso de ingenuidade acreditar que o sistema Globo estaria preocupado com o sindicalismo brasileiro. Lendo o relato que o jornalista Marcos Pereira faz para o Notas Vermelhas, sobre recentes acontecimentos no Sindicato dos Jornalistas do Rio, entendemos com que tipo de sindicalismo o sistema Globo sonha.
“Queremos receber menos” – O relato de Marcos Pereira
Realmente o mundo está de cabeça para baixo. Agora, trabalhadores querem receber menos do que deveriam. O que parece surreal está acontecendo entre os jornalistas do Rio de Janeiro, que estão em plena campanha salarial. Tudo começou quando foi aprovado o piso salarial no Estado, incluindo a profissão de jornalistas, de R$ 2.432,72, em jornadas de cinco horas. O governador do Rio aprovou o piso, mas excluiu os jornalistas. O projeto voltou para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que derrubou o veto, ou seja, o piso virou lei.
Foi então que o imbróglio tomou ares ainda mais surpreendentes. Em uma assembleia, jornalistas do sistema Globo, que nunca compareciam, desta vez foram e votaram em massa CONTRA o piso regional e aprovaram a proposta patronal de REDUÇÃO do valor, até o momento de R$ 1.600 para TV, de R$ 1.450 para rádio e de R$ 1.550 para jornais e revistas. A pressão dos chefes foi intensa, alguns até estavam presentes. Houve, inclusive, relatos do uso de carros da própria emissora. Vejam bem, quando é que o patrão deixaria o funcionário usar um veículo da empresa para uma assembleia sindical de trabalhadores?
Outros jornalistas se sentiram lesados e enviaram ofício ao Sindicato para que convocasse nova assembleia, quando foi decidido que o legislado é o patamar mínimo para negociação sobre o piso. A novela continua, pois a segunda assembleia desperta polêmica e persiste a confusão entre os jornalistas. De um lado aqueles capitaneados pelos patrões (Globo), de outro o Sindicato da categoria e os outros jornalistas.
Enquanto isso, as grandes redações de jornais e TVs continuam desrespeitando os trabalhadores, com o não pagamento de horas extras e outras irregularidades.
Os colegas dos Irmãos Marinho
O Marcos Pereira é mais prudente do que o redator destas Notas Vermelhas e preferiu, com louvável elegância, não dizer o óbvio: a rica Globo, cujos proprietários (irmãos Marinho) detêm a maior fortuna do Brasil, R$ 64 bilhões, coagiu seus profissionais da seguinte forma: “se formos obrigados a pagar o piso da lei (esta fortuna de R$ 2.432,72), vamos demitir vocês. O único jeito é o sindicato aprovar que aceita salários menores do que a lei obriga”.
O jornal O Globo vem fazendo uma série de reportagens denunciando distorções no sindicalismo brasileiro. Na edição desta quinta-feira (23), O Globo publica, inclusive, um editorial dedicado ao tema, sobre o qual falaremos mais adiante. Desvios, abusos e roubos, é certo, existem no mundo sindical e os sindicalistas que lutam de verdade não só conhecem esta realidade como a combatem, assumindo todos os riscos que isto implica.
Seria, no entanto, excesso de ingenuidade acreditar que o sistema Globo estaria preocupado com o sindicalismo brasileiro. Lendo o relato que o jornalista Marcos Pereira faz para o Notas Vermelhas, sobre recentes acontecimentos no Sindicato dos Jornalistas do Rio, entendemos com que tipo de sindicalismo o sistema Globo sonha.
“Queremos receber menos” – O relato de Marcos Pereira
Realmente o mundo está de cabeça para baixo. Agora, trabalhadores querem receber menos do que deveriam. O que parece surreal está acontecendo entre os jornalistas do Rio de Janeiro, que estão em plena campanha salarial. Tudo começou quando foi aprovado o piso salarial no Estado, incluindo a profissão de jornalistas, de R$ 2.432,72, em jornadas de cinco horas. O governador do Rio aprovou o piso, mas excluiu os jornalistas. O projeto voltou para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que derrubou o veto, ou seja, o piso virou lei.
Foi então que o imbróglio tomou ares ainda mais surpreendentes. Em uma assembleia, jornalistas do sistema Globo, que nunca compareciam, desta vez foram e votaram em massa CONTRA o piso regional e aprovaram a proposta patronal de REDUÇÃO do valor, até o momento de R$ 1.600 para TV, de R$ 1.450 para rádio e de R$ 1.550 para jornais e revistas. A pressão dos chefes foi intensa, alguns até estavam presentes. Houve, inclusive, relatos do uso de carros da própria emissora. Vejam bem, quando é que o patrão deixaria o funcionário usar um veículo da empresa para uma assembleia sindical de trabalhadores?
Outros jornalistas se sentiram lesados e enviaram ofício ao Sindicato para que convocasse nova assembleia, quando foi decidido que o legislado é o patamar mínimo para negociação sobre o piso. A novela continua, pois a segunda assembleia desperta polêmica e persiste a confusão entre os jornalistas. De um lado aqueles capitaneados pelos patrões (Globo), de outro o Sindicato da categoria e os outros jornalistas.
Enquanto isso, as grandes redações de jornais e TVs continuam desrespeitando os trabalhadores, com o não pagamento de horas extras e outras irregularidades.
Os colegas dos Irmãos Marinho
O Marcos Pereira é mais prudente do que o redator destas Notas Vermelhas e preferiu, com louvável elegância, não dizer o óbvio: a rica Globo, cujos proprietários (irmãos Marinho) detêm a maior fortuna do Brasil, R$ 64 bilhões, coagiu seus profissionais da seguinte forma: “se formos obrigados a pagar o piso da lei (esta fortuna de R$ 2.432,72), vamos demitir vocês. O único jeito é o sindicato aprovar que aceita salários menores do que a lei obriga”.
Assim, jornalistas da empresa, na maioria jovens em início de carreira, se prestaram ao triste papel de representar os mesquinhos interesses dos patrões, votando contra seus colegas e contra toda a categoria. Isso só torna mais escandaloso o cinismo do editorial do jornal O Globo intitulado: “Mundo dos sindicatos é um desafio à transparência”.
Editorial de O Globo – Um magnífico exercício de hipocrisia
No citado editorial, vemos em destaque a seguinte frase “O país venceu a superinflação, a ditadura militar e gerenciou com habilidade a redemocratização. Mas não consegue modernizar os sindicatos deixados por Vargas”. Não existe palavra suficientemente dura para adjetivar tanta hipocrisia junta. O país venceu a ditadura a qual a Globo apoiou, da qual a Globo se serviu e pela qual a Globo lutou politicamente até quando deu. E o que existe hoje de roubo e distorção nos Sindicatos é, em boa parte, herança direta da intervenção militar que afastou, prendeu, torturou e assassinou diversos sindicalistas de luta, para - com o entusiasmado incentivo do Sistema Globo - colocar em seus lugares vendilhões, pelegos e corruptos.
Editorial de O Globo – Um magnífico exercício de hipocrisia
No citado editorial, vemos em destaque a seguinte frase “O país venceu a superinflação, a ditadura militar e gerenciou com habilidade a redemocratização. Mas não consegue modernizar os sindicatos deixados por Vargas”. Não existe palavra suficientemente dura para adjetivar tanta hipocrisia junta. O país venceu a ditadura a qual a Globo apoiou, da qual a Globo se serviu e pela qual a Globo lutou politicamente até quando deu. E o que existe hoje de roubo e distorção nos Sindicatos é, em boa parte, herança direta da intervenção militar que afastou, prendeu, torturou e assassinou diversos sindicalistas de luta, para - com o entusiasmado incentivo do Sistema Globo - colocar em seus lugares vendilhões, pelegos e corruptos.
Em 1964, a edição do dia 27 de maio de O Globo registrava com satisfação o andamento das intervenções sindicais e dizia em reportagem que: “O Delegado Regional do Trabalho, Sr. Damiano Gullo, vem recebendo dezenas de relatórios remetidas pelas juntas governativas nomeadas para inúmeros sindicatos do Estado e que evidenciam as atividades subversivas a que as entidades de trabalhadores se vinham dedicando”. Alguns interventores (ou seus “herdeiros”) estão aí até hoje e milionários. Eles talvez pensem, ao lerem o editorial: “Ué, mas a gente só fez o que O Globo queria, na época, que a gente fizesse”.
Editorial de O Globo – Um magnífico exercício de hipocrisia II
Diz também o editorial – pretextando criticar o arcabouço trabalhista da era Vargas - que em 1930 “O país era ainda agrário, a indústria, incipiente e os trabalhadores necessitavam mesmo ter uma representação para negociarem condições e contrato de trabalho com o patronato”. Da mesma forma que só condenou o regime militar depois que a ditadura estava morta e enterrada e já não era mais, portanto, capaz de lhe beneficiar, é quase comovedor ver O Globo reconhecer, com quase 90 anos de atraso, que os trabalhadores devem ter seus representantes para brigar por seus interesses. Logo o sistema Globo que historicamente se coloca contra toda e qualquer conquista trabalhista (vejam no início destas Notas Vermelhas o que disse o sistema Globo quando do surgimento do 13º salário).
Editorial de O Globo – Um magnífico exercício de hipocrisia II
Diz também o editorial – pretextando criticar o arcabouço trabalhista da era Vargas - que em 1930 “O país era ainda agrário, a indústria, incipiente e os trabalhadores necessitavam mesmo ter uma representação para negociarem condições e contrato de trabalho com o patronato”. Da mesma forma que só condenou o regime militar depois que a ditadura estava morta e enterrada e já não era mais, portanto, capaz de lhe beneficiar, é quase comovedor ver O Globo reconhecer, com quase 90 anos de atraso, que os trabalhadores devem ter seus representantes para brigar por seus interesses. Logo o sistema Globo que historicamente se coloca contra toda e qualquer conquista trabalhista (vejam no início destas Notas Vermelhas o que disse o sistema Globo quando do surgimento do 13º salário).
O Globo propõe agora a “modernização” dos sindicatos. Como vimos pelo relato que nos enviou Marcos Pereira, sabemos aonde os Irmãos Marinho querem chegar. O sistema Globo - que em nome da democracia defendeu a ditadura e em nome do sindicalismo quer instituir a peleguice - age com a mesma ética sorrateira de uma serpente. Se bem que isso pode ser uma ofensa para as serpentes, que merecem todo o respeito, afinal só atacam para se proteger ou se alimentar e, além disso, para o veneno do sistema Globo, ainda não se encontrou um soro antiofídico. Mas este dia vai chegar.
... mas como tem gente com talento pra ser escravo nesta porcaria de Rede Globo corrupta assassina bandida...
ResponderExcluirMaldita gRoubo
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