Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
A carta de Aécio Neves a Eduardo Campos publicada na Folha não é ruim apenas pela pieguice - isso é, na verdade, o de menos.
O que fica patente, ali, é o uso político que Aécio faz de um morto que não tem como se defender, apelando para circunstâncias que jamais serão realmente comprovadas, já que algumas das “memórias” se referem a encontros solitários entre os dois homens.
Ali pelo meio o tucano relata o seguinte: “Estava me lembrando da nossa conversa no apartamento de sua mãe, dona Ana, no fim de 2013, quando, após uma apetitosa carne de sol, falamos da necessidade da correção de rumos na economia. Lembro-me que chegamos à conclusão de que deveríamos concorrer à Presidência em trincheiras próprias, para fortalecer as oposições, e de que nos encontraríamos mais adiante, para somarmos forças em um novo projeto de Brasil, caso um de nós dois viesse a ser vitorioso.”
Se de fato aconteceu desta maneira - ainda bem que Aécio não é historiador - é razoável imaginar que, hoje, Campos estivesse surpreso com o projeto do amigo. Dado o grau de intimidade alardeado por Aécio, talvez ele dissesse: seja menos moleque.
Aécio não apenas não foi vitorioso no pleito presidencial como, desde a primeira hora, age para desestabilizar a democracia.
Flerta com movimentos golpistas, alimenta paranoicos anticomunistas, virou irmão de Ronaldo Caiado, alia-se a indigentes mentais como os revoltados on line, Lobão et caterva. Foi à Venezuela com seis senadores, numa das “missões diplomáticas” mais estapafúrdias de todos os tempos, buscando eco na imbecilidade antibolivariana.
O que Eduardo Campos acharia da última aventura do companheiro? Para evitar Temer ou Cunha numa suposta queda de Dilma, o que propõem ele, Carlos Sampaio e Cássio Cunha Lima ao pessoal que está programando as manifestações de 16 agosto? Novas eleições.
Somente “um governo eleito pelo voto popular terá legitimidade para unificar o país e conduzir uma solução para a grave crise política, econômica e ética em que ele se encontra”, afirmou Cunha Lima numa coletiva.
O que fazer com a Constituição? Dane-se a Constituição. “Nós não vamos construir uma solução para o país apenas nos muros do Congresso ou no universo da política”, continuou Cunha Lima. “Não será com acordos e conchavos que encontraremos a saída para a gravidade da crise do país. Só mesmo trazendo a sociedade para construir a solução é que teremos legitimidade necessária”.
O senador Cunha Lima, cuja ficha corrida inclui a cassação do mandato de governador da Paraíba, declarou que Dilma prestaria um grande serviço ao país se renunciasse. A ação do PSDB no TSE é contra a chapa Dilma e Michel Temer.
O Eduardo Campos que Aécio descreveu, preocupado com os rumos da nação, cobraria uma posição sobre a bomba no Instituto Lula?
O projeto de Aécio é uma aposta no caos e numa solução imediatista e oportunista. Na crença bovina de que basta eliminar o PT para o Brasil virar a Finlândia - ou Belo Horizonte. Na adaptação das leis à sua vontade e à de seus apaniguados.
“Nesses dias de incertezas, Eduardo, sinto falta das nossas conversas francas, verdadeiras, em que falávamos do futuro com responsabilidade”, escreve Aécio.
O Eduardo real, fosse qual fosse, e o imaginado por Aécio Neves não mereciam esse tipo de homenagem às avessas.
O que fica patente, ali, é o uso político que Aécio faz de um morto que não tem como se defender, apelando para circunstâncias que jamais serão realmente comprovadas, já que algumas das “memórias” se referem a encontros solitários entre os dois homens.
Ali pelo meio o tucano relata o seguinte: “Estava me lembrando da nossa conversa no apartamento de sua mãe, dona Ana, no fim de 2013, quando, após uma apetitosa carne de sol, falamos da necessidade da correção de rumos na economia. Lembro-me que chegamos à conclusão de que deveríamos concorrer à Presidência em trincheiras próprias, para fortalecer as oposições, e de que nos encontraríamos mais adiante, para somarmos forças em um novo projeto de Brasil, caso um de nós dois viesse a ser vitorioso.”
Se de fato aconteceu desta maneira - ainda bem que Aécio não é historiador - é razoável imaginar que, hoje, Campos estivesse surpreso com o projeto do amigo. Dado o grau de intimidade alardeado por Aécio, talvez ele dissesse: seja menos moleque.
Aécio não apenas não foi vitorioso no pleito presidencial como, desde a primeira hora, age para desestabilizar a democracia.
Flerta com movimentos golpistas, alimenta paranoicos anticomunistas, virou irmão de Ronaldo Caiado, alia-se a indigentes mentais como os revoltados on line, Lobão et caterva. Foi à Venezuela com seis senadores, numa das “missões diplomáticas” mais estapafúrdias de todos os tempos, buscando eco na imbecilidade antibolivariana.
O que Eduardo Campos acharia da última aventura do companheiro? Para evitar Temer ou Cunha numa suposta queda de Dilma, o que propõem ele, Carlos Sampaio e Cássio Cunha Lima ao pessoal que está programando as manifestações de 16 agosto? Novas eleições.
Somente “um governo eleito pelo voto popular terá legitimidade para unificar o país e conduzir uma solução para a grave crise política, econômica e ética em que ele se encontra”, afirmou Cunha Lima numa coletiva.
O que fazer com a Constituição? Dane-se a Constituição. “Nós não vamos construir uma solução para o país apenas nos muros do Congresso ou no universo da política”, continuou Cunha Lima. “Não será com acordos e conchavos que encontraremos a saída para a gravidade da crise do país. Só mesmo trazendo a sociedade para construir a solução é que teremos legitimidade necessária”.
O senador Cunha Lima, cuja ficha corrida inclui a cassação do mandato de governador da Paraíba, declarou que Dilma prestaria um grande serviço ao país se renunciasse. A ação do PSDB no TSE é contra a chapa Dilma e Michel Temer.
O Eduardo Campos que Aécio descreveu, preocupado com os rumos da nação, cobraria uma posição sobre a bomba no Instituto Lula?
O projeto de Aécio é uma aposta no caos e numa solução imediatista e oportunista. Na crença bovina de que basta eliminar o PT para o Brasil virar a Finlândia - ou Belo Horizonte. Na adaptação das leis à sua vontade e à de seus apaniguados.
“Nesses dias de incertezas, Eduardo, sinto falta das nossas conversas francas, verdadeiras, em que falávamos do futuro com responsabilidade”, escreve Aécio.
O Eduardo real, fosse qual fosse, e o imaginado por Aécio Neves não mereciam esse tipo de homenagem às avessas.
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