Por Lúcia Rodrigues, na revista Caros Amigos:
A pesquisa desenvolvida pela professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Esther Solano, revela que as manifestações contra o governo federal vão além do ataque à presidenta Dilma e ao Partido dos Trabalhadores. Ela entrevistou pessoas que participaram dos protestos em março e abril na avenida Paulista, em São Paulo, e verificou que as criticas também atingem políticos da oposição.
“O descontentamento é geral. Perguntamos se eles confiam no PSDB, no Alckmin, no Aécio. São pouquíssimos os que confiam.” Sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e seu partido, o PMDB, a situação é a semelhante. “Ninguém confia.” As lideranças (da oposição) querem puxar um sentimento antipetista, mas no fundo a desconfiança é total, com todos os partidos e com o sistema. É mais grave do que se pensa”, adverte.
A docente também conta que os manifestantes não acreditam na imprensa. A única ressalva feita é em relação à revista Veja. “Também perguntamos sobre os jornalistas mais representativos para eles. Responderam (Rachel) Sheherazade e (Reinaldo) Azevedo. Aí se vê que tipo de jornalismo está informando essas pessoas”, lamenta. “O jornalismo intolerante, senso comum, preconceituoso. Dá para entender a mentalidade (dessas pessoas)...”
Mentiras
Ela cita uma série de mentiras que são consideradas verdades pelos manifestantes que vão para a rua gritar fora Dilma, fora PT. “Eles acreditam que o PCC é um braço armado do PT, que o filho do Lula é dono da Friboi, que a Dilma pagou para votarem nela. A desinformação política é total”, critica.
Espanhola de Madri, a professora da Unifesp, ressalta que não suporta o complexo de vira-latas que muitos brasileiros têm. “O programa Bolsa Família é modelo na Europa e aqui é criticado...” Esther conversou com a reportagem da Caros Amigos na tarde deste domingo, 16, quando participou de uma das mesas de debates da Jornada pela Democracia, organizada pela CUT e pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que ocorreu ao lado do Instituto Lula, no Ipiranga, zona sul da capital paulista. Dali ela seguiu para a avenida Paulista, para continuar a pesquisa.
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