Sérgio Moro. Foto: Abemd |
Sérgio Moro participou de um almoço-debate com quinhentos empresários em São Paulo. O tema era “Lições da Operação Mãos Limpas”. Aos 31 anos, Moro escreveu um ensaio sobre a famosa investigação na Itália. O texto está disponível na internet.
Foi, como se presumia, simplesmente um luxo. Falou do “fatiamento” da Lava Jato pelo STF. “Há um risco, sim, de que esses processos caiam no esquecimento”, acredita.
Lembrou do papel dos presentes: “A iniciativa privada tem um papel importante em dizer não ao pagamento de propina”.
Vendeu seu peixe de grande esperança branca. “O que se percebe é que havia uma certa naturalização da propina”, disse. “Não houve extorsão, houve uma naturalização do pagamento de propinas, o que é extremamente assustador”.
Alguém perguntou: “Pelos autos, a prisão do Lula é questão de tempo?” A audiência caiu na risada. “Não falo sobre investigação no futuro”, afirmou SM. “Não tem nem como começar a responder essa pergunta”.
Também declarou que não se sente “confortável” para responder se tem medo de ser assassinado (0 juiz italiano Falconi foi morto).
Acabou aplaudido de pé.
Sergio Moro, no entanto, não estava num congresso qualquer. A empresa que a organizou, a Lide, é de João Doria Jr.
Doria, por sua vez, não é um promoter qualquer, acima de qualquer suspeita, um cidadão preocupado com os corruptos que Moro anda “caçando”.
O tucano é candidato a candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB. Está em franca batalha pela indicação, pendurado nos favores de Geraldo Alckmin. Moro deve saber que Doria recebe um bom dinheiro do governo paulista em forma de anúncios para revistas que ninguém lê.
No total, 1,5 milhão de reais no espaço de um ano. Uma das publicações, uma enganação intitulada Caviar Lifestyle, levou 500 mil reais.
Moro também está ciente de que o anfitrião tem um cargo, do qual jamais cogitou se desligar, na CBF, um símbolo da sujeira nacional, cujos principais dirigentes estão sendo investigados pelo FBI.
Doria ganhou mais alguns pontos com a presença daquele que denominou, excitadíssimo, “novo herói brasileiro depois de Ayrton Senna” num telejornal da TV Cultura.
Ele iria a um convescote do gênero bolado por alguém de outro partido?
O jurista Dalmo Dallari, numa entrevista recente, fez questão de sublinhar que juízes como Sergio Morro são seres humanos e passíveis, portanto, de vaidade. A vaidade de Moro o impediu de achar inapropriado dar palanque a um político em campanha — porque, afinal, ele mesmo é apreciador de um palanque.
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