Por Altamiro Borges
Saiu na coluna da jornalista Mônica Bergamo na Folha deste domingo (12):
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Saiu na coluna da jornalista Mônica Bergamo na Folha deste domingo (12):
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não digeriu por completo as declarações de Fernando Henrique Cardoso sobre suposto pedido de parlamentares para que ele ocupasse uma diretoria da Petrobras no governo do tucano. O ex-presidente afirmou em um livro que negou o pedido porque o parlamentar "tinha trapalhadas".
"Fernando Henrique não precisa de escada em mim para poder promover o livro dele", diz Cunha. "Mas eu, por questão de educação, não vou remeter a fatos pretéritos da época em que eu estava na Telerj." O peemedebista presidiu a telefônica do Rio nos governos de Fernando Collor e no início do de Itamar Franco, em que FHC foi chanceler e ministro da Fazenda.
"Fernando Henrique não precisa de escada em mim para poder promover o livro dele", diz Cunha. "Mas eu, por questão de educação, não vou remeter a fatos pretéritos da época em que eu estava na Telerj." O peemedebista presidiu a telefônica do Rio nos governos de Fernando Collor e no início do de Itamar Franco, em que FHC foi chanceler e ministro da Fazenda.
O que seriam os tais "fatos pretéritos" de FHC que o famoso lobista alega conhecer? Várias suspeitas vêm à tona. Como presidente da Telerj, Eduardo Cunha acompanhou o processo da privatização das estatais no triste reinado do PSDB. O livro de Amaury Ribeiro Jr., "A privataria tucana", fornece farta documentação sobre as negociatas deste período - como as contas nos paraísos fiscais, as propinas recebidas por influentes caciques do PSDB e vários outros podres. No caso da entrega da estatal da telefonia, as maracutaias beiraram a "irresponsabilidade", como reconheceu um ex-ministro de FHC.
Será que Eduardo Cunha conhece algum podre da privataria tucana? Na própria Folha, o veterano jornalista Janio de Freitas não vacila em afirmar que os "fatos pretéritos" ajudam a explicar o apoio do PSDB ao presidente da Câmara Federal. No seu imperdível texto, intitulado Vozes da Moralidade, ele afirma que os tucanos têm duas razões básicas para blindar o lobista:
"Os taradinhos do impeachment preservam o presidente da Câmara porque esperam dele que instale a ação para a derrubada de Dilma e não têm pudor de dizê-lo... A outra vertente da proteção peessedebista a Eduardo Cunha veio dos mais velhos que ainda influem no partido. São remanescentes do governo Fernando Henrique. Ou seja, do escândalo das privatizações causado por grampos telefônicos que levaram à saída forçada de ministros e de outros do governo, comprometidos com fraudulências surpreendidas pelas gravações”.
O colunista inclusive dá pistas sobre os tais "fatos pretéritos". Lembra que a maior parte da armação para privatizar as estatais transcorreu no Rio de Janeiro, sede das empresas e do BNDES. "Tudo se passava, portanto, nos domínios territoriais e operacionais de Eduardo Cunha, presidente da Telerj, a telefônica estatal do Rio, no governo Collor de Mello e até a posse de Itamar Franco. Logo, nada de extraordinário que, pelas investigações ou por dedução, o circuito fechado do governo Fernando Henrique desse as gravações como obra de Eduardo Cunha, que em anos recentes já fora dado como responsável por grampos em série". Será que o lobista tem alguma gravação reveladora de FHC?
"Deus é suíço", ironizam os internautas
É possível que Eduardo Cunha, temendo ser cassado e até preso, esteja apenas fazendo ameaças para garantir a continuidade do apoio do PSDB. Afinal, sua situação é desesperadora. Na semana passada, o Ministério Público da Suíça revelou novos documentos que comprovam que o dinheiro do lobista e da sua esposa, Cláudia Cruz, passaram por 23 contas em quatro países. O objetivo seria o de ocultar a origem da grana ilegal, não declarada na Receita Federal. No total, as quatro contas já descobertas na Suíça movimentaram R$ 23,2 milhões. O fato detonou uma onda de ironias nas redes sociais. "Deus é suíço", brincam os internautas, lembrando que Eduardo Cunha se diz evangélico.
Para complicar ainda mais a sua situação, há provas de que o deputado Eduardo Cunha usou passaporte diplomático para abrir contas secretas na Suíça. A cópia do documento está entre os papéis entregues às autoridades brasileiras. Esse tipo de passaporte, de capa vermelha, garante tratamento especial no exterior e é emitido apenas para autoridades e pessoas que viajam em atividades de 'interesse do país'. No caso, ele foi utilizado para garantir os interesses do próprio lobista. Lógico, a revelação também virou motivo de chacota na rede. Para escapar das cruéis gozações dos internautas, Eduardo Cunha só tem um jeito. Revele logo os "fatos pretéritos" de FHC! Coragem, valentão!
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Há alguma coisa que não seja podre em FHC?
ResponderExcluirQuanto FHC pagou a viúva do Serjao, para ficar com toda a fazenda que ele dizia que foi comprado na meia com ele?
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